A insustentabilidade da Sunew Filmes Fotovoltaicos Impressos S/A, fábrica de filmes para geração de energia solar OPV (sigla em inglês para organic photovoltaic), parece interessar ao principal acionista, a BNDESpar. Os donos da fábrica, em Belo Horizonte, farão Assembleias Gerais Ordinária (AGO) e Extraordinária (AGE), dia 13/06. Na pauta, uma ameaça se renova, desde dezembro: sem aprovação da proposta do aumento de capital (R$ 2 milhões a R$ 12 milhões), votação da liquidação.
As convocações das assembleias da Sunew viraram, porém, uma babel de cancelamentos, reconvocações, retiradas e/ou acréscimos de itens. Beiram o descrédito.
O item IV da próxima AGOE é claro, mais uma vez, o indesejável, pela relevância da Sunew: “caso o aumento de capital não seja aprovado, deliberar sobre o encerramento das operações da Companhia e início do seu processo de dissolução e liquidação, nomeação do Liquidante para proceder à liquidação da Companhia, decisão sobre a instalação ou não do conselho fiscal para acompanhar o processo de liquidação” (sic).
Na postura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), controlador da BNDESpar, também de repetidas negativas à injeção de mais capital, uma coisa parece certa: a película orgânica e flexível para painéis fotovoltaicos da Sunew incomoda às companhias hidrelétricas. O produto pode facilitar projetos delas, mas, também, o surgimento de concorrentes. As hidrelétricas são grandes clientes do banco.
A Sunew foi criada em 2014 pelo CSEM Brasil. Teve suporte do BNDES. O CSEM, que trouxe a tecnologia suíça, surgiu em 2006, em projeto da Fir Capital com o CSEM SA – Centre Suisse d’Electronique et de Microtechnique.
Se o Governo facilitar, o OPV significa chance de aceleração exponencial de geração local. Ou seja, com tributos mais brandos e linhas de crédito, os consumidores domésticos serão agressivos na geração própria. Além disso, comercializarão sobras nas redes das distribuidoras. Isso ocorre. Mas, por enquanto, a base residencial é traço minúsculo na matriz energética solar. Em contrapartida, comércio e a indústria avançam facilmente, graças às facilidades de toda ordem.
O consumidor residencial é exatamente o mais impactado nas crises energéticas. Contra ele, por exemplo, peso da maior fatia nas tarifas extraordinárias nas estiagens, acionamentos das caras UTEs (térmicas a diesel) e recomposições de custos do setor elétrico.
As geradoras hidrelétricas atuam pesado em fontes alternativas – eólico e solar. Mesmo assim, nas usinas solares, não criaram carteira relevante com a fábrica mineira.
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A tecnologia do OPV foi desenvolvida sob licença pelo laboratório CSEM Brasil. A Sunew iniciou a produção 2015.
Apesar do avanço, a produção é mais cara que a das placas de silício. Ou seja, outra barreira para subir rapidamente em telhados e fachadas nas placas de geração de energia solar nas residências.
A Sunew é uma sociedade anônima de capital fechado. Portanto, não sujeita às mesmas obrigações das companhias abertas nas publicações legais, incluindo atas das assembleias. Isso, então, dificulta o entendimento público, de pronto, nessa peregrinação a que é submetida. Claro, infla a cesta de perguntas.
O BNDES, ultimamente, nas raras referências à Sunew, não demonstra interesse pelo projeto. Com a atual onda de privatizações e desinvestimentos pelo Governo, então, a fábrica vira um grão na mesa das decisões do banco.
Descaso, aparente, do BNDES, no entanto, se contradiz com a importância dada à fábrica em relatórios oficiais, tais como:
Exatamente há três anos, durante o Energy Solutions Show, em São Paulo, 28 e 29 de maio de 2019, o então presidente do BNDES, Joaquim Levy, esteve no stand da Sunew. Levy ouviu do diretor-presidente da fábrica, Tiago José Alves, detalhes sobre as vantagens do revolucionário filme OPV na geração de energia alternativa. Mas, quinze depois, largou o banco.
Entre os tantos ganhos de competitividade estão: aplicação sobre qualquer tipo de superfície, resistente à trepidação, leveza, transparência (a luz atravessa) etc. Portanto, com enorme apelo “É capaz de reter aproximadamente 99% da radiação ultravioleta e 95% dos raios infravermelhos”, enfatizou o executivo.
Mas, esse leque parece pouco para sensibilizar ao BNDES, Finep (agência de fomento do Ministério de Ciência tecnologia da Inovação) e demais acionistas. Ou seja, caminham a passos largos em um retrocesso dentro daquilo que está visível ao público: vida e morte de uma ilha de primeiro mundo em P,D&I no país.
O Governo de Minas Gerais, que incentivou o CSEM, e entidades de classe da indústria como a CNI e Fiemg não saíram em defesa pública pela continuidade da Sunew.
A Prefeitura de Belo Horizonte segue em mesma rota, mesmo com o atual prefeito, Fuad Jorge Noman Filho, não sendo leigo no setor energético. Ele presidiu a Gasmig, uma controlada do Grupo Cemig.
Tanto o CSEM quanto a Sunew estão em mesmo site do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) do Senai/Fiemg.
O capital social da Sunew, 12/03, era de R$ 46.860.767,00. A principal atividade da companhia é a fabricação de componentes eletrônicos. Como secundárias, o comércio desses itens e de equipamentos de telefonia e comunicação. Além disso, a “pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e naturais”.
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Nunca mais houve noticias desse paradeiro da Sunew? Sei que ela ainda está aberta em 2023, mas isso é sinônimo de que está mais estável e passou pelo risco de ser liquidada? O avanço de investimento publico do novo governo mudou alguma coisa?