Política

Cadeirada de Datena quebrou todos os telhados

O debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo, domingo (15/09), na TV Cultura, não se resume ao plus da cadeirada. Vai, pois, muito além de agressor e agredido. O caminho do rosário de péssimos candidatos indicados por partidos chega a Marte, deixando quebrados urnas, Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Congresso Nacional.

Será sempre lugar comum bater na tecla de que no Brasil é assim por falta de cultura do povo. Essa desculpa só tem uma função: normalizar nova modalidade nas relações entre debutantes a político com requintes de selvageria.

O ápice do caldeirão, palavrões e as vias de fato (sem doublés), dos candidatos Pablo Marçal (PRTB) e Luiz Datena (PSDB) só o DataFolha não previu.

Os dois não têm propostas de administração pública. Mas, isso, também, pouco interessa. Eleitor, depois da derrota de seu time de futebol, quer mesmo é abrir uma cerveja e assistir, mesmo, cadeirada e seus splits. Troca, sim, discursos por uma giroflex voando nas asas de um peso-pesado olímpico.

A baixaria da dupla Marçal-Datena não é, portanto, para indignação, mas, até mesmo, celebração! Esses protagonistas da queimada de mais uma página da ética em política foram habilitados em pedidos dos seus partidos. Coube ao TSE a entrega dos alvarás.

O TSE, em resumo, autorizou se apresentarem ao eleitorado da cidade mais importante das Américas do Sul e Central. E fez o mesmo em favor de outros por milhares de cidades do país.

Ausência do TSE para avaliar o pós-debate na TV Cultura assombra. Mas não surpreende mais.

Cadeirada tem maternidade no Congresso

O Tribunal, o Judiciário, todavia, precisou também de um alvará. O papel, com timbre do brasão República Federativa do Brasil, foi repassado pelo Legislativo (Câmara e Senado). Nele, os políticos brilham em causas próprias. E fazem isso com aposta certeira da passividade e desconhecimento de quem vota.

Não culpem, então, a falta de cultura daqueles que seguem cordeirinhos a caminho das urnas. Mas um Judiciário medroso e Legislativo dos casuísmos.

A imprensa, no geral, se contenta com a simples reprodução do factual. Algo desnecessário, pois, a cadeirada foi ao vivo. Deveria se ocupar com as raízes dos atrasos deste brasilzinho.

*Título original: Cadeirada nas urnas, TSE e congresso

Nairo Alméri

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