Anotem aí: em agosto de 2025, 2026,… 2033, o fogo destruirá tudo novamente. Esse o cotidiano na estação seca, inverno e primavera, no Sudeste e Centro-Oeste do país. Reprise, então, da absoluta ausência de política pública ambiental em todos os níveis.
Esses desastres nascem no buraco eterno da falta de cultura da população pela preservação. Mas, pesam, e muito, ganâncias do empresariado da mineração, do agribusiness (agricultura e pecuária) e exploração imobiliária.
Nesta temporada 2024, em Minas Gerais, as queimadas em parques estaduais e federais e fora dessas áreas batem tristes recordes. É o que apontam as estatísticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Desde ontem de terça (20/08), no município de Brumadinho, equipes do Corpo de Bombeiros de MG, agentes estaduais e brigadistas combatem colunas de fogo em vários pontos na Serra da Moeda. As chamas, numa avaliação a olho nu, devem ter destruído algumas dezenas de hectares da vegetação dos biomas Cerrado e Mata Atlântica.
Clube de Belo horizonte registra com ilustrações botânicas espécies da Mata Atlântica e do Cerrado.
O combate foi retomado, na manhã desta quarta (21/08), com apoio de um avião e um helicóptero. Das aeronaves era lançada água nas linhas das chamas, que se expandiam rápido, favorecidas pela vegetação rasteira seca. No retorno dos equipamentos para os reabastecimentos, o fogo seguia em frente. Está desigual a coisa.
Por volta do meio-dia, fogo dobrou o cume da Serra da Moeda, para vertente do município de Nova Lima. À tarde, houve reforço, pois, ficou menor o espaço de tempo da presença de avião no combate.
A linha do fogo avança, até o momento desta publicação, em direção à nascente Mãe D’Água. Está a poucos quilômetros do mirante Topo do Mundo, nos lugarejos de Carneiro e Campinho. Nela, a Prefeitura faz a captação para o abastecimento de moradores do entorno. Estão inseridas também populações de Córrego Ferreira e Palhano e de vários condomínios residenciais fechados.
O que se repete na Serra da Moeda serve como exemplo ao claro descaso e à falta de políticas sérias de preservação das centenas de extensas áreas verdes no Estado. A Serra da Moeda, de enorme relevância à fauna e flora, tem um dos pontos extremos a 10 km de Belo Horizonte, ou seja, sob a janela do gabinete do governador Romeu Zema (Novo).
Em paralelo à BR-040, a Serra da Moeda se estende ao longo de vários municípios do Vale do Paraopeba, até Congonhas, no sentido do Rio de Janeiro. Importantes grupos econômicos da mineração e siderurgia, como a Vale, Gerdau, Vallourec (antiga Mannesmann) e CSN, extraem minério de ferro nessa serra. Há décadas, destroem o ambiente local.
Essa exploração predatória ao ambiente se dá, porém, com a conivência do conjunto dos órgãos ambientais (federais, estaduais e municipais). Se soma à essa triste aquarela a minúscula e esporádica presença dos agentes dos Ministérios Públicos (MPF e MPE).
O conjunto das áreas verdes e nascentes da Serra da Moeda não tem estatus de parque. Fica, portanto, mais fácil para as mineradoras e imobiliárias agirem impunes. Detalhe: as mineradoras citadas têm ações do capital social registradas em Bolsas de Valores, Nyse e B3 (Bovespa). Com as Bolsas, assumem compromissos globais de preservação ambiental.
Incêndio de grandes proporções no Topo do Mundo causa interdição na BR-040
Vallourec e Vale, o medo brota no alto da Serra da Moeda
Maiores aliados do poder econômico, entretanto, são os eleitos para as Câmaras de Vereadores e a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG). A história do jornalismo (reportagens em jornais, revistas, rádios, tvs e sites) de Minas Gerais é rica em fatos nesse aspecto. Quem duvidar, que recorra ao auxílio da veloz Internet.
É feia a situação outras localidades de Minas Gerais. Um alívio, entretanto, veio com a notícia de que os brigadistas conseguiram debelar focos de incêndios na área do Parque Nacional da Serra do Cipó.
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