Usiminas não larga choro do dumping da China. Brasília, porém, dá mais importância para o caixa chinês disponível. Imagem ilustrativa de bobina de aço da siderúrgica de Ipatinga (MG), no Vale do Aço - Crédito: Twitter/Usiminas
A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) segue em peregrinação com o principal equipamento de redução de minério de ferro, o Alto-Forno No 3 (AF-3). Primeiro, a novela da partida na reforma, em abril. Depois, vencidos 90 dias de praxe nessas obras, abriu a temporada dos seguidos adiamentos no seu retorno à produção de gusa de aciaria.
Há duas semanas (27/10), novo prazo oficial: “Reforma do AF#3 – Obra finalizada e início das operações nos próximos dias”. Isso consta nos relatórios dos resultados do 3T23, enviados à Bolsa de Valores e de apresentados aos “analistas/agentes do mercado”. Neles, a Diretoria da usina projetou vendas, no 4T23, de 900 mil t a 1 milhão t de aços.
A projeção, certamente, considera volumes em contratos celebrados ainda no trimestre anterior, para cumprir no curto prazo. Nos últimos anos, as indústrias de manufatura de produtos expedidos pela Usiminas abandonaram tendências de consumo para médio e longo prazos. Se tornaram, portanto, mais atentos aos reflexos de mudanças motivadas em fatos econômicos e políticos de governos – crises, guerras etc.
Mas as mudanças se acentuaram na fase aguda (2020/21) da recessão global da Covid-19. A indústria consumidora de produtos siderúrgicos, ao refazer estoques, passou a exibir outro viés. Trocou a formação de estoques médios de um quadrimestre de produção para até um bimestre, dependendo do volume do item nos contratos.
Não abandonou, entretanto, a China como termômetro (ver matérias dos links abaixo) da economia mundial. Foi naquele país asiático que surgiu a Covid-19 – admitida em dezembro de 2019.
Os gráficos das instituições dos produtores de aços, no Brasil e exterior, certificam que o AF-3 não fez tanta falta numa produção a mais da Usiminas. E isso, claro, incomoda investidores com ações da empresa em seus portfólios, pois, a reforma arranha nos R$ 3 bilhões.
A siderúrgica de Ipatinga fornece chapas grossas, laminados a quente e a frio e galvanizados.
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A Usiminas foi inaugurada pela União em outubro de 1962.
No exercício fiscal de 2019, a Usiminas produziu 4,064 milhões t de aço e 7,389 milhões t de minério de ferro. As vendas, respectivamente, somaram 4,1 milhões t (4,198 milhões t, em 2018 – Ipatinga e Cubatão/SP) e 8,6 milhões t (6,474 milhões t).
Em 2022, a companhia, produziu 2,7 milhões t de aço e 8,9 milhões t de minério. As vendas físicas foram, respectivamente, de 4,233 milhões t (4,823, em 2021) e 8,641 milhões t (9,023 milhões t). Quando as expedições superaram os volumes de produção, significa, portanto, que a companhia usou estoque. É comum, também, siderúrgicas irem mercado se abastecer para atender clientes.
A siderúrgica do Vale do Aço encerrou os 9M23 (janeiro-setembro) com R$ 20,856 bilhões em receitas líquidas com aços, minério de ferro e serviços. Portanto, retração de 16% nominais frente aos 9M22 (R$ 24,810 bilhões). Nos períodos comparados, o lucro líquido amargou extraordinária queda de 77%, de R$ 2,932 bilhões para R$ 666 milhões.
Em 2022, pelo segundo exercício fiscal consecutivo, a diretoria da Usiminas fez festa para o desempenho financeiro. A receita líquida consolidada nas vendas (aços, minério e serviços) fechou em R$ 32,471 bilhões (“… segunda maior da história” – Relatório de Sustentabilidade 2022). O lucro líquido foi de R$ 2,093 bilhões. (“…segundo maior dos últimos 14 anos”) e, o EBITDA (sigla em inglês para resultado antes dos impostos), de R$ 4,905 bilhões (“… segundo maior dos últimos 14 anos”). No exercício de 2021, os resultados, respectivos, foram: R$ 33,737 bilhões, R$ 10,060 bilhões e R$ 12,830 bilhões.
De janeiro a setembro, a Usiminas reportou vendas de 3,28 milhões t de aço. Em minério de ferro, foram 6,672 milhões t.
Considerando a projeção em aço neste trimestre, expedições de até 1 milhão t, e que se mantenha o patamar em minério do 3T23 (2,4 milhões t), a companhia gera, portanto, expectativa de receitas líquidas ao redor de R$ 29,1 bilhões. Superar 2022, entretanto, no momento, não encontra sustentação no radar de do mercado de consumo.
O AF-3 é o maior da siderúrgica mineira. Entretanto, esse voltar “por estes dias” (a produzir ferro-gusa) fará um singelo traço no balanço da produção da usina em 2023. Mas, como se diz no jargão do mercado da Bolsa de Valores, o equipamento vai “andar de lado” no resultado deste exercício fiscal.
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