Economia

Almirantes do capitão Bolsonaro encalham no Paranoá

As Forças Armadas, até aqui, não aplicaram no Governo Jair Bolsonaro a expertise competitiva das academias militares. Os almirantes, pelas expectativas, não deslancharam. Como se diz na caserna, ainda não apresentaram armas.

Mesclando fardados e civis de baixa credibilidade, o Planalto é uma carroça com rodas quadradas. Coleciona vexames nas decisões internas e internacionais, principalmente nas econômicas e sociais. Além disso, não cria tratados militares e rasgou o histórico da diplomacia.

O Brasil não é parceiro em iniciativas pela humanidade nem possui projetos econômicos internos desafiadores. No 31 de dezembro, portanto, o Governo Bolsonaro, em eventual retrospectiva, não terá, portanto, protagonismo algum para listar. Os seus generais, almirantes e brigadeiros vivem embolados em “missões” fora da rota dos anseios da sociedade.

De qualquer forma, há sinal de fumaça de uma guinada na caserna privada do Planalto. As prováveis mudanças em Brasília abrirão mais espaços à Marinha em atribuições das pastas civis, apesar do pouco resultado dos almirantes. Mas, em contrapartida, será maior a cobrança. E virão após a posse na ANP.

Atrasos nas commodities do mar

O almirante-de-esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior chegou no Ministério de Minas e Energia junto com Bolsonaro. Mas, até hoje não materializou a expectativa por decisões rápidas, principalmente na exploração mineral no fundo do Atlântico.

Bento não teve atitude firme no rompimento de barragem de rejeitos da Mina Córrego do Feijão, da Vale S.A., em Brumadinho (MG). A tragédia, em 25/01/2019, causou 270 mortes.

Todavia, o saldo negativo da pasta não cabe na conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) o apagão da pasta.

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Anvisa contra imunização do povo

A Marinha sentou praça também na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em sua intervenção, Bolsonaro empossou como presidente o contra-almirante Antonio Barra Torres. Levou consigo vasta experiência na gestão hospitalar da esquadra.

Mas, Antonio Barra é obrigado a manter hasteada a bandeira negacionista do bolsonarismo. E, portanto, exerce empenho máximo pelo atraso na imunização da população contra a Covid-19. Todavia, sua nau, entrou no radar da mira dos canhões da sociedade e da opinião pública internacional.

Essa obediência cega a Bolsonaro, então, contribuiu para transformar o Brasil em um dos mais crônicos sanatórios do planeta nesta pandemia. O presidente, claramente, inibe atuação de competências em laboratórios da Fiocruz, Butantan, CDTN, Funed e do próprio Aramar (Centro Tecnológico da Marinha). E tantos outros.

ANP algemada às eleições

Na quarta (23/12), foi encerrada a vacância na cadeira de diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O almirante Rodolfo Henrique de Saboia assumiu. Ele é bacharel em ciências navais e dono de extenso currículo em pós-graduações que convergem para área da inteligência. Bom mesmo para o país seria que não se curvasse aos presépios das gestões passadas. Se não cair em alguma tempestade, poderá ficar no barco por quatro anos.

ANP sempre foi conduzida para administrar preços dos combustíveis nos pontos de varejo. Mas, focada nos calendários eleitorais do Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Portanto, com a gasolina, diesel e GNV abastecendo os votos do Planalto. A agência faz bem, não se pode negar, a missão burocrática primária de lançar editais com ofertas de novos campos. Mas, com todo respeito, até o porteiro em escola municipal de Paracambi (RJ) consegue.

Gasoduto Gasbol. Foto: Petrobras/Aquivo

Enquanto isso, a ANP adormece sobre desafios complexos e importantes. Alguns, catalogados há tempos, como, por exemplo, recuperação eficiente dos gases nobres contidos em moléculas do gás natural. Atualmente, são queimados nos motores veiculares, caldeiras de fábricas, UTEs (usinas termelétricas) de geração de energia, siderúrgicas, etc.

Ou seja, há também no barco da Marinha um Brasil parado.

Pazuello, um general de recados

Os quatro-estrelas do Exército, desaprenderam rápido as aulas no Instituto Militar de Engenharia (IME) e na Escola de Comando do Estado-Maior do Exército (ECEME). O ministro-chefe da Casa Civil, general de Exército Walter Braga Netto, é o símbolo maior da maré baixa dessa Força. Bolsonaro até o colocou em quarentena. Mas, isso só veio depois de colecionar enciclopédia de atritos no Ministério: contribuiu para saída de alguns, deslocamentos de outros e censuras em público.

O ministro da Saúde, general de Divisão Eduardo Pazuello, que poderia ser estrela de maior brilho do Exército no Ministério, tem medo do capitão. Mesmo sendo especialista em logística, não se posiciona em defesa da saúde do povo. Pegou Covid-19. Atua, portanto, como mero menino de recados do Bolsonaro (também teve a infecção) sobre aquilo que a Anvisa fará ou deixará de fazer.

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Exército não protege Amazônia

O vice-presidente da República, general de Divisão Antônio Hamilton Martins Mourão, também virou as costas para o país. Mestre em Operações e doutor em Ciências Militares, não defende as causas nacionais. Permite, por exemplo, a destruição da Amazônia por queimadas criminosas e rodas dos tratores de madeireiros e de empresários do agronegócio. Mesmo assim (ou por isso), continua presidente do Conselho Nacional da Amazônia. O Conselho foi instalado, em abril, com 15 coronéis (12 do Exército e três da Aeronáutica), dois majores-brigadeiros e um brigadeiro, conforme detalhou, em abril o Portal Uol. Ou seja, ao todo, com Mourão, 19 militares e sem participação do Ibama e Funai.

Mourão se acomoda no fato de não poder ser demitido (foi eleito) pelo capitão.

O vice pegou a Covid-19. Mas, recebe excelentes cuidados sem sair do Palácio do Jaburu. Se piorar, certamente, será removido, em jato-UTI, para tratamento vip em no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O Tesouro Nacional, o povo, banca. Bolsonaro, ministros (incluindo os tribunais), governadores, prefeitos, senadores, deputados etc também foram curados com atendimentos de primeira.

Enquanto isso, milhares de cidadãos morrem sem atendimento e/ou assistência precária. Os vivos não sabem quando e como será a vacinação.

Fogo de palha da Aeronáutica

Os brigadeiros da Aeronáutica, por sua vez, não se deram conta de que dormem em um Paulistinha sem combustível. O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos César Ponte, não decolou. Pontes mescla patente de tenente-coronel com uma lapada de astronauta e suplente raso (2º) de senador (PSL-SP).

Mas o teco-teco do diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Darcton Policarpo Damião, também saiu da pista. Bolsonaro desmente, todos os dias, documentos do instituto. Além disso, obrigado a aspirar toda fumaça das queimadas na Amazônia permitidas pelo general Mourão.

Ninguém vai esconder nada, dado nenhum, até porque não se consegue fazer isso“, disse coronel no dia da confirmação da indicação. A bravata foi em intervalo de aula no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), quando soube do ato de nomeação. Em tese, Darcton seria subordinado ministro-astronauta, que não consegue emplacar sequer uma simples mistura de água e sal.

Nairo Alméri

Ver Comentários

  • Se fossem um ou dois milicos de alta patente dando vexame, eu até poderia acreditar ser a exceção que confirmasse a regra.

    Mas não. É a verdadeira regra aparecendo: nossa formação militar é um lixo.

    Como diria Geisel, que entendia como ninguém do riscado e até colocou alguma ordem na caserna, ou seja, na baderna: "Ainda bem que a gente não tem guerra aqui!"

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