BNDES chegou a aportar 33% dos quase R$ 1 bilhão (valor histórico) investidos Unitec, em Ribeirão das Neves (MG) - Crédito: Divulgação/Facebook
O BNDES e a Finep, caso decidam pelo fim dos aportes na Sunew Filmes Fotovoltaicos Orgânicos S.A, na AGE de 28 de janeiro, colocarão outra lápide no cemitério das indústrias de microeletrônica de Minas Gerais. A empresa fabrica OPV para geração de energia solar.
O fantasma setorial, em Minas, apareceu em 1981, na morte do malfadado projeto da Transit Semicondutores, em Montes Claros. Ignorando, então, todas as bússolas do business na época, estava em pleno sertão da área mineira da Sudene.
A Transit, diferente da Sunew, nasceu acochambrada. Isso foi regra do primeiro fio de barbante no solo, para direcionar a enxadada inaugura do buraco do alicerce. Iniciado em 1974, reunia as excelências das mamatas políticas, além de erros como da localização. Estava diametralmente fora de mercado consumidor de chips e saturado em mordomias caribenhas, em pleno semiárido. Porém, untado com lama das botas dos generais. Foi assim até o último centavo.
Mas, o basta veio em 1981, na coragem do engenheiro João Camillo Penna, mineiro e titular no Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. A festa acabou, portanto, no governo do general João Figueiredo, que encerrou (1985) o ciclo da ditadura militar iniciado em 1964. O ministro assumiu a decisão de estancar a sangria no Tesouro Nacional com aquela coisa. Agiu, então, sem medo de encarar arapucas até dos conterrâneos que se esbaldavam.
Transit foi, portanto, um show ímpar em lodo e negocinho político.
E vieram outros cases de erros: fábrica da SID Microeletrônica (ex-Philco/Ford, em Contagem) e o projeto da Unitec Semicondutores (Ribeirão das Neves).
Unitec é mais recente. Mas, também, carregado de lobby e derivativos que apontavam para CEP do ralo com dinheiro público. Envolveu Wolfgang Sauer (ex-presidente da Volkswagen do Brasil) e os laços do ex-governador Aécio Neves. O falso brilho era emprestado pelo dono do Grupo EBX, Eike Batista. Este, todavia, já escorregava do pedestal da 8ª maior fortuna do mundo.
O ingresso de Eike foi em 2012, nos Governos Dilma (Federal) e Anastasia (Estadual). Viveu longa agonia. O abandono, em definitivo, veio em 2019, quando BNDES, Finep e BDMG pularam do barco.
As duas esferas públicas, entretanto, agiram em direções divergentes no trato com espólio de mesma cinza. O Governo Zema, simplesmente expurgou o passivo Unitec dos relatórios anuais do banco. O BNDES, todavia, manteve no inventário do 1S21 das participações financeiras das estatais federais. Portanto, coisa morta para o banco mineiro, mas, viva para o federal.
Reveja AQUI como ALÉM DO FATO abordou os casos. E, no link abaixo, entenda a crise no mercado de chips.
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