Dois dias antes (06/01) dos ataques ao Planalto, Congresso e STF, no domingo (08/01), o Clube Militar, do Rio de Janeiro, praticamente respaldava, previamente, os atos terroristas bolsonaristas em Brasília. O Clube republicou em seu portal (e estava lá até o instante desta postagem) artigo do general de Divisão R1 Marco Aurélio Vieira, de ataques ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, conclamava manifestações ferrenhas na Capital federal.
O militar, na pauta dos inconformados com a derrota de Bolsonaro, acusou o PT de liderar uma “expansão comunista”. Por isso, prega combate por “intimidação organizada”, “ofensiva implacável” contra decisões de Lula, “pressão contínua” sobre o Congresso e ocupação de “vulto” na Praça dos Três Poderes.
O artigo, intitulado “A nossa guerra fria”, faz comparação das ações que o autor propõe contra o Governo Lula com as relações geopolíticas dos Estados Unidos e União Soviética nos anos décadas de 1960, 1970 e 1980. A primeira publicação do texto, no portal Última Hora. Veja o trecho com tom mais agressivo usado pelo general Vieira, ex-Comandante da Brigada de Operações Especiais e da Brigada de Infantaria Paraquedista:
Não é sensato combater a expansão comunista liderada pelo PT e seus aliados com violências ou depredações, táticas habituais da esquerda. Nossa guerra fria deve usar inteligência, atuando através de intimidação organizada, com atos objetivos de resistência pacífica ou de desobediência civil planejada. É preciso retaliar as decisões governamentais antidemocráticas com ações que provoquem expectativas concretas de inaceitáveis prejuízos políticos, constitucionais, e até legais, aos poderes da República. A estratégia deve comportar a ofensiva implacável contra decisões populistas do Presidente, a vigilância cerrada dos atos do Congresso, com pressão contínua sobre Deputados e Senadores, além de manifestações públicas de vulto na Praça dos Três poderes, contrárias às possíveis tentativas de violação da nossa democracia.
Acesse AQUI a íntegra do artigo.
Ontem (09/01), portanto, day after aos atos de terrorismo bolsonarista, o Clube Militar publicou outro artigo em linha com o do general. Mas, desta vez, sem propostas radicais. O historiador Sérgio Paulo Muniz da Costa, ex-aspirante a oficial de Artilharia do Exército, se empenhou em justificar as intromissões do Comando em política.
“O que deve ser lembrado”. Com esse título, Sérgio Muniz trouxe lapadas pró-Exército, puxando desde o ano seguinte à proclamação da Independência do Brasil, em 1822. Afirma sobre as intervenções do Exército na vida política do país:
“E, em todas as rupturas institucionais havidas na História do Brasil, elas nunca se colocaram como instrumento de facção para afrontar autoridades ou perseguir adversários, atuando sempre para a pacificação, estabilização e constitucionalização do País, em convergência com outras instituições”.
E chega no golpe militar de 1964, que derrubou o Governo João Goulart. Ele, entretanto, pauta que a contaminação política não é bom para o Exército.
“Em 1964, o Exército, associado ao que havia de melhor na política e no pensamento nacional, assumiu a responsabilidade de conduzir as maiores reformas da História do Brasil. E o fez consciente, desde o início do movimento, do mal que a contaminação da Força pela política causava ao País e a ela própria”.
Sérgio Paulo Muniz é historiador tem no currículo, entre outros tópicos, doutorado em Ciências Militares (Escola de Comando do Estado-Maior do Exército), chefia da Seção de Ensino da História Militar e Geografia da AMAM e posto de adjunto do Adido Militar na Representação do Brasil na OEA.
A postura política do Clube Militar, todavia, conflita com o Art. 1º do Estatuto: “§6º – O Clube manter-se-á estranho à matéria de religião, de política partidária ou de discriminação de qualquer natureza, sendo vedada a cessão de suas dependências para reuniões que objetivem tratar de tais assuntos”. Entretanto, isso é letra morta desde a criação, em 1887.
Nos anos da década de 1980, o Clube tinha eco na sociedade sempre que seus generais expunham posições sobre a vida nacional. Depois, porém, perdeu importância, principalmente com a edição do Plano Real, no Governo Itamar, que trouxe estabilização da moeda.
Mas, a chegada ao Planalto, em 2019, de Bolsonaro, ex-capitão do Exército, reabriu espaços do Clube Militar dentro das Forças Armadas. As atitudes antidemocráticas do ex-presidente ganharam respaldo fácil naquele reduto dominado por generais da reserva. O ex-vice anterior, general Hamilton Mourão, por exemplo, presidiu o Clube até a posse.
O Clube também inverteu as verdades dos fatos, como, por exemplo, ao taxar de antidemocráticos os contrários aos ex-presidente. Nessa toada, o Clube Militar arrastou para dentro da Edição Nº 487 (outubro a dezembro) da sua revista, os Clubes Naval (Marinha) e da Aeronáutica, no manifesto conjunto “Legalidade, legitimidade e estabilidade”. O alvo principal, entretanto, em nada mudou: ataque ao Judiciário. E de defesa dos influenciadores bolsonaristas nas redes sociais, sem, no entanto, uma referência a direta a eles. Veja reprodução abaixo:
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