Em novembro, ocorreu o primeiro desembarque da vacina chinesa Coronavac. As 120 mil doses chegaram pelo Aeroporto de Guarulhos – Foto: Governo de SP/Divulgação
O Brasil patina em discussões de prazos burocráticos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Questão do momento: liberação de vacinas contra Covid-19 aplicadas emergencialmente em outros países. Enquanto isso, o Governo dos Estados Unidos trata a situação no andar de cima: dinheiro suficiente para enfrentar a pandemia. Lá, o Senado aprovou, nesta sexta-feira, um pacote de US$ 1,9 trilhão. Ou seja, senadores entregaram ao presidente Joe Biden a ferramenta mais eficaz, conforme informou a agência Reuters.
Por aqui, contudo, o ponto alto das ações contra Covid-19 é uma trouxa de discussões burocráticas. O senado aprovou, ontem (04/02), a Medida Provisória 1003/2020, ou seja, texto do Planalto, colocando mais polêmica. Ela reduz à metade, para cinco dias, o prazo para agência autorizar uso emergencial temporário de vacinas.
Portanto, postura oposta àquela de até três semanas atrás. Até então, a Anvisa esteve explicitamente manipulada por objetivos pessoais do presidente Jair Bolsonaro. O Planalto criou um rosário de barreiras para retardar autorização de uso emergencial da vacina CoronaVac, do laboratório Sinovac, da China. E a Anvisa atendeu plenamente.
A CoronaVac foi a primeira vacina aplicada no Brasil. Chegou aqui graças à viagem de comitiva do governador de São Paulo, João Doria, em junho de 2020, ao país asiático.
Bolsonaro é negacionista da pandemia da Covid-19. Mas, de forma contraditória, defensor ardoroso do tratamento da infecção com Cloroquina. Este medicamento, porém, não é recomendado e nem está no protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS /ONU). Motivo: não tem eficácia comprovada.
Mas, como a vacina chegou, o chefe do Planalto, então coloca a vacinação na contagem regressiva da segunda fase de sua campanha pela reeleição. E, claro, em outubro de 2022, a maioria do eleitorado estará vacinada. A estratégia de Bolsonaro, agora, será tudo pela vacinação. E, é possível prever, a cara de pau no palanque: que seu governo para salvar o povo.
Mas, se, até então, na Anvisa não houve qualquer voz contrária à manipulação política de Bolsonaro, cujo alvo era Doria, desta vez foi diferente. Houve, portanto, chiadeira no segundo escalão da Anvisa contra a MP.
O gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, em entrevista à CNN Brasil, defendeu, portanto, a necessidade dos prazos mínimos anteriores para “avaliação”. Manifestou, ainda, “indignação” dos servidores com o enquadramento da agência.
Gustavo Mendes argumentou, então, que nem sempre as vacinas no país de origem são as remetidas para o Brasil. “A gente sabe que as diferenças, por exemplo, no local de fabricação, na qualidade dos insumos, ou o método de fabricação, pode impactar a integridade da vacina”, sustentou, ao defender prazos anteriores e, além disso, exibir contrariedade ao fixado na MP.
O diretor-geral da Anvisa é o contra-almirante Antônio Barra Torres.
Título aterior: Covid-19: Planalto enquadra Anvisa. Biden terá US$ 1,9 tri
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