A maior empresa do país continua, neste 2024, pagando caro pelas cobiças, ingerências e desmandos externos do Partido dos Trabalhadores (PT). Mas a conta vai para os acionistas da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras). Eles assistem repetecos das disputas do partido no período da longa gestão petista passada, de janeiro de 2003 a maio de 2016.
Mas, nesta temporada, a governança corporativa da Petrobras segue a passos mais largos para o balcão dos negocinhos políticos.
A estatal foi mergulhada em bacia de almas de vampiros da Lei de Gérson antes mesmo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) tomar posse para este o terceiro mandato. Em dezembro de 2022, Lula negociou apoio à reeleição do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nos comandos da Câmara e Senado, respectivamente. A ação franciscana (“é dando que se recebe”) exigida pelo petista impunha um remendo na Lei das Estatais, para retirar impedimentos de políticos presidirem estatais.
Assim foi feito. E o PT brindou Aloizio Mercadante (PT-SP) e Jean Paul Prates (PT-RN). Respectivamente, os políticos foram entronados no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Petrobras.
Mas deu chabu para o Prates. Em março, quando a Petrobras anunciou a distribuição de dividendos extraordinários aos acionistas, Lula declarou guerra. O presidente da República investiu contra o Estatuto da empresa e às regras de mercado, da Bolsa de Valores B3. Prates defendeu aquilo que está escrito.
O dedo do petista provocou, num só pregão, perda de valor de mercado de R$ 53 bilhões para a estatal.
Lula, pressionado pela ala xiita do PT, aumentou, então, o fogo para da fritura de Prates. O dirigente da empresa já era a bola sete do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG).
O ministro discordava da autonomia de Prates nas nomeações dos diretores. Ao Silveira se aliou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA).
Mas, faltando dez dias para fechar abril, o presidente da República concordou com a liberação entre acionistas de 50% dividendos extraordinários. Portanto, pouco mais de R$ 20 bilhões.
A União controla 50,26% das ações ordinárias, com direito a voto, do capital da companhia. Somadas as participações nas preferenciais do BNDES e da BNDESPar, o Governo controla 34,62% do capital total (Fonte: Bolsa B3, 07/05/2024).
Na terça (14/05), todavia, após o fechamento da Bolsa, Lula demitiu Prates. E, nesta quarta (15/05), veio nova conta amarga: desvalorização de R$ 35 bilhões.
Ou seja, toda vez que o PT bota pressão na estatal, pinta prejuízos para os acionistas. Nas duas desvalorizações, em pouco mais de 60 dias, a empresa perdeu R$ 88 bilhões.
Livre do amigo, o chefe do Planalto imitou Dilma Rousseff (PT-RS), nomeando uma mulher para a cadeira do topo da estatal. Chega, portanto, Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), no Governo Dilma. Assumirá de modo interina.
Ela recebeu dois comunicados: poderá apenas sugerir nomes para a equipe, o Planalto é quem aprova. E deverá definir logo investimentos de R$ 14 bilhões.
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