Economia

Exército compra blindados no meio das eleições

O Comando do Exército afunila, em três semanas (21 /09), o processo de compras de 98 blindados 8×8 de combate de Cavalaria média sobre rodas: VBC Cav – MSR 8×8. As encomendas, a cargo do Comando Logístico e com exigências de entrega de instrumentos de alto grau de precisão de combate embarcados, podem saltar para 221 unidades.

O negócio, portanto, é avaliado como muito importante para o Exército. Além disso, invade o calendário da campanha e eleições presidenciais, em outubro. Além dessa licitação, o Comando toca outros projetos.

Os equipamentos 8×8 dariam a melhor formação de combate terrestre da armada. Isso, portanto, dentro das características comportamentais conhecidas dos comandantes militares brasileiros, é munição eleitoral para o presidente Jair Bolsonaro. Ex-militar do Exército, o chefe do Planalto joga com todas as armas por uma reeleição.

Vantagens de Itália e China

Entre os prováveis finalistas dessas compras, cujo processo começou a correr em março de 2021, aparecem:

  • Iveco (Grupo Fiat/Stellantis), em consórcio, da Itália;
  • General Dynamics Land Systems (GDLS), Canadá; e,
  • China North Industries Group Corp (Norinco).

A Iveco (Iveco Defence Vehicles – IDV) é fornecedor conhecido do Exército, no projeto Guarani e em outros contratos bilionários. Possui unidade fabril em Sete Lagoa (MG), no complexo industrial de caminhões, ônibus, vans e chassis. Além disso, o forte histórico do Grupo Fiat no segmento automotivo do país a partir a segunda metade do século passado.

Mas, não significa páreo ganho, pois, os concorrentes contam como trunfo a evolução aplicada em suas gerações de blindados. Além disso, pesa, a carteira atual de determinadas peças, caso da GDLS, com mais de 740 encomendas pela Arábia Saudita da peça oferecida ao Brasil nesta licitação.

A China, além do particular peso global economia, soma com a elevada tecnologia de seus armamentos.

Até o final do processo, então, as publicações especializadas em Defesa terão muito o que devorar. Para elas, pouco se importa o evento paralelo das eleições de 2022, cujas campanhas estão em curso.

Os contratos poderão ser na versão empresa-governo ou governo-governo. Até o presente, o Ministério da Defesa não tornou público o valor de referência dessa compra pelo Exército.

Exército embola com as urnas do TSE

Esse calendário de compras do Exército consta, portanto, que as empresas que aderiram ao requerimento de proposta (Request for proposal) deverão entregar ofertas e documentação até 21/09. A fase de análise será de 26/09 a 07 de outubro. Em 07 de outubro, o Exército divulgará a chamada short list: lista restrita de fornecedores em disputa.

A reta final, de fato, se dará nas negociações, que consumirão o período de 10 a 14 de outubro. Portanto, findarão antes da realização do 2º turno das eleições, em 30/10. O resultado final será divulgado em 25 de novembro. E por fim, prazo para assinatura do contrato será 28 ou 29 do mesmo mês.

Portanto, com o Bolsonaro reeleito ou não, as compras, pelo calendário atual, serão assinadas no atual Governo.

Nairo Alméri

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