É feia a crise. Os “ajustes”, para menos, nos orçamentos da União, consequência da queda na arrecadação e aumentos em gastos extras no combate à Covid-19, fizeram a Aeronáutica aterrissar planos. A Força Aérea Brasileira (FAB), por exemplo, cortará na compra dos cargueiros KC-390 Millennium, fabricados pela Embraer. Essa aeronave resultou do convite (2009) feito pela FAB para o desenvolvimento de um projeto específico.
A decisão comunicada na quinta (27/05) afeta, portanto, a base do contrato de R$ 7,2 bilhões, assinado em 2014, para entrega de 28 aeronaves. A contar de 2019, quatro modelos são operados pela FAB. O último cargueiro foi entregue à FAB em dezembro.
O KC-390 é a maior aeronave de carga para operações militares e civis da linha da Embraer. O modelo substituirá, então, os velhos Lockheed C-130M Hércules.
Por consequência, a Embraer, empresa com ações do capital listadas na B3 (Brasil. Bolsa. Balcão), ajustará a produção para duas unidades por ano. A montagem do KC-390 envolve ao redor de 50 empresas (indústrias e serviços) e participação de outras na Argentina, Portugal e República Tcheca.
Nos contratos de venda para outros países, está o “pedido firme” (2019) de cinco KC-390 pelo Governo de Portugal. O jato é estratégico para a FAB nas missões militares e de logística (reabastecimento de aeronaves em voo) de apoio e salvamento. Mas, principalmente na Amazônia.
O Comando do Exército abriu, dia 19/05, licitação para “eventual contratação” de empresa para “lançamento de paraquedista”. Será, portanto, para atender à Brigada de Infantaria de Paraquedistas, do Comando Militar Leste, do Rio de Janeiro.
A cotação, por enquanto, é para “registro de preços”. Esse processo será encerrado na terça (1º de junho), ou seja, com a abertura das propostas.
O fornecedor do serviço deverá cotar a operação com aeronave e tripulação próprias. Os interessados, portanto, devem apresentar preços por “emissão e gestão de vagas unitárias para salto com paraquedas (tickets) ou por hora de voo (HV) para lançamento de paraquedistas”, prevê o edital Pregão Eletrônico Nº 19/2021 – UASG 1602196.
No ano passado, em 02 de junho, o presidente Jair Bolsonaro assinou o Decreto 10.386, que gerou polêmica entre dois comandos. O instrumento restabelecia autonomia ao Exército para constituir aviação com aeronaves de asas fixas. Isso coincidiria, portanto, com os 80 anos da proibição, em 1941, com a criação da FAB. Em 1986, a armada foi autorizada a operar helicópteros – asas móveis.
O Exército vinha em ritmo avançado nesse sentido. Em 2018, por exemplo, realizou negociações preliminares com o Governo dos Estados Unidos para se equipar com Sherpa Short-C23. Os contatos definiam aquisições de oito desses aviões multitarefas. Os modelos atenderiam, portanto, em deslocamento de passageiros e tropas, lançamento de paraquedistas e transporte de cargas e equipamentos militares. Mas, no entanto, são aviões antigos, de fabricação inglesa. Principais características:
– Carga: 3,5 toneladas;
– Passageiros: 30 passageiros;
– Autonomia máxima: 2.000 km;
– Velocidade cruzeiro: 422 km/h, e
– Custo hora/voo, relação com helicóptero EC-725 Jaguar (maior referência do Exército) com capacidade 5,670 t:
a) EC-725 com carga máxima: US$ 12.216*
b) C-23 com carga máxima: US$ 1.415*
*Fonte: Exército Brasileiro
A produção dos C-13 foi inexpressiva, na ordem de 130 unidades. O Exército dos EUA desmobilizou esses aparelhos. Ao Brasil foi oferecida uma linha de crédito do próprio Governo dos EUA. Ainda em junho do ano passado, o site Airway citou uma informação da revista Verde-Oliva, do Exército, prevendo a chegada ao Brasil dos dois Sherpa em 2021. Acrescentou que os lotes acertados são de aeronaves fabricadas em 1984 e 1985, mas modernizadas 1997 e 1998.
O Comando da Aeronáutica não gostou da decisão de Bolsonaro. Não apenas por causa da crise e da recessão mundial alastrada pela pandemia da Covid-19. Mas, as críticas convergiram, com mais intensidade, no sentido de que o Exército seria melhor servido pela FAB, com qualidade e maior segurança. Além disso, claro, protesto contra desigualdade de peso nos cortes.
“O problema não é o Exército ter sua aviação, mas o momento da decisão, que não é oportuno”. Essa foi a reação do tenente-brigadeiro-do-ar Sérgio Xavier Ferolla, ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ao Estadão. LEIA MAIS AQUI.
Portanto, 5 de junho, numa postura pouco comum nos dias de hoje, o presidente Bolsonaro cedeu às pressões do Comando da Aeronáutica. Baixou o Decreto 10.391, revogando o 10.386 e, então, acabou, por enquanto, o sonho do Exército.
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