“E fica o dito por não dito. E o dito por não falar” (Vou Renovar – Sérgio Ricardo). Foi assim que o Brasil começou e encerrou esta quarta (15/04). Trecho da música seria legenda fiel à fotografia política do país.
Pela manhã, a carta de demissão do secretário de Vigilância em Saúde, o epidemiologista Wanderson de Oliveira, ditou especulações amplas. Mas, ao final do dia, ele apareceu ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no balanço das ações de contenção da nova pandemia do coronavírus (Covid-19). O secretário-executivo do Ministério, João Gabbardo, também estava na mesa. Portanto, time completo.
Mandetta e Wanderson não caíram (hoje). Wanderson aceitou a tese chefe: “vamos trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos”. Gabbardo, por sua vez, manifestou lealdade ao ministro.
Juntos até quando?
Era bem conhecido nas Redações dos jornais, rádio e TVs, do Rio, até o final da década de 1970, como o fundador dos “Diários Associados”, Assis Chateaubriand, se preparava para o impacto da notícia. O que me preocupa não é o fato, mas a interpretação que darão. Chateaubriand criou o primeiro império das comunicações do Brasil.
Na entrevista ao programa “Fantástico” (TV Globo), domingo (12/04), o ministro da Saúde peitara (interpretação popular) o chefe, o presidente da República, Jair Bolsonaro. Assim interpretaram o baixo e o médio clero da política. Contudo, a imprensa queria algo de peso político. Por exemplo: um elefante numa cristaleira. Que fizesse barulho nas vidraças do quarto andar do Planalto.
E, de forma coletiva, os jornalistas fisgaram o vice, general Hamilton Mourão, em videoconferência realizada pelo “O Estado de S.Paulo”. “(Mandetta) cruzou a linha da bola”, brindou. Pouco importou à mídia a deferência do general ao médico: “meu amigo”. Isto, claro, no contexto nacional, era secundário.
“… o povo não sabe se escuta o presidente Jair Bolsonaro ou o ministro da Saúde”. Assim o ministro expressou seu estado de saco cheio com a desobediência pública de Bolsonaro às orientações do próprio Governo, para seguir o isolamento social. A quarentena, pelo mundo, é vista como medida preventiva de resultados na contenção Covid-19.
Porém, a queixa pública do ministro, na cartilha castrense do Mourão, foi quebra de hierarquia. Então, mesmo com o estresse do subordinado sendo o mal menor para a saúde pública, o vice, por motivos palacianos não sabidos, de fato, virou às costas ao “amigo”.
A frase de Mourão, que traduz “falta grave”, no polo. Foi, portanto, interpretada como um abandono oficial ao Mandetta. Na literatura do futebol, literalmente, o general teria posto a cabeça do amigo sobre a cal do pênalti. Os refletores foram acesos, depois apagados, com a carta de saída Wanderson, braço-forte do ministro.
Portanto, no resumo da ópera, o general fez sua retirada de campo e apitou para a entrada do desajeitado Bolsonaro. Agora, é esperar a gravação da cena final (e principal) do próximo Fantástico.
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