O Banco Central protelou a ação contra o Banco Master, do emprrsário mineiro Daniel Vorcaro. Crédito: Reprodução/Instagram
O Banco Master é um bodão, dos bem fedorentos. Se houvesse seriedade política no país (nos Três Poderes da República), os ilícitos do Grupo Master e seu dono, o banqueiro mineiro Daniel Vorcaro, não teriam sobrevivio por tanto tempo. Graças a ingerências favoráveis, a liquidação extrajudicial pelo Banco Central (BC), portanto, só veio nesta terça (18/11).
A ação do BC não deu tempo para champagne e 51 diante do anúncio, ontem (17/11), da oferta da investidora árabe Fictor Holding Financeira. A instituição pagaria R$ 3 bilhões pelo banco. Mas a autoridade monetária e a PF apareceram rapidão, ontem e na manhã de hoje.
Mesmo que vingasse, talvez, os envolvidos, incluindo autoridades públicas e políticas, evitassem clima festa. Isso, por vários motivos. Entre estes, o fato de Master ter sido religiosamente posto em hibernação (para debaixo do tapete), nos últimos dois meses. Atuaram, em conjunto, nisso Executivo, Judiciário e Legislativo.
As autoridades deram de lado, mesmo diante de um escândalo medido por passivo superior a R$ 50 bilhões, podendo beirar R$ 70 bilhões. E Governo do Distrito Federal deu bananas para a situação e quis comprar o abacaxi (leia abaixo).
Fictor acabou puxando um ninho de pulgas. Por que teria elevado em 50% a oferta polêmica, de R$ 2 bilhões, do Governo do DF? Além de obrigar o seu banco, o BRB – Banco de Brasília, a comprar o Master, o DF daria um plus a Vorcaro: cadeira no Conselho do BRB.
O Master, todavia, há muito tempo é laranja madura à beira da estrada.
Tanto que o experiente banqueiro André Steves, dono do Grupo Pactual, ofertou o valor simbólico de R$ 1,00. E não queria a carteira podre, que o BRB, antes do caso virar escândalo, incluiria nos R$ 2bilhões.
O banco de Vorcaro apareceu investigações dos porões do mundo do crime.
“Fato, até mais relevante que o comunicado à B3, é que, mesmo indiretamente, o Master virou uma das peças de peso no tabuleiro da Operação Carbono Oculto. Com ela, a PF, Receita e o MPSP concluíram parte das investigações de meganegócio do mundo do crime. O bureau central seria o Primeiro Comando da Capital (PCC)”. Trecho do conteúdo do link abaixo “Master incomoda o Planalto”.
Mesmo com tanta podridão aflorando, ainda no 1S25, o BC colocou apenas um abafador na transação Marter-BRB. Mas, nesta terça (18/11), se viu obrigado a jogar a pá de cal para o Master, Vorcaro e o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e outros diretores. Paulo Costa está em vigem ao exterior.
O conjunto da operação da PF e BC, por ora, recebe o manto de atuação administrativa do Governo Lula. Dá fôlego à equipe. É esperar, porém, e ver por quanto tempo isso se sustenta.
A liquidação do Master e prisão de Vorcaro, no momento do embarque em jatinho para o exterior, tem um ípsilon (Y). Na perna da ação do BC e Polícia Federal, um capítulo favorável também ao Planalto nessa novela dos ilícitos da “Faria Lima“.
A outra corre praticamente em mesma linha. O diferente é que, provavelmente, alguém, de peso político, tenha convencido a autoridade monetária que a operação Fictor-Master não deveria vingar. Seria indesejável no cenário político vivido pelo chefe do Governo.
Mesmo que evitasse a insolvência do Master, além envelopar boa grana para Vorcaro, a transação representava riscos de estragos na política. Inevitavelmente, por exemplo, despertaria a pauta de escândalos não investigados. Em resumo, retornaria ao Palácio do Planalto mais uma maionese rançosa. E suas implicações se arrastariam para os palanques das eleições de 2026.
As quebras dos sigilos telefônicos e das redes sociais dos implicados, o passo seguinte da PF e BC, darão, pois, a dimensão dos estragos futuros na polítiica.
Vorcaro participou de negócio em mineração de ferro que envolve também suporte de fundos soberanos árabes (ver no link abaixo “Val entrega Jangada para Itaminas”). E mexe com a Agência Nacional de Mineração (ANM).
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Não por mera coincidência aos fatos de agora, na primeira semana deste mês, Vorcaro foi sacado da divisão do controle de negócio na exploração de minério de ferro em Minas Gerais, a compra da Itaminas Comércio e Mineração. Os Grupos AVG (mineradora de ferro de médio porte) e Geo, de Minas Gerais, assumiram, então, a parcela do banqueiro e passaram a deter 50% cada.
Tratada como “reorganização societária“, a Itaminas, talvez para preservar a imagem, ainda não colocou em seu portal a saída de Vorcaro. Agiu, portanto, em sentido inverso ao do negócio também recente com a minerdora Vale (ver abaixo).
O Master, juntamente com o AVG e Geo criaram sociedade em julho de 2024, para a compra da Itaminas, com minas em Sarzedo (MG). O negócio, teve primeiro desfecho em novembro passado. Foi concluído em fevereiro. A Itamainas pertencia ao empresário Bernardo Paz, o fundador e dono do Museu Inhotim.
Na sequência ao negócio com Bernardo Paz, Vale entregou à Itaminas, em arrendamento, a operação de ferro na Mina Jangada, em Brumadinho
O nome Vorcaro é familiar nos elos políticos que chegam ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Alguns desses canais respeitáveis para Lula.
O banqueiro aparece, por exemplo, no histórico das operações de um empresário e político de Minas Gerais com passagem pelo Plaalto. Trata-se de Walfrido Mares Guia, fundador e acionista da Biomm S.A., que tem ações na Bolsa de Valores B3.
O principal acionista da Biomm é o Cartago Fundo de Investimento Financeiro em Ações e relacionado aos negócios de Vorcaro. Cartago é o maior controlador individual (25,86%) do capital total da Biomm (Fonte: B3, 08/09/2025).
Walfrido foi secretáro de Estado e vice-governador em Minas Gerais. Se firmou na pollítica como ministro nos Governos Lula 1 e 2 (2003-2010). Integrou o bloco ministerial da cozinha do Planalto e soube, portanto, criar forte amizade com o petista.
Em abril de 2024, Lula visitou Nova Lima (MG). Inaugurou expansão em laboratório da Biomm, do grupo famliar de Walfrido. Rasgou elogios ao amigo mineiro.
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