O “acordo operacional” entre o Banco Inter e o Mercantil do Brasil não deve ser visto como simples trato entre mineiros. Banqueiro dos tempos digitais não é como o dos anos das décadas de 1950 e 1960.
Naqueles tempos, banqueiros de mesma praça até tomavam cafezinho juntos todos os dias, após o expediente. Levavam na pasta o “analítico” da movimentação do dia. Até abriam para os concorrentes.
Tempos dos banqueiros românticos é passado esquecido. Hoje, não dão as cartas. O robôs dão as cartas e ditam o jogo. E mais: não tomam cafezinho.
Nessa parceria- “… de operações de cessão de créditos, explorando as complementaridades das instituições” -, o Inter chega à mesa com um pelotão de máquinas cibernética mais escoladas que as do Mercantil. Por isso, o Inter é bem mais leve, ágil. Chegou na praça (16/09/1994) como Intermedium, e logo virou uma fintech. Ou seja, adquiriu cara, cheiro e cor de banco digital.
O Mercantil, apesar dos quase 80 anos lojas de passeio (02/02/1943 – um mês antes do Bradesco -10/03/1943), continua no porte médio. E pesadão. Mas, é verdade que, em 2021, colocou em operação a Domo Digital Tecnologia S.A. Começa, portanto, uma aposta de avanço no ambiente digital.
Essa “cessão de crédito” anunciada ontem (11/04), tem, mesmo, é cara de antecipação de liquidação pelo Inter de direitos do Mercantil.
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O valor limite das operações, R$ 2 bilhões, em prazo de 18 meses, na contabilidade vertical, pesa para o banco do Grupo MRV. No entanto, pode virar troco nos saltos pretendidos pelo Inter. Constrói uma ponte em novas debêntures – de esforço restrito. Daí, se for o caso, fatia do parceiro estará no papo.
É do jogo!
O dia do anúncio da tal parceria, porém, não ajudou as ações do Inter: caíram 2,59% no pregão da B3 (Brasil. Bolsa. Balcão). Foi, portanto, a leitura de como o investidor avaliou.
Além disso, pesou contra o comunicado da BlackRock, Inc, maior gestora de recursos do mundo, de redução para 4,9% de participação nas ações PNs do Inter. BlackRock, com sede em Nova York, detinha 5,19% das ações PNs do Inter, ou seja, 2,59% do capital total (06/04/2022).
A gestora tem carteira com US$ 102 bilhões investidos na América Latina. E tem atração por “gestão de riscos”.
O Inter quis virar um banco de Nova York. Pensou em dividir paredes com mercados globais de capitais. Mas, acionistas não aprovaram o ingresso na bolsa de empresas de tecnologia, a Nasdaq. A listagem, então, foi suspensa. Melou porque os acionistas não toparam permutar ações, daqui, por BDRs (recibos de balcão) lá.
Com o fracasso nasceu uma versão: o banco se concentraria na B3 por algum período. Tomar um fôlego por aqui mesmo.
Mas, a parceria Inter-Mercantil tromba numa regra: no mercado financeiro, não há espaço para parcerias de diferentes. Então, terá vida curta, ou um será engolido. É esperar, portanto, pelo encerramento do primeiro capítulo.
O Inter dá sinais de posicionar pedras fora do tabuleiro. Mas, também, é movido.
A coragem do Inter para manter pulos até as nuvens não está na capacidade do fundador. O empreiteiro Rubens Menin Teixeira de Souza, também é dono da concessão CNN Brasil e (informal) do Clube Atlético Mineiro. Mas, passou a ter sócio estratégico.
O risco (não descartável) de o Mercantil ser engolido pelo Inter, portanto, vem do outro lado do mundo. Está precisamente na voracidade do sócio japonês SoftBank, do SoftBank Group. A instituição global, nascida startup, lidera em créditos para projetos tecnológicos inovadores.
SoftBank, via La Bi Holdco Llc, é dono de 10,42% das ações ordinárias (com direito a voto) e 19,63% das preferenciais. Ou seja, controla 15,01% do capital total (06/04/2022).
O CEO do SoftBank, Masayoshi Son, não entra para perder nem para lucrar pouco. Quando o parceiro emperra os bons negócios, ele simplesmente o põe para correr. Coleciona vários cases nessa linha. Mas, ele também é rápido em mudanças internas no topo do próprio grupo.
Son, portanto, apoiou o Inter na parceria com o Mercantil não apenas para ter mais um braço na praça. E mais: costuma encurtar prazos. Então, esses 18 meses podem criar pernas curtas. É esperar.
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No ano passado, o Inter teve receitas de R$ 2,172 bilhões com intermediações financeiras. Portanto, cravou alta de 133,5% na comparação com 2020. Apurou lucro líquido de R$ 34,6 milhões, ou seja, reverteu prejuízo de R$ 7,1 milhões do exercício anterior
A conta de ativo total do Inter quase dobrou: de R$19,766 bilhões, em 2020, para R$36,433 milhões. A rubrica de patrimônio líquido, porém, marcou evolução excepcional de 157%, para R$ 8,488 bilhões.
Entretanto, pela lógica da contabilidade, o Mercantil do Brasil engole fácil o Inter. Teve, por exemplo, lucro líquido de R$ 184,5 milhões. Emplacou, portanto, alta de 22% na comparação com 2020. As operações de crédito, de R$ 8,904 bilhões, subiram 38% – crédito consignado, de R$ 5,7 bilhões, cresceram 60%.
A conta dos ativos do Mercantil saltou 15%, fechando em R$ 12,4 bilhões. No final do balanço, tinha R$ 1,171 bilhão em patrimônio líquido, 13,3% acima de dezembro de 2020.
A MRV Engenharia e Participações S.A. encerrou 2021 com lucro líquido de R$ 902 milhões. O resultado foi recorde e 45,36% superior ao do exercício anterior. É a principal empresa do Grupo MRV. Apurou receita líquida, com salto de 7,1%, para R$ 7,118 bilhões.
Influenciaram os negócios nos EUA, da AHS Residential, e Canadá. Neste país, foi a operação à Brookfield Asset Management de venda dos empreendimentos da sua startup Luggo – imóveis para locação./No final de 2021. MRV tinha R$ 20,224 bilhões em ativos. O patrimônio líquido era de R$ 6,599 bilhões. Nessas rubricas, contabilizou, respectivamente, desempenhos positivos de 11,96% e 9,3%.
O banco japonês opera duas vertentes principais em inovação. A holding SoftBank Group Corp financia e participa de projetos que sinalizam principais transformações. Principalmente em tecnologia da informação e sistemas interligados em redes. Preferência para áreas da inteligência artificial (AI, na sigla em inglês), telecomunicações, processos digitais em energia limpa Internet, robótica, Internet das Coisas (IoT) etc.
A outra vertente é liderada pelos SoftBank Vision Funds. Jogam com US$ 135 bilhões, impulsionando os denominados “empreendedores extraordinários”, aqueles que avançam no tempo com o novo.
Na linha convencional no mundo das startups, o SoftBank criou um caixa dedicado para o continente latino-americano: SoftBank Latin America Fund. Tem US$ 5 bilhões para aquilo que startapeiros mais buscam: venture capital (capital de risco). Há pouco tempo, lançou o Fund II, de US$ 3 bilhões. Ou seja, Son está sempre postando alto em ideias novas.
Esses valores, o vice-presidente do SoftBank para América Latina, Israel Hernandez, traz sempre na ponta da língua. Portanto, ao gosto das plateias ávidas por mais aberturas.
Na linha do modismo da governança por grandes corporações nos Estados Unidos, o banco japonês criou o SB Opportunity Fund. Colocou dentro US$ 100 milhões para dar suporte a empreendedores negros do país.
Mas, da mesma formo como põe muito dinheiro em suas apostas, Masayoshi Son perde na mesma proporção, na casa dos bilhões de dólares. Então, ventos contrários na China (regulamentação nas áreas da TI, taxas de juros e perseguições do Partido Comunista contra bilionários etc.) e a invasão da Ucrânia pela Rússia preocupam. O SoftBank quer moderação em 2022. Veja a análise recente do site NeoFeed.
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