Minas Gerais tem marcas na história política do país com elos em traições. No Século XVIII, por exemplo, a entrega do movimento da Inconfidência Mineira à Coroa de Portugal. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes, líder, sofreu traição por alguém do agro do movimento, que buscava o fim do Brasil colônia de Portugal.
O traidor foi o inconfidente Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes. Nascido em Portugal, ele entregou Tiradentes em troca de perdão das dívidas de fazendeiro. Nos dias de hoje, em Brasília, portanto, a conhecida negociata política franciscana do “toma-lá-dá-cá” ou “é dando que se recebe”.
Na segunda metade do século XX, surgiu o banqueiro e político José de Magalhães Pinto (UDN) governador de Minas Gerais. Liderou o movimento que deu aos generais o golpe militar de Estado de 1964. Magalhães Pinto encorajou ruralistas, empresários da indústria e conservadores da Igreja Católica, de diversas partes do país.
Os militares, então, derrubaram o governo constitucional de João (Belchior Marques) Goulart. O país atravessou 21 anos de ditadura ferrenha e cruel dos generais.
No pleito de 2022, sob a batuta do presidente Jair (Messias) Bolsonaro (PL-RJ), aparece Walter de Souza Braga Netto. Mas, com patente bem acima: general quatro estrelas, já na reserva.
Nascido na Capital mineira, Braga Netto ocupou os Ministérios da Casa Civil e Defesa de Bolsonaro. Virou vice do ex-capitão (expulso pelo Exército) nas eleições de outubro de 2022. Perderam.
Insatisfeitos, então, tramaram contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) e Geraldo Alckmin (Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho – PSB-SP).
O golpe de Estado seria em dezembro de 2022. Nas investigações, a Polícia Federal indiciou 37 principais envolvidos.
É inegável, entretanto, que Minas Gerais foi berço de respeitáveis políticos pelas causas democráticas nacionais. Mas, em contrapartida, a história exibe rastilhos de pólvora mineira contra democracia.
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O empresariado da pecuária e da agricultura, mesmo sob o charme da grife do agribusiness, nunca abandonou o espírito golpista. Isso na política e na economia. E até criou uma instituição com essas cores: União Democrática Ruralista (UDR).
A UDR, nascida no começo dos anos da década de 1980, teve como principal papel se contrapor à reforma agrária. Mas, também, sustentar lobbies pelos calotes em empréstimos tomados na Carteira Agrícola do Banco do Brasil (BB), estatal federal.
O principal fundador da UDR foi um médico, até então, pouco conhecido na política nacional: Ronaldo Caiado (União), atual governador de Goiás. Caiado, é bolsonarista. Na semana passada, foi declarado inelegível. O TRE-GO aceitou e concordou com a denúncia deque ele praticou abuso de poder econômico nas eleições municipais. Todavia, ainda cabe recurso.
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Os ruralistas sustentaram a ditadura. Com Bolsonaro, retomaram forças. Financiaram, por exemplo, marchas em tratores sobre Brasília, pedindo a volta dos militares ao poder. Eles são apontados como principais patrocinadores das caravanas de ônibus semanais, no biênio 2021-22, de bolsonaristas na Capital federal.
Na agenda: atos de apoio às ideias de Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e estruturar acampamentos em frente de quartéis.
O presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, de Mato Grosso, apareceu em muitos atos, principalmente na Semana da Independência, em 2021. Veja um caso na matéria “Suspeito de tentar minar a democracia e o plantio da soja”, na clipagem (link no pé da página) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“Creio que nós teremos um novo 64. Não é só o Bolsonaro, tem uma cúpula de generais por trás dele”. Esse o depoimento, à Folha de SP, de bolsonarista em ônibus de São Paulo para a Capital federal (“Caravana para ato em Brasília tem críticas ao STF e saudosismo do golpe”).
A digital dos empresários do agribusiness na trama de Bolsonaro e Braga Netto aparece em diversas situações. A PF aponta entre eles a origem de dinheiro em caixas de vinho para financiar os golpistas.
Até o prefeito de município do Rio Grande do Sul foi pego, em 2021, em aeroporto de São Paulo com quantia elevada. O dinheiro também em caixa de papelão (“Moraes ordena prisões às vésperas das manifestações”).
Na época, bolsonaristas já pediam a “cabeça” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. O ministro é o principal alvo de Bolsonaro e filhos com mandatos: vereadores, deputado federal e senador.
Nestes dias de dezembro, todavia, o empresariado do agro tenta o impossível: descolar o histórico DNA golpista das suas veias.
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Abra AQUI clipagem do CNJ com o noticiário de 6 e 7 de setembro de 2021 sobre a movimentação bolsonarista. E a “lista dos 37 indiciados pela PF no inquérito do golpe de Estado”.
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