A menos de quatro meses da eleição, alguns pré-candidatos a prefeito de Belo Horizonte entraram naquela fase do desespero, pressão e tensão. Além do prazo, o baixo desempenho nas pesquisas é a principal causa. Quem não está pontuando bem nas sondagens recorre a alianças partidárias ou a concorrentes. Em uma mesma semana, três desistiram, duas pré-candidatas e um pré-candidato.
A pré-candidata do Psol, Bella Gonçalves, saiu para apoiar o pré-candidato do PT, Rogério Correia; a pré-candidata da Rede, Ana Paula, vai apoiar Duda Salabert (PDT); Paulo Brant (PSB) anunciou aliança com Gabriel Azevedo (MDB). A tendência é de outros seguirem o mesmo caminho.
Na segunda-feira passada, por exemplo, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, veio a Belo Horizonte fazer apelo ao governador Romeu Zema para que o partido dele, o Novo, apoie o do PL. O Novo até o momento tem a pré-candidata Luísa Barreto, e o PL, Bruno Engler.
Sobre os possíveis efeitos da aliança com o PT de Rogério Correia, a assessoria da deputada Bella Gonçalves enviou a seguinte manifestação. “A partir de uma conversa a convite do presidente Lula e da urgência que o cenário em Belo Horizonte nos aponta, optamos pela construção de uma unidade entre a nossa federação e a federação Brasil da Esperança, do PT. Queremos ampliar para uma frente ampla, democrática e progressista com vários partidos. No entanto, a nossa pré-candidatura não foi retirada e ainda não temos a definição de chapas. É hora de avançar no diálogo com outros partidos”.
No PSD do prefeito de BH, Fuad Noman, o estresse começa a incomodar. Na semana passada, o presidente nacional, Gilberto Kassab, cobrou do ex-prefeito Alexandre Kalil apoio à reeleição do sucessor. Aliados do ex-prefeito revelam que ele teria afirmado a Kassab que as chances hoje seriam pequenas. E que Kalil teria apresentado suas razões já conhecidas: que não teve apoio de Fuad na disputa para governador, que seus secretários foram demitidos e que ele teria se aliado aos seus inimigos. “Agora, quer o meu apoio?”. Kassab teria compreendido e o liberado do compromisso.
Outro segmento do PSD apresentou versão contrária do encontro, segundo a qual Kassab teria cobrado Kalil: “O Fuad foi criação sua”, teria dito o presidente nacional, e que, sem o alinhamento, ele não teria razão para continuar filiado.
Quando o pré-candidato do PT a prefeito de BH, Rogério Correia, pediu apoio de Kalil na campanha, o ex-prefeito devolveu: “Quando o sr. conseguir o apoio de seu partido, a gente volta a conversar”.
Um dia após o secretário da Fazenda de Zema, Luiz Claudio Gomes, voltar a defender a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o senador Rodrigo Pacheco reagiu. Ele disse ontem, após encontro com o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Tadeu Leite (MDB), que irá apresentar projeto na semana que vem, já que o governo federal não tomou a iniciativa.
O RRF de Zema prevê a privatização de empresas estatais, como Cemig, Copasa e Codemig, e o congelamento de salários. Com isso, em 10 anos, a dívida de Minas saltaria dos atuais R$ 160 bilhões para R$ 210 bilhões, segundo cálculos do governo mineiro. A renegociação defendida por Pacheco propõe a federalização das mesmas empresas e a renegociação dos juros, reduzindo a mesma dívida de R$ 160 bilhões para R$ 40 bilhões. Ainda ontem, Pacheco e Zema conversariam em Brasília para reparar as arestas.
(*) Publicado no Jornal Estado de Minas
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