Economia

Siderúrgica dos adiamentos e lupa no dumping

Na melhor das hipóteses, o Alto-Forno No 3 da primeira siderúrgica inaugurada pela União, em Minas Gerais, ficará por um semestre em estaleiro. O retorno à produção de ferro-gusa de aciaria naquele equipamento da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) seria neste mês. Mas, a empresa alterou a “previsão” para setembro.

Por conta do período inativo, o AF-3 pintou, então, entre os motivos para o desempenho com ressalvas pela usina de Ipatinga. Isso está registrado no relatório de resultados operacionais e financeiros do 2T23 enviado à Bolsa de Valores B3 (Brasil. Bolsa. Balcão).

A administração da Usiminas destacou, no relatório do 2T23 aos acionistas, aspectos negativos para “outras receitas”. Ou seja, na verdade, apareceram despesas 65%,1% acima em relação ao 1T23. “(…) principalmente com maiores despesas com equipamentos parados em R$ 54 milhões, reflexo da parada do Alto Forno 3 na Usina de Ipatinga”.

Entretanto, há que se registrar que a siderúrgica do Vale do Aço apresenta frequentes desempenhos abaixo da linha do apetite de investidores no mercado acionário. Isso vem de tempos e a despeito da companhia estar capitalizada.

No 2T23, por exemplo, o balanço consolidado (mineração, beneficiamento de aços e serviços) fechou com receitas de R$ 6,887 bilhões. Para o lucro líquido, R$ 287,3 milhões. Comparados, portanto, com o mesmo período de 2022, foram, respectivamente, inferiores 19,3% e 65,5%.

AF-3 para quando setembro vier

O diretor-presidente da Usiminas, Marcelo Chara, em videoconferência para analistas de Bolsa de Valores, na sexta (28/07), apresentou o novo adiamento na história de cronogramas do AF-3. Agora, o retorno à operação ficou para o próximo mês. Alegou complexidade peculiar para o tipo de obra.

Um cronograma cronograma mais recente de reforma do AF-3 previa seu início em junho de 2022. Mas, ocorreu o adiamento, para abril deste ano. A diretoria submeteu ao Conselho de Administração dois motivos para a mudança. Primeiro, o mundo ainda estava sob efeitos (“continuidade”) negativos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). E, segundo, um “desempenho operacional estável”. A função do alto-forno é a redução do minério de ferro.

Em maio de 2021, o custo da reforma estimado em R$ 2,09 bilhões. Mas, agora, está em R$ 2,7 bilhões.

Em volumes de aço, as vendas da Usiminas somaram 902 mil toneladas, portanto, menos 6% em relação ao 1T23. Nas exportações, de 77 mil t, queda de 31%.

Aço com cheiro de dumping

Presente no expediente da semana passada com analistas, o diretor Comercial, Miguel Camejo, passou um pente nos contratos do 2T23. Disse que a Usiminas vendeu seus aços no último dia de junho praticando preço inferior à média do trimestre que se encerrava. Além disso, nas rodadas com as montadoras do setor automotivo, a siderúrgica teve de aceitar manter os preços no 3T23.

Entre motivos que pressionaram os preços dos produtos da Usiminas, o executivo apontou, por exemplo, a crescente participação de aços da China no mercado doméstico. Sobre esse aspecto, agência Reuters publicou: “Camejo não mencionou a perspectiva para os próximos meses, em meio ao crescimento de importações de aço chinês pelo Brasil, que, segundo ele, têm sido feitas com “margens negativas” de lucro para os produtores da China.”

Exportar como “margens negativas” pode ser indício de dumping, ou seja, com preços abaixo dos custos de produção. Dumping é algo comum no histórico da balança comercial da China.

Dados do Instituto Aços do Brasil, apontam 2,2 milhões de t de aços importados no 1S23. Ou seja, incremento de 43% sobre o período de 2022. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve na China, em abril. Negociou e assinou com o ditador local, Xi Jinping (PC), 15 acordos.

Dumping em aço da China nunca sai da pauta de Brasília.

Prorrogado o antidumping para tubos de aço carbono da China e Romênia

De outubro em outubro

A Usiminas foi criada (papel) em 1956, mas, as obras foram iniciadas em 1958 (joint venture Brasil-Japão). O projeto entrou em operação em 26 outubro de 1962 e privatizada em 24 de outubro de 1991. As obras da usina ganharam cronograma e ritmo com injeção de capital dos governos de MG, União e Japão.

Nairo Alméri

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  • Enquanto isso nós funcionários da empresa passamos maus bocados pra trabalhar,com condições precárias,falta de incentivo. Tem bons funcionários esperando a dois anos por uma promoção ou até mesmo uma meritocracia. E como se não bastasse a desculpa deles pra nossa PL,que ainda não sabemos se vamos ter ,é que o dinheiro foi todo investido na reforma desse alto forno.

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