A Sunew Filmes Fotovoltaicos Impressos S.A., fabricante de painéis impressos OPV (filmes fotovoltaicos orgânicos impressos) para produção de energia solar, está sob risco de fechamento. Em operação desde 2015, em Belo Horizonte e anexa ao centro de inovação CSEM Brasil, os acionistas realizam AGE dia 28 de janeiro de 2022. Entre os sócios figura o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O item de abertura da AGE é claro quanto à situação delicada: “deliberar sobre o futuro dos negócios e operações da companhia”. E avança na proposta de aumento de capital, mínimo de R$ 2 milhões e máximo de R$ 12 milhões. Se tiver de avaliar o último tópico, significará a opção dos acionistas pelo fechamento das portas: “(sem o aumento de capital) encerramento das operações da Companhia e início do seu processo de dissolução e liquidação”.
A convocação dos acionistas da Sunew, publicada nesta quarta (23/12). A bem da verdade, dá um fôlego, pois, estava marcada para o dia 14/01. É assinada pelo presidente do Conselho de Administração, David Travesso Neto.
CSEM Brasil, em operação desde 2008, é sócio-fundador e repassador de tecnologia de à Sunew. As duas empresas têm como líder-investidor a Fir Capital, fundada pelo empresário Guilherme Caldas Emrich (falecido neste ano). Estão no campus do Cento de Inovação Tecnológica (CIT) Senai/Fiemg, no Bairro do Horto.
No site oficial, a Sunew informa ser “líder em fabricação de OPV no mundo”. E, que produziu (contagem online) 10.953 metros lineares. Os painéis são para aplicações diversas: usinas de geração dedicada, superfícies prediais, veiculares (parte externa do teto de ônibus) e de utensílios pessoais.
Quando entrou em operação, em novembro de 2015, a empresa posicionou o Brasil de forma ímpar: detentora da fábrica mais moderna do mundo de OPV. Os investimentos totalizaram R$ 100 milhões. Constituiu, portanto, instalações com capacidade nominal para 300 mil m2/anuais de filmes.
Aportaram recursos o BNDES, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fir Capital e fundos privados.
Naquela ato, o CEO do CSEM Brasil e presidente do Conselho da Sunew, Tiago José Maranhão Alves da Silva, exibia discurso orgulhoso com o projeto. “Como um dos pioneiros do mundo, ocupamos posição de destaque a partir de Minas Gerais”.
Com o tempo, a fábrica conquistou clientes e parceiros de ponta, tanto instalando seus painéis gigantes (até 1.800 m2) quanto participando de projetos. Entre esses, a carteira de negócios registrou por exemplo: TOTVS, Iveco, Petrobras, Shopping da Bahia, Energisa, Itaú e Votorantim. Em “grandes projetos”, destaca: TV Globo, Mercedes-Benz, Dexco, CAOA, Oboticário, Enel, Petrobras, PepsiCo, 3M, Moresco e Nano-C.
Entre os apelos da tecnologia OPV aparece a neutralização da emissão de CO2, que afeta da camada de ozônio da Terra. Atua, portanto, na redução da liberação de gases de efeito estufa (GEE), causadores da elevação da temperatura.
Em 2016, quando instalou painel de 200 m2 da fachada da sede da TOTVS, em São Paulo, a Sunew estimou a neutralização de 578 toneladas/ano de CO2. Além, disso, reteve 75% de carga térmica e 95% de radiação UV (raio ultravioleta).
Entre as principais características dos painéis OPV estão: plástico não tóxico, leves, semitransparentes e flexíveis. Assim, portanto, oferecem enorme leque de aplicações. Figuram, por exemplo, na geração de energia elétrica todo tipo de superfícies, fachadas de edificações, automóveis e dispositivos eletrônicos pessoais móveis (celulares). Essas as vantagens operacionais (não de custos) na comparação com painéis convencionais de silício. Estes são rígidos, pesados e exigem. Além disso, destaca a Sunew, a produção desses painéis pressiona bem mais o consumo de energia.
A Sunew foi constituída em 2014.
O balanço patrimonial de 2017 acendia luzes amarelas para os acionistas da Sunew. Em 2018, pensando em melhorias operacionais, os acionistas criaram a Sunew Comércio Geradores e Serviços S.A., uma subsidiária integral.
A nova empresa assumiu, portanto, a “execução de atividades complementares à produção de OPV”. Isso contemplava: prestação de serviços de assistência técnica, projetos, instalação, bem como industrialização e comércio de peças, partes e equipamentos. Mas, pelos balanços (ver abaixo), há outros problemas.
No balanço fiscal de 2018, a Sunew até exibiu boa performance na receita líquida consolidada, de R$ 1,734 milhões. Portanto, salto nominal de 619% sobre o período anterior. Entretanto, o prejuízo operacional preocupava, mesmo com a redução excepcional sobre 2017: de R$ 18,727 milhões para R$ 11,037 milhões (2018). O prejuízo líquido também caiu de forma significativa, de R$ 18.423 para R$ 11,037 milhões. Todavia, no final, a conta de prejuízos acumulados, de R$ 34,152 milhões, saltava 47,7%.
No exercício de 2019, repetiu bom desempenho nas receitas líquidas. Elas fecharam em R$ 14,534 milhões, ou seja, uma performance de 737,1%. Como desdobramento, então, veio a redução em mais de 50% os prejuízos operacional (R$ 6,674 milhões) e líquido (R$ 11,037 milhões). Mas, a rubrica de prejuízos acumulados subiu 19,20%, para R$ 40,711 milhões.
Apesar da pressão negativa dos resultados acumulados, a Sunew, entretanto, manteve patrimônio líquido (dinheiro dos acionistas) positivo R$ 17, 858 milhões. Era suportado por R$ 46,860 milhões do capital social e R$ 11,708 milhões das reservas do capital.
No entanto, a Sunew entrava numa relação delicada entre o total do passivo e do patrimônio líquido, R$ 19,417 milhões.
Não encontramos o balanço de 2020. ALÉM DO FATO solicitou uma posição da empresa. Mas, até o fechamento deste post, não houve retorno. Entretanto, será divulgado, oportunamente, quando chegar.
Entre ações ambientais diretas, a empresa criou, por exemplo, parceira com a SOS Mata Atlântica, para plantio de árvores em áreas de reflorestamento: doa uma muda a cada m² de OPV comercializado.
Em linha com a matriz (Alemanha), a Mercedez-Benz doou à Cruz Vermelha dois ônibus unidade móvel de vacinação contra Covid-19. A Sunew cedeu painéis OPV para a geração de energia dos refrigeradores, portanto, mantendo temperatura adequada nesses deslocamentos da campanha.
A Sunew recbeu menção honrosa na premiação World Changing Ideas 2020 – Latin America, da revista Fast Company, dos Estados Unidos. Além disso, figurou entre as TOP 100 na premiação Start Up Energy Transition Award. TOP 100 é uma competição internacional para empresas iniciantes e jovens envolvidos com soluções na transição energética global e as mudanças climáticas.
O CSEM Brasil foi constituído em 2006, numa parceria proposta pela FIR Capital à CSEM Suíça – Centre Suisse d’Électronique et de Microtechnique. Teve apoio fundamental da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas gerais (Fapemig/Governo de Minas). A parceria visava o desenvolvimento e criação de novos produtos e atuação firme em P,D&I. Entrou em operação em 2008.
Entre as conquistas, o CSEM Brasil entrou para o rol das unidades Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação). Portanto, cadastrado como exclusivo, nos financiamentos Embrapii, em desenvolvimento de projetos da eletrônica como a do OPV e outros microssistemas. Isso inclui armazenamento de energia, energia solar e sensores.
O CSEM Brasil se apresenta como desenvolvedor de soluções para segmentos estratégicos em setores como construção, eletroeletrônica, energia, petróleo e gás. E realça que seus clientes são multinacionais presentes em mais de 100 países.
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