Enquanto áreas do turismo de Minas Gerais se esforçam para emplacar a expansão pelo nicho ferroviário, ressuscitando velhas Marias-Fumaça, o Rio Grande do Sul avança com trens modernos. No Próximo sábado (20/07), por exemplo, entrará em operação comercial (aberto ao público) o ramal, o Trem do Pampa, em Sant’Ana do Livramento, fronteira com Uruguai. A inauguração oficial (para convidados e autoridades), porém, foi sábado (13).
O ramal turístico marcará a chegada ao mercado do primeiro Prosper, veículo leve sobre trilhos (VLT) da Marcopolo Rail, divisão da Marcopolo S.A., de Caxias do Sul (RS). A composição, encomendada pela Giordani Turismo, emprega engenharia e design interno e externo nos padrões dos veículos articulados da encarroçadora gaúcha, líder no segmento de ônibus na América do Sul.
O Trem do Pampa, nesta fase, percorrerá 20 km, entre a Estação de Livramento e a de Palomas. O trajeto mescla paisagens típicas dos pampas naquela região: campos de planície com criação de gado, coxilhas e vinhedos.
Em Palomas, o pacote inclui degustação de vinhos e visita à Vinícola Almadén, da Miolo Wine Group. Os vagões foram batizados com nomes de duas variedades de uvas: Cabernet e Tannat.
Mas a Giordani Turismo também explora ferrovia turística com trem tracionado por locomotiva Maria-Fumaça. Neste caso, o Trem do Vinho, na Serra Gaúcha, que liga Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa (23 km).
Ainda na Serra Gaúcha, existe o ramal conjugado mais longo, o do Trem da Uva e Vinho: Canela/Gramado (9 km), Bento Gonçalves/Carlos Barbosa. A composição se desloca a 30km/h.
A Marcopolo colocará o Prosper nas carteiras transporte ferroviário para turismo e no sistema convencional de passageiros, ou seja, tanto nas ligações intercidades quanto urbanas. Os dois carros que compõem o trem oferecem assentos para 122 passageiros.
As laterais da composição são envidraçadas. Isso permite, portanto, maior visibilidade da paisagem.
Esse VLT será fornecido pela Marcopolo Rail para ferrovias com diferentes bitolas: métrica (1 m entre trilhos), standard (1,45 m) e larga (1,6 m). Os testes em Sant’Ana do Livramento foram iniciados há um ano.
O Prosper, versão diesel, atinge velocidade máxima de 80 km/h. Como seu deslocamento é bidirecional, elimina ferrovia com a chamada “pera”, arco de manobras para o retorno. O coletivo será produzido também com motores alimentados pelas redes de eletricidade.
Em Minas Gerais, de acordo com o site Pelas Estradas de Minas, são cinco circuitos de ferrovias turísticos em operação, sendo três com locomotivas Marias-Fumaça e dois a diesel. Os ramais com máquinas a vapor são: Tiradentes-São del-Rei (12 km); Trem das Águas, no Sul de Minas, entre São Lourenço e Soledade de Minas (20 km); e, Trem Serra da Mantiqueira, ligação Passa Quatro-Coronel Fulgêncio (10 km).
Com locomotivas a diesel, o Trem da Vale, liga Ouro Preto e Mariana, e o Trem da EFVM (Vale). A linha (18 km) entre as duas cidades históricas, entretanto, está paralisada desde 2020, por causa da pandemia da Covid-19 e para obras diversas.
O ramal da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) é dedicado ao transporte diário regular interestadual e liga (664 km) Belo Horizonte (MG) a Vitória (ES). Os trens partem das duas capitais pela manhã.
Outros Estados preservam alguns ramais com locomotivas que têm a lenha (ou carvão) como fonte de calor para o aquecimento a água e, então, geração de vapor. Essas máquinas centenárias retornaram aos trilhos pelo esforço e persistência da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). A ABPF, porém, não defende apenas a volta dos ramais de passageiros por onde percorriam as Marias-Fumaça.
No Paraná, a Rumo Logística opera o Trem Serra do Mar, que faz o percurso turístico entre Curitiba e a Morretes (70 km), no litoral. A composição, tracionada por locomotiva a diesel. Percorre enorme área de Mata Atlântica.
Entre Morretes e Antonina (16 km), há um ramal com a presença de locomotiva a vapor, do Trem Caiçara.
Santa Catarina também possui Trem Serra do Mar. Este, todavia, usa locomotiva a vapor. Liga Corupá a Rio Negrinho, percurso (60 km) pela Serra Mar regional.
Outro ramal catarinense com a presença da Maria-Fumaça é o do Trem das Termas. O trecho (25 km) liga Piratuba (SC) a Marcelino Ramos (RS).
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Em Minas, já fiz a viagem de Maria Fumaça de Ouro Preto a Mariana, São João del Rey a Tiradentes e já viajei no Vera Cruz, saindo da antiga Estação onde hoje é o Museu de Artes e Ofícios, partindo BH para o Rio. Foi uma noite inteira de viagem, mas foi muito legal. E sinto saúde da antiga Rede Mineira de Viação (RMV) que ligava BH ao oeste de Minas. Quando vou a Portugal saio de Lisboa para o norte viajando de trem para o Porto e na França de Paris à Provence. Pena que no Brasil os trens são considerados ultrapassados e não se pode mais fazer estas viagens inesquecíveis.
Esse tipo de artigo mostra bem as razões pela quais o Brasil é extremamente pobre de cultura e preservação histórica. Ambos meios podem fazer parte de atrativos turísticos, agora desmerecer o patrimônio histórico ativo que Minas tem com as Maria Fumaças é um tapa na cara da preservação da história, raízes e cultura de um lugar! São João Del Rey tem o maior número de locomotivas Baldwin preservadas no mundo, nem os EUA conseguem a façanha em um só museu.
Em Minas, o TREM, entrou para o dicionário, enquanto o seu artigo evoca um VLT, moderno? sim! Mas, sem charme algum, a beleza do passeio da maria fumaça é o retorno ao passado e a ferrovia, não tomar vinho e apreciar vinhedos, onde para tal, o VLT é apenas o personagem secundário da atração.
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