A defesa do impeachment de Bolsonaro ganhou mais uma adesão no domingo (12), mas ainda não é suficiente para abrir o processo. Para chegar aos 342 votos necessários, na Câmara dos Deputados, seria necessária a adesão de, pelo menos, um dos partidos do Centrão, o bloco parlamentar de apoio ao governo. Os partidos independentes têm 187 deputados, e a oposição, 132, totalizando 319 parlamentares. Pelas contas, faltariam ainda 23 votos para isso. Depende do Centrão.
Em resumo, foi dado mais um passo, com a adesão dos arrependidos, que votaram em Bolsonaro, como os movimentos de direita MBL, Vem Pra Rua e integrantes do partido Novo. Conseguiram a adesão de alguns do centro esquerda, como Ciro Gomes (PDT), e outros do centro-direita, como o PSDB dos governadores João Dória (SP) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Juntos, integram a terceira via presidencial, que tenta quebrar a polarização entre Lula (PT) e o Bolsonaro (sem partido). Outros atos de rua virão, dessa vez, organizados pelo PT e as esquerdas, previstos para 2 de outubro e 15 de novembro. Ao contrário do MBL e da terceira via, têm base popular.
Do ponto de vista institucional, existe outra dificuldade. A pressão está em banho-maria, como dantes no quartel do Abrantes, se depender dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Já o Supremo Tribunal Federal, o mais atacado por Bolsonaro, quer acreditar, mas não coloca sua mão no fogo.
Não se iludam. Com o recuo, Bolsonaro vai cobrar compensação das instituições democráticas para não voltar ao ataque. Por outro lado, quando a CPI da Covid no Senado o indiciar pelas omissões graves no combate à pandemia e prevaricação na compra de vacinas, ele irá chutar o pau da barraca de novo. Da mesma forma, ante o avanço das investigações nos inquéritos autorizados pelo STF contra ele.
Nos próximos dias, o governo pretende retomar o diálogo com o STF para solucionar o impasse sobre o pagamento dos precatórios. São dívidas da União reconhecidas pela Justiça e que preveem para 2022 uma despesa de R$ 89 bilhões. Neste ano, são de R$ 54,7 bilhões.
Se ficar acuado novamente, Bolsonaro voltará aos ataques e ameaças às instituições democráticas. Nessa hora, e antes de um golpe, o impeachment poderá entrar em pauta.
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