Zema assina benefícios concedidos aos servidores da Segurança Pública, foto Gil Leonardi/ImprensaMG
Ao anunciar o bloqueio de R$ 1,1 bilhão, Zema culpou a política fiscal do governo Lula, em especial os artigos do Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag). De acordo com seu argumento, o novo programa que renegocia o endividamento de Minas aumentou a previsão de despesas do estado em R$ 2 bilhões.
O argumento não seria sustentável, segundo especialistas, por uma razão simples: Zema ainda não aderiu ao Propag, o que pretende fazê-lo até dezembro (prazo final). Hoje, o governo mineiro está dentro de outro programa federal, o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que impõe várias restrições de gastos, entre elas dar reajuste salarial aos servidores, além de ser estimulado a privatizar suas empresas estatais.
Os motivos do corte são duas iniciativas do governo junto aos servidores. No último dia 12 de março, o governo anunciou ajuda de custo de alimentação a policiais militares, civis, bombeiros, policiais penais e demais servidores das forças de segurança. A medida beneficia somente os que estão na ativa.
Medida desagrada a cúpula
O valor concedido será de R$ 50/dia, a ser contabilizado na folha de pagamento deste mês, e poderá chegar até R$ 75/dia, a partir do cumprimento de metas. A estimativa é que o impacto da ajuda de custo representa valorização de até 34% na remuneração final. Para soldado, representará cerca de R$ 1.600/mês fora os auxílios fardamentos. Coronéis e reformados não gostaram da medida.
Detalhe, o RRF proíbe a concessão de verbas indenizatórias. Além do benefício, o governo está concedendo, por imposição de lei federal, a reposição de 5,26% aos servidores da Educação em função do Piso Nacional da Educação.
Tudo somado, o benefício aos policiais mais a reposição da educação alcançam duas das maiores categorias do funcionalismo, cerca de 80%. Juntos, esses gastos são maiores do que reposição salarial a todos os servidores. Ainda assim, o governo sentiu o impacto da conta e resolveu cortar no orçamento. Servidores da saúde e outros terão reajuste zero.
Basta pegar o microfone em eventos fora do palácio para Zema cravar o nome de seu vice, Mateus Simões (Novo), como pré-candidato a governador para 2026. Com menos intensidade, Lula já lançou o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) na mesma disputa e o leva a eventos para dar-lhe projeção. Cada um por suas razões age como cabo eleitoral antes da hora, contrariando leis eleitorais. A razão principal do governador é o alto nível de desconhecimento de Mateus Simões. Pesquisas divulgadas e não exibidas apontam essa dificuldade do vice. Daí os motivos de Zema para colocá-lo à frente das ações de governo e de citá-lo como nome mais capacitado para sucedê-lo. Já as preocupações do presidente estão mais ligadas à sua própria campanha de reeleição. Lula tem dito que precisa de um palanque forte em Minas, que lhe dê condições de repetir a vitória no estado. Já teria dito a Pacheco que, ganhando ou não a eleição para governador, ele não ficaria desassistido.
O sonho pessoal de Pacheco seria virar ministro da Suprema Corte, cargo identificado com sua atuação no campo do direito. Já sua trajetória política o deixa comprometido com Minas que o acolheu (nasceu em Porto Velho, Rondônia) e lhe deu projeção na advocacia criminalista e nos mandatos pelos quais foi eleito. Como senador, foi eleito por uma base política que, hoje, o reprova por ter adotado e mantido postura em defesa do estado de direito. Político de centro, irá sustentar possível candidatura desse campo para o centro-esquerda em função do cabo eleitoral maior. A associação já levou o concorrente Simões a criticar suas alianças. “Vou achar engraçado vê-lo como candidato do Lula. Ele nunca foi de esquerda”, ironizou Simões, no dia 15 de março passado, no programa Entrevista Coletiva (Band Minas), acrescentando que chegou a se desculpar pelas possíveis versões.
No mesmo programa, Simões exibiu certezas improváveis. Fez as contas e disse que, se ele e os concorrentes aliados se unirem numa mesma candidatura, não teria pra ninguém. Referia-se ao senador Cleitinho (Republicanos) e ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Antes, precisaria perguntar, para onde irão, por exemplo, o perfil dos votos que reelegeu Fuad Noman a prefeito de BH. Não existe uma eleição com apenas um lado disputando.
À exceção de Pacheco, seu aliado, o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB), tem sido assediado para ser candidato a vice-governador por sua capacidade de articulação. Tadeuzinho, como é mais conhecido, está ouvindo a todos, mesmo aqueles fora de campo. Na dúvida, vai se aconselhando com outros especialistas para sentir até onde pode ir. Sua base política na Assembleia Legislativa é, hoje, maior do que a do próprio governador. Fora dali e de suas bases eleitorais próprias, o projeto teria que ser construído.
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