Luiz Henrique Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde e, no seu lugar, entrou Nelson Teich. Embora o novo ministro já tenha dito que não vai dar um cavalo de pau na política de combate à pandemia do coronavírus, seu chefe, Jair Bolsonaro, espera que ele flexibilize as regras de isolamento recomendadas pelo antecessor, para evitar danos maiores à economia.
Seja qual for a orientação de Teich, a crise do coronavírus está instalada no país e não há sinais de que ela será resolvida no curto prazo. Oxalá não se agrave, em caso de o novo ministro optar pelo chamado isolamento vertical, aquele que isola apenas pessoas acima de 60 anos e portadores de doenças crônicas, como diabéticos e hipertensos, e que é defendido pelo presidente.
Mas a outra crise que assola o país chama-se Jair Bolsonaro. E essa parece ser mais difícil de resolver, até mesmo porque o presidente, como tem demonstrado quase que diariamente, gosta de provocar e de se alimentar de crises.
Contra tudo e quase todos, não respeita a orientação para cumprir o isolamento social, estimula aglomerações, limpa o nariz e na sequência dá a mão a apoiadores, briga com governadores, critica o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e ministros do Supremo, insiste na abertura do comércio, apesar de ele permanecer fechado (fora setores considerados essenciais) em praticamente todo o mundo.
Hoje mesmo, na posse do novo ministro Nelson Teich, defendeu não só a reabertura do comércio, mas também as fronteiras do país. Bolsonaro vai mudar? Dificilmente.
A não ser que o cenário mude radicalmente a ponto de que ele seja apeado do Poder, dentro das regras previstas na nossa Constituição, como aconteceu já com dois presidentes da República na história recente do país, teremos que conviver com essa crise até o final de 2022. É assim nas democracias.
Clima para impeachment, no momento, não há, embora Bolsonaro já tenha cometido uma penca de crimes de responsabilidade. Argumentos jurídicos não faltam, mas falta apoio político. Mas como dizia a velha raposa mineira Magalhães Pinto, política é como nuvem.
E que o Brasil tenha mais sorte com a crise do coronavírus.
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