Política

Assembleia registra em placa de aço nomes dos mortos no crime da Vale

Crime que vitimou 272 pessoas” – com essa convicção do relatório de sua CPI, a Assembleia Legislativa homenageia as vítimas da tragédia da Vale em Brumadinho. A dois dias de completar um ano do desastre, o Legislativo mineiro registra em placa de aço o nome de todos os mortos. No dia 25 de janeiro de 2019, barragem da Vale, da Mina Córrego de Feijão (Brumadinho), rompeu causando desastre social e ambiental sem precedentes. Mais grave, a morte de 283 pessoas, das quais 11 ainda estão desaparecidas na lama deixada pela tragédia.

“O rompimento da estrutura foi a causa, documentalmente comprovada, dos eventos (apurados). No entendimento desta Casa, faz inequivocamente tratar-se de crime. Crime, aliás, sem precedentes. Crime que vitimou 272 pessoas”, diz trecho do relatório final da CPI da Assembleia. O teor do documento acabou por orientar as investigações do Ministério Público que ajuizará ação criminal contra os responsáveis pelo desastre.

Relatório aprovado por unanimidade

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Barragem de Brumadinho (Grande BH) iniciou os seus trabalhos em março de 2019. Durante as investigações, foram colhidos 149 depoimentos e realizadas 32 reuniões e duas visitas. E ainda foram aprovados centenas de requerimentos a autoridades e órgãos públicos.

A CPI teve seu relatório final aprovado por unanimidade em reunião com a presença de familiares das vítimas. O documento responsabilizou a mineradora Vale e pediu o indiciamento de 11 de seus dirigentes e funcionários. Além deles, de dois auditores da empresa alemã de consultoria Tüv Süd. Com 300 páginas, o relatório ainda propôs a criação do Grupo de Trabalho da Barragem de Brumadinho. Iniciativa inédita, esse grupo vai monitorar a implementação das recomendações apresentadas no relatório final.

Homenagem para preservar a memória

A solenidade de homenagem será realizada nesta quinta, a partir das 17 horas, no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira, da Assembleia. A cerimônia será marcada pela inauguração de uma placa estilizada com os nomes de todos os mortos. Além dos nomes, a obra também traz breve contextualização e estrofe do poema Lira Itabirana, de Carlos Drummond de Andrade. “Quantas toneladas exportamos/De ferro? /Quantas lágrimas disfarçamos/Sem berro?”, pontua trecho de sua obra.

O monumento em homenagem à memória dos atingidos pela tragédia será instalada em frente ao prédio do Legislativo, na Praça Carlos Chagas. O descerramento da placa será seguido de toque de silêncio, além de pronunciamentos de familiares das vítimas e do presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV).

O ato tem o objetivo de preservar a memória, a fim de que jamais sejam esquecidos os 272 mortos na tragédia, incluindo-se dois nascituros. Onze vítimas ainda não tiveram seus corpos localizados. Um ano após a tragédia, as equipes de resgate permanecem com operações de busca no local.

“Crime social e ambiental”

“Muitas vidas se foram em razão de um verdadeiro crime social e ambiental. O dia 25 de janeiro está e estará para sempre em nossas memórias como uma das mais tristes e dolorosas páginas da história de Minas. A Assembleia esteve ao lado das pessoas atingidas por essa tragédia desde o primeiro momento. Por isso, a Casa faz essa sincera e respeitosa homenagem. São marcas de uma dor que não cicatriza. Neste momento, tanto quanto um ano atrás, a dor de todos nós permanece”, afirmou Agostinho Patrus.

Nova regra proíbe barragem a montante

Outra importante medida da Assembleia, no período, foi a revisão do conjunto de normas vigentes, com a aprovação da Lei 23.291, de 2019. O texto criou a Política Estadual de Segurança de Barragens. A regra proibiu o método de construção de barragens de alteamento a montante, estrutura da Vale em Brumadinho. Determinou também a migração dos empreendimentos para modelos alternativos, considerados mais seguros.

(*) Com informações do site da ALMG

Vale reservou R$ 7,652 bi para descomissionar barragens

Orion Teixeira

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