A reitora Sandra Goulart e o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus, foto Guilherme Dardanham/UFMG
A Assembleia Legislativa irá destinar cerca de R$ 30 milhões do acordo da Vale com o Estado para a produção da vacina da UFMG contra Covid. O anúncio foi feito nesta quarta (14) pelo presidente do Legislativo, Agostinho Patrus (PV), durante reunião virtual da qual participou a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida.
A reunião foi destinada a ouvir a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, sobre os estudos em andamento na universidade relacionados ao desenvolvimento e à produção de vacina contra o novo coronavírus. Expôs, porém, as dificuldades orçamentárias que ameaçam o projeto.
“Vamos reduzir ações pouco efetivas para este momento que vivemos contidas no projeto e exigir que o repasse para o desenvolvimento da vacina seja feito ainda neste ano. E que não haja nenhuma interrupção dos estudos. Esperamos que as mortes ocorridas em razão do rompimento da barragem (da Vale) não tenham sido em vão e tragam possibilidade de vida”, argumentou o presidente da Assembleia.
Agostinho referia-se ao projeto (PL) 2.508/21, do governador Romeu Zema (Novo), que tramita na Assembleia e trata da destinação dos recursos oriundos do acordo da Vale. A proposta autoriza a utilização desses valores para a reparação de danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (Grande BH). Na tragédia, ocorrida em janeiro de 2019, morreram 272 pessoas, além da destruição ambiental e econômica e social da região.
Para viabilizar o desenvolvimento da vacina da UFMG, ele se comprometeu a incluir, por meio de uma emenda a esse projeto de lei, a destinação do valor de R$ 30 milhões. O recurso é o quantitativo necessário para as fases 1 e 2 dos testes neste ano.
O presidente da Assembleia acrescentou que vai pedir para que a emenda seja assinada por todos os 77 parlamentares da Assembleia. Segundo ele, a partir desta quinta (15), as equipes técnicas da ALMG e da UFMG já poderão trabalhar juntas nas questões relacionadas ao repasse de recursos.
“A vacina é nossa solução para reduzir o sofrimento das pessoas, para garantir o retorno seguro das atividades econômicas e para assegurar, acima de tudo, a vida”, justificou.
A reitora da UFMG apontou a relevância dos recursos para a continuidade dos estudos, especialmente por conta dos cortes que a universidade sofrerá neste ano. Contou que a UFMG terá, neste ano, corte de R$ 40 milhões no seu custeio, o que corresponde a 18,9% do seu orçamento, o que inviabilizaria o projeto.
Sandra Goulart observou que a vacina identificada como “quimera proteica” está em estágio mais avançado entre outras seis pesquisadas pela UFMG e parceiros. É também, segundo ela, uma das três em desenvolvimento mais adiantadas no país. “Chegamos a um ponto em que não podemos parar”, afirmou.
A reitora comentou que esta vacina intramuscular apresenta baixo custo em relação a outras. “Já sabemos como produzi-la. É uma vacina tradicional”, disse. Adiantou que os testes em camundongos apresentaram resultados de 100% de eficácia, uma vez que nenhum deles desenvolveu a doença. Desde a última terça (13), ela já está sendo testada em primatas.
A expectativa da reitora é de que, em 2022, a vacina possa ser produzida nacionalmente. Sandra Goulart comentou que acordo já está sendo feito com a Fundação Ezequiel Dias (Funed) para essa finalidade.
Segundo a reitora da UFMG, o desenvolvimento da vacina é uma questão de soberania nacional e de responder ao desafio da pandemia no contexto de escassez de imunizantes. Embora o valor da pesquisa seja alto, ela disse que é preciso refletir sobre o custo da importação de insumos, que é ainda maior. Além disso, apontou a possível necessidade de se vacinar contra a Covid anualmente.
Deputados também participaram da reunião. A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que preside a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia, foi autoria do encontro. Disse que a Assembleia tem sido protagonista no enfrentamento da pandemia no Estado e cobrou do governo investimentos para o desenvolvimento de vacina em Minas. “Pessoas estão morrendo de uma doença para a qual já existe vacina. Precisamos investir nisso. É um debate pela vida e pela soberania”, afirmou.
A deputada Laura Serrano (Novo) endossou que é preciso pensar conjuntamente nas soluções para essa crise, aprovando o apoio da Assembleia ao desenvolvimento da vacina.
O deputado André Quintão (PT) defendeu a vacina como a solução para este momento. O petista acrescentou que haverá necessidade da destinação de recursos para a vacina em desenvolvimento pela UFMG também no próximo ano. Ele e Carlos Pimenta ainda defenderam investimentos na Funed para que ela dê conta de produzir a vacina no momento oportuno.
A reitora da UFMG abordou a parceria com a Assembleia no enfrentamento da pandemia. “Esse trabalho conjunto tem sido essencial para que possamos atender diversas demandas da nossa sociedade mineira”, afirmou.
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