Política

Bolsonaro polariza com Lula e diz que ele “é carta fora do baralho” na eleição de 2022

O presidente Jair Bolsonaro disse, em entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, exibido na madrugada dessa segunda, que o ex-presidente Lula é “carta fora do baralho” nas eleições de 2022. Bolsonaro também afirmou que Lula “não é cabo eleitoral para mais ninguém”.

Jair Bolsonaro tem razão, embora parcialmente. Se a eleição para presidente da República fosse hoje, Lula não poderia mesmo participar, uma vez que foi condenado em segunda instância e está impedido de concorrer com base na Lei da Ficha Limpa.

A eleição presidencial, entretanto, será em 2022 e, até lá, não é de todo impossível que o ex-presidente Lula recupere seus direitos políticos. Isso pode acontecer, por exemplo, se o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, que foi da 13º vara de Curitiba e condenou Lula em primeira instância.

A Segunda Turma do STF deve julgar o tema no primeiro semestre de 2020 e se Moro for considerado suspeito, as condenações de Lula deverão ser anuladas e seus processos voltarão à estaca zero. Caso isso ocorra, o ex-presidente poderá, se quiser, participar, como candidato, das eleições presidenciais de 2022.

Já dizer que Lula não é mais cabo eleitoral para ninguém, nada mais é do que um argumento político para desqualificar o adversário, que faz parte do jogo. Basta dizer que mesmo da cadeia, em Curitiba, onde ficou por 580 dias presos, Lula conseguiu colocar seu candidato, Fernando Haddad, no segundo turno da eleição presidencial de 2018.

Goste-se ou não de Lula, menosprezar sua força política seria ingenuidade ou burrice. E Bolsonaro, definitivamente, não ingênuo e muito menos ingênuo. Eventual disputa entre ambos, tudo indica, seria acirradíssima.

Embora, como apontam as pesquisas, o principal adversário do presidente hoje seria o seu ministro da Justiça, Sérgio Moro. Além de ser bem mais popular que Bolsonaro, ele seria o único candidato (embora pesquisa seja apenas um retrato do momento) com potencial para derrotar o atual presidente num eventual no segundo turno.

Ricardo Campos

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