Política

Congelamento de Zema a reajuste impõe perda de 55% a servidor

Pior do que o congelamento de reajuste salarial, que o governo Zema insiste em negar, a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) irá impor perdas salariais de até 55% ao servidor. O cálculo foi feito por especialistas que estudaram o plano de metas que o governo divulgou, no dia 16 passado, para obter aprovação da Assembleia Legislativa.

O plano de Zema admite só duas revisões salariais em parcelas de 3%, se houver crescimento econômico, em 2024 e 2028. Vamos aos números. Em 2022, a inflação foi de 5,8%; a de 2023, caminha para 5%. Em ambos os casos, não houve reposição até agora, num consolidado de 11%. Os analistas calculam que a inflação dos próximos dos nove anos, a 5%/ano na média, totalizará 45% até 2032 (fim da adesão). Tudo somado, por baixo e com juros compostos, haverá perdas de 55%.

Frente de sindicatos

De acordo o deputado (governista) Sargento Rodrigues (PL), um dos mais indignados, o salário inicial de um soldado, hoje de R$ 4 mil, cairá para R$ 1,8 mil ao final do regime. “Até lá, a inflação não deixará de acontecer. E mais, em 2028, na segunda revisão prevista, Zema não será mais governador. Sairá rico, com reajuste de 300% que se deu, deixando a bomba para nós”, advertiu ele.

Foi formada uma frente de 22 sindicatos que representam diversas categorias para pressionar os deputados pela rejeição ao RRF. “No dia 7 de novembro, faremos paralisação na educação para deixar claro que somos contra esse processo”, avisou Denise Romano, diretora do SindUte-MG (servidores da Educação).

Sucateamento

O presidente do SindifiscoMG (auditores fiscais), Edinho Mateus, prevê sucateamento do serviço público, com a desvalorização do servidor, aumento de tarifas (privatizações) e perda de autonomia do Estado, com a criação de Conselho Gestor para administrar o governo no RRF. A presidente da Affemg (funcionários fiscais), Sara Felix, antevê o empobrecimento das famílias dos servidores por conta do congelamento do reajuste. “Além do que, a revisão de 3% em duas parcelas tem dois condicionantes. O primeiro depende do crescimento econômico; e o segundo é que o governador será outro”, advertiu.

O deputado federal Reginaldo Lopes (PT), um dos mais próximos do governo Lula, disse a este jornal, na edição de domingo (21/10), que diminuir a renda per capita da família é também diminuir o crescimento econômico do estado.

Orion Teixeira

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