Política

Contabilidade sem fim em rombo na Americanas

A contabilidade investigativa do rombo na Americanas S.A., agora com a liga de suspeita de fraudes, aterrissou em um mercado persa de valores. Não há convergência, por exemplo, entre números do “3º Relatório Mensal de Atividades – abr/2023”, da administração judicial, e os Fatos Relevantes desta semana da diretoria da companhia. Ficou evidente a divergência em comunicados de terça (13/06) à Bolsa de Valores B3. Eles, além disso, apresentaram denúncias de “fraude” pela diretoria anterior.

O Grupo Americanas está em recuperação judicial desde 12 de janeiro. São acionistas referenciais (principais) os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Hermann Telles e Carlos Alberto da Veiga Sicupira. Eles controlam a multinacional de cervejarias Anheuser-Busch InBev (AB InBev). Ou seja, na cúpula está quem foi, até janeiro, o maior bilionário do Brasil, Paulo Lemann.

Jogo os bilhões a mais e a menos no rombo

O rombo apontado na Americanas pelo 3º Relatório, divulgado mês passado, era de R$ 50,1 bilhões. Na terça (13/06), entretanto, ficou menor em Fatos Relevantes da diretoria executiva da companhia à Bolsa de Valores B3 (Brasil. Bolsa. Balcão).

O somatório dos valores da “inconsistência” e “fraude”, nos comunicados ao mercado, ganharam a cifra de R$ 45,9 bilhões.

Mas, no relatório de abril, dos administradores judiciais nomeados pela 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro, o rombo já era de R$ 50,1 bilhões. Sem citar “fraude”, estava assim: R$ 42,5 bilhões (fevereiro) da Americanas, e, R$ 7,6 bilhões (apresentado em abril), demais empresas do Grupo Americanas.

Os administradores da recuperação da Americanas são o Escritório de Advocacia Zveiter e Preserva Ação Administração Judicial. Veja no link abaixo Detalhes do 3º Relatório.

Americanas adiciona “fraude” ao rombo

A diretora Financeira e de Relações com Mercado, Camille Loyo Faria, assina às informações à Bolsa de Valores. Salienta, porém, que os dados da “fraude” são com base em “relatório contendo achados preliminares” de um “comitê investigativo independente”. Além disso, ainda “não auditados”.

Americanas, todavia, julgou suficiente o relatório para, de forma pública, apontar sete ex-diretores como responsáveis pela suposta fraude:

O Relatório indica, ainda, a participação na fraude do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes (sic).

Veja íntegra do comunicado à Bolsa no qual apresenta a fraude.

Presidente: irregularidades acertadas via WhatsApp

Na sequência do comunicado de “fraude” à Bolsa B3, nesta terça (13/06), o atual

presidente executivo da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, adicionou novos elementos. Pareceu, portanto, passos planejados, pois, na própria terça (13) foi ouvido pela CPI da Câmara.

Entre várias informações graves, abordou, por exemplo, combinações de fraude via WhatsApp. O executivo afirmou que 30 pessoas são suspeitas.

Leonardo assumiu o cargo um mês após a denúncia da “inconsistência” contábil no balanço do 3T22.

Novos elementos surgirão, certamente, na primeira semana de julho. Essa é a época em que a CPI pretende ouvir os ex-diretores citados pela Americanas à Bolsa de Valores B3.

Título original: Contabilidade sem fim para o rombo bilionário

Nairo Alméri

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