O presidente Jair Bolsonaro já negociava com deputados do Centrão para tentar evitar que um eventual pedido de impeachment pudesse avançar na Câmara dos Deputados. A partir de hoje, entretanto, a fatura vai sair mais cara.
A Polícia Federal mostrou vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril ao ex-ministro Sérgio Moro, hoje desafeto do presidente, e integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR). Nela, o presidente Jair Bolsonaro teria vinculado a mudança do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro a uma proteção de sua família.
Essa havia sido a denúncia feita por Moro quando anunciou que estava deixando o governo: o presidente queria interferir na Polícia Federal para evitar que as investigações chegassem a seus filhos. E logo após assistir ao vídeo, o ex-ministro se apressou em emitir nota para dizer que as falas do presidente confirmavam o que ele havia denunciado – mesmo o processo estando ainda sob sigiloso.
A bola, por enquanto, está com o procurador-geral da Republica, Augusto Aras, que vai decidir se denunciará o presidente por algum crime. Há dúvidas se o fará, visto que estaria sonhando com a vaga no Supremo do ministro Celso de Melo, que se aposenta em setembro. Se o fizer, o relator do caso no STF (o mesmo Celso de Melo) terá que enviar à Câmara um pedido de licença para processar o presidente.
Neste ponto é que o Centrão se fortalece ainda mais. Para que o presidente seja processado, serão necessários os votos de 342 deputados. É quando a política do “é dando que se recebe” se intensifica entre o bloco dos parlamentares centristas, que não costumam se vender por 30 dinheiros.
A não ser que haja uma reviravolta no cenário político, o presidente está hoje refém do Centrão, o grupo que representa a Velha Política tão criticada por ele durante a campanha eleitoral. Sendo denunciado por Aras e se conseguir impedir que a Câmara dê licença para que seja julgado pelo STF, é com essa gente que Bolsonaro vai ter que governar.
Deus tenha piedade de nós!
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