De acordo com o Boletim Epidemiológico de Minas, 41% dos casos confirmados de Covid-19 que não evoluíram para óbito desde o começo da pandemia são de pessoas negras e pardas. Vinte por cento do total de casos não tiveram a raça informada. Já a porcentagem de óbitos pela doença de pessoas negras e pardas desde março do ano passado é de 49%. Outros 35% são brancos e 7% do número total de óbitos não tiveram a raça informada.
Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as causas seriam a falta de informação, de acesso à saúde básica, de saneamento e de políticas públicas direcionadas a esta população.
Na avaliação de especialistas, a explicação para essa diferença é a desigualdade social e econômica. “Durante a pandemia, a desigualdade foi escancarada. A mortalidade da população negra é muito mais alta, não só no Brasil, como também na Europa e nos Estados Unidos. Claro que nós temos que considerar aqueles determinantes sociais, que são muito importantes para a evolução de qualquer doença. A população negra e periférica tem condições de saúde muito mais precárias”, analisou Unaí Tupinambás. Além de médico infectologista, ele é professor de Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG.
Em reunião, a Comissão de Direitos Humanos, da Assembleia Legislativa, vai debater os impactos da doença nessas populações, devido a questões socioeconômicas e raciais no próximo dia 12.
No mesmo evento, irão debater ainda os 133 anos da assinatura da Lei Áurea. Outro tema são as consequências dos 388 anos de permanência da escravidão negra no Brasil no cenário de violações de direitos humanos desencadeado pela pandemia.
Os debates acontecerão durante audiência pública, no auditório José Alencar, na Assembleia Legislativa, a partir das 13 horas. A audiência foi requerida pela presidente da comissão, deputada Andréia de Jesus (PSOL) e pela deputada Leninha (PT).
Além delas, participa a coordenadora de Saúde Indígena e Políticas de Promoção de Equidade em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Luisa Silveira. A coordenadora-geral do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab), Makota Célia Souza, também foi convidada. Outra presença prevista é da coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado, Angela Maria Gomes, entre outras.
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