Cidade Administrativa de Minas está interditada, foto Gil Leonardi/ImprensaMG
Por conta de vários problemas, desde a concepção até a execução da obra, o então governador Fernando Pimentel (2015/2018) tentou vender a Cidade Administrativa (CAMG). Em consultas informais, o mercado sempre desdenhou. Um fundo de Cingapura se interessou, mas rebaixou os valores. Não deu certo. O projeto era vender todos os prédios e alugar um deles para colocar todas as secretarias, hoje espalhadas pelos quatro imóveis da CAMG. O que mais impressionou Pimentel e equipe foi o alto custo de manutenção do novo centro administrativo de R$ 120 milhões/ano ou R$ 10 milhões/mês.
A obra custou R$ 1,7 bilhão, não gerou economia de aluguel, pois muitos prédios onde antes as secretarias funcionavam eram próprios. Além disso, 75% da água tratada consumida é usada para resfriar o ar-condicionado. E mais, toda aquela obra faraônica, construída em área de pântano, não tinha drenagem pluvial como ficou constatado após inundação das garagens em 2015. Além de não ter trazido a economia divulgada, a repartição pública não puxou o crescimento, nem desenvolveu a região Norte da capital como o marketing prometia. “A obra não é sustentável”, reafirma o ex-secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães (2015/2018).
Na época, o ex-governador Aécio Neves (PSDB), autor da obra, ligou para Pimentel, reclamando das críticas. Disse que, entre 2011 e 2014, a economia gerada com a CAMG foi de R$ 447,2 milhões, comparados os gastos de manutenção dos serviços ao ano com aqueles registrados em 2009, quando o governo operava em vários endereços. E que o Estado deixou de gastar cerca de R$ 80 milhões nos quatro anos com aluguéis. O governo Pimentel contestou a informação, afirmando que muitos órgãos continuam operando fora de lá.
Sem conseguir vender, Pimentel buscou ajustes para reduzir os custos. Desativou o Palácio Tiradentes. Saíram de lá a Casa Civil e a Secretaria-Geral, além do gabinete do governador. Pimentel despachava na histórica sede, o Palácio da Liberdade. Tudo ficou concentrado em dois prédios. Ainda foi feita a drenagem pluvial que faltava e concluídos 70% da obra parada do quarto prédio da CAMG.
Único prédio da CAMG que tem alvará dos Bombeiros é o que foi construído pela gestão petista. Até porque, a construção de quatro andares é a sede das forças de segurança do estado, entre elas o Corpo de Bombeiros, responsável pelas licenças. Além desse, o heliponto recebeu também, mas não conseguiram o alvará para todos os prédios.
Os consecutivos laudos e pareceres técnicos avisaram ao governo Zema que o problema dos elevadores era a falta de manutenção. Em janeiro de 2016, o então secretário Helvécio Magalhães recebeu a transferência da CAMG pela estatal Codemig. Atestou que “o ativo imóvel não sofre restrição e está livre e desembaraçado de ônus real, pessoal, fiscal, judicial ou extrajudicial, dúvidas, dívidas…”. É o que diz o parágrafo 5º do termo de transferência, declarando ainda ter vistoriado o imóvel e dando ciência de que os prédios estavam em situação adequada.
Sete anos depois, em dezembro último, a empresa Vistoriar fez parecer, a pedido do governo Zema. O vice-governador Mateus Simões e a secretária de Planejamento e pré-candidata a outra cidade, a de Belo Horizonte, Luísa Barreto (ambos do Novo), alegaram vício oculto, um problema técnico não identificado na conclusão da obra. Pelas várias fotos feitas na auditoria da Vistoriar, ficou claro que a corrosão dos materiais do elevador foi causada pela falta de manutenção. Quando assumiu, Zema desfez a equipe de manutenção.
O retorno de Zema a BH, ontem à noite, mais a decisão do presidente da Assembleia, Tadeu Leite, em votar o projeto de reposição salarial faz decisiva esta semana. E mais, os policiais e bombeiros preparam grande manifestação para esta terça (21) contra a reposição de 3,62%. Na capital e no interior, onde há sede de Região Integrada de Segurança Pública. Farão apelo aos deputados, especialmente, àqueles 50 que votaram a favor, apesar das ilegalidades, do reajuste de 300% para Zema e secretários.
Em 2022, um dia após reeleito, Zema reafirmou compromisso com a reposição inflacionária aos servidores, em entrevista à TV Globo. “A nossa projeção é que todo ano todos os servidores tenham uma reposição salarial. Eu sou da opinião que é uma injustiça, algo inadmissível que alguém que trabalhe num país que tem inflação, muitas vezes, de 3%, 5%, 8%, 10%, como foi há pouco tempo, ficar sem recomposição anual…”
Joalherias e outros setores do comércio baixaram as portas no interior, especialmente em Uberlândia (Triângulo), onde policiais adotaram a operação tartaruga contra a reposição do governador. Nessa cidade, as ocorrências apontam crescimento exponencial da criminalidade.
(*) Publicado no Jornal Estado de Minas
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