Política

Risco de Damião é ficar refém da Câmara de BH; entenda

A partir da próxima quinta-feira (3/3), quando será empossado prefeito de BH, oito dias após a morte de Fuad Noman, Álvaro Damião (União) começa a definir como será a nova PBH. Vai lidar com pressões que colocarão à prova sua capacidade política e administrativa. O desafio maior está na política por conta de uma razão mais óbvia do que outras. Na linha sucessória regimental, o “vice-prefeito” passa a ser o presidente da Câmara, vereador Juliano Lopes (Podemos).

As rusgas passadas entre eles, na eleição ao comando do Legislativo, podem ser superadas, mas as futuras, não. Ao contrário de seu antecessor, Juliano Lopes ainda não alimenta sonhos de virar prefeito numa crise política, do tipo impeachment do prefeito, mas também fará sua defesa. Não é seu papel, e ele também representa um grupo político que tem muita sede de poder. Uma coisa e outra criam o ambiente propício para os ataques de uma mosca da cor azul.

Intrigas à parte, Damião terá que acordar e dormir contando os votos que detém na Câmara para ter governabilidade e estabilidade política. Hoje, ele teria uma base de apoio de 26 dos 41 vereadores, número de risco para aprovar projetos de quórum qualificado e até impeachment.

Relações com o Legislativo devem ser a parte mais pesada de uma gestão, seja municipal, estadual ou federal. Quatorze votos são suficientes, por exemplo, para criar CPI, as temidas comissões parlamentares de inquérito, que, raramente, se amparam em fatos concretos ou denúncias robustas. Uma vez formada, detona uma escalada de desgastes. O risco é ter que entregar os cargos do primeiro escalão para ficar de bem com os vereadores aliados. Ainda assim, a senha para ser secretário é “quantos votos o candidato tem na Câmara”.

Pacheco é conselheiro-mor

Na missão, Damião contará com apoios de força, peso e de experiência política. Tem a força do deputado estadual e vice-presidente da rede Itatiaia de rádio, João Vitor Xavier (Cidadania). O peso e a experiência virão do ex-presidente do Congresso Nacional e senador Rodrigo Pacheco (PSD), o mesmo que bancou a indicação de Damião para ser vice de Fuad. Assim, diminuem as chances de erro do novo prefeito, mas a política é dinâmica. Nesta semana, por exemplo, Damião deverá exonerar aquele que disputou com ele a vaga de vice de Fuad, Daniel Messias, atual chefe de gabinete do prefeito.

Mudar ou não

Como Daniel Messias, outros tidos como da cota pessoal de Fuad Noman, homens de confiança chamados de “núcleo duro”, deverão se reunir com Damião numa visita técnica. No encontro, deverão entregar os cargos em um protocolo saudável. Integram esse grupo também o secretário-geral, Jorge Prym, o secretário de Relações Institucionais, Paulo Lamac, o procurador do município, Hércules Guerra, entre outros. Podem até ser considerados da confiança de Fuad, não ter votos na Câmara, mas detêm capacitação reconhecida.

Secretarias mais cobiçadas

Além das tradicionais Saúde e Educação, outras pastas estão na mira dos vereadores em termos orçamentários. A de Mobilidade Urbana é a terceira “mais rica”, que será responsável, para citar algumas, pela renovação dos contratos com ônibus, municipalização do Anel Rodoviário, obra do BRT da Avenida Amazonas, em parceria com o governo de Minas. Somente na área do transporte coletivo, a prefeitura colocou R$ 700 milhões a título de complementação da passagem. Como desafio político, tramita na Câmara o projeto Tarifa Zero, que, se aprovado, dobraria, no mínimo, o subsídio para as empresas de ônibus. Além dessa pasta, outras estão no páreo como a de Assistência Social, hoje comandada pelo secretário mais longevo da prefeitura, Josué Valadão, a de Obras.

Petistas aderem a Falcão

O PT está apoiando a candidatura do prefeito de Patos de Minas (Alto Paranaíba), Luiz Eduardo Falcão (Novo), a presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM). A adesão petista não é partidária e deverá reforçar a neutralidade do governador Zema, do mesmo partido de Falcão, que passou a campanha dando sinais bipolares. Participou de eventos do atual presidente, que é candidato à reeleição, Marcos Vinicius Bizarro (sem partido), e do concorrente. As eleições ocorrem na próxima sexta (4), na sede da entidade, em inédita disputa intensa e acirrada. Às 17h deste domingo (30/3) foi encerrado o prazo de registro de chapa. A disputa entre Bizarro e Falcão irá marcar a semana política.

Pai de Nikolas na área

Surge mais um complicador para os pré-candidatos ao Senado. Como seu filho não tem a idade exigida de 35 anos pelo cargo, o pai do deputado federal Nikolas Ferreira, pastor Edésio, o representou no encontro do PL 60+, no sábado (29/3), e fez discurso de pretendente ao Senado. Ainda neste domingo, o deputado federal Eros Biondini, também do PL, divulgou pesquisa na qual teria melhores chances nessa disputa. “Serei o nome da direita no Senado”, disse ele.

Orion Teixeira

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