Política

Voto útil entra em ação para barrar avanço da direita em BH

Pesquisas e trackings (sondagens diárias) que estão sendo feitas sinalizam que, no cenário de momento, somente o chamado voto útil poderá barrar o avanço da direita no segundo turno de BH. Além da liderança estabilizada do candidato Mauro Tramonte (Republicanos), com perfil de centro-direita, cresceu nos últimos dias a candidatura do direitista Bruno Engler (PL).

O bolsonarista divide a segunda colocação com o prefeito e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD) e, ainda, com Duda Salabert (PDT). Os dados se amparam na recente pesquisa do Datafolha (TSE 2912/24). Em cenário de reta final, o bolsonarismo costuma se mobilizar, especialmente após a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro a Belo Horizonte e região. E mais, as pesquisas qualitativas feitas por Bruno Engler o fizeram alinhar o discurso para algumas demandas locais, como o transporte coletivo e mobilidade urbana. Em sua estrutura de campanha, conta ainda com empresa de consultoria de gestão de alcance internacional.

Rejeições são altas

Contra o avanço de Engler, há a rejeição ao bolsonarismo na casa dos 30% e a ele próprio, que passou de 20% para 26%, segundo o instituto paulista. O desafio de Fuad Noman e de Duda é derrotar o bolsonarismo ainda no primeiro turno, para que um deles seja o finalista. De acordo com o mesmo instituto, 24% não votariam de jeito nenhum em Duda Salabert (eram 27%). A resistência a Fuad está em 16% (já foi 18%).

Após 10 dias de propaganda eleitoral na TV e no rádio, Fuad tem melhorado seu desempenho. De acordo com o Datafolha, a taxa de conhecimento dele cresceu de 59% para 68% enquanto os índices de conhecimentos dos outros candidatos ficaram estáveis.

Quem ganha, quem perde

Além de maior conhecimento, via TV e rádio, Fuad como Duda podem ser favorecidos pelo voto útil entre aqueles eleitores (as) que são contra a direita. Entre eleitores de Fuad, 48% são petistas, 21%, bolsonaristas e 24% de centro. Na parcela que declara voto em Duda Salabert (PDT), há predomínio de petistas (71%), e 21% se posicionam no centro da escala. Nessa contagem regressiva, até o dia 6 de outubro, um deles poderá atrair maior percentual caso amplie antes o desempenho e as chances de passar ao segundo turno.

Para isso, como eles, todos os concorrentes estão reorientando suas campanhas. Ninguém quer sair delas menor do que entrou. O candidato do Podemos, Carlos Viana, é um caso típico. Já foi líder das pesquisas e, agora, segundo os institutos, está desidratando cada vez mais.

Pode ser que ainda dê tempo de um reposicionamento, mas os candidatos não podem desprezar a propaganda na tv e no rádio. Afinal, é o meio mais ágil e de maior alcance junto às classes C e D, que acompanham o mundo da política e da eleição pela televisão e que, ao final, decidem uma eleição.

Um debate quente

A TV Alterosa e os Diários Associados realizaram, na quarta (11), o debate mais quente entre os candidatos presentes e ausentes. Além do formato, o grande mérito foram as regras bem definidas e a firmeza no cumprimento delas. Quem viu, ganhou; quem participou também pela oportunidade de melhorar o desempenho. Quem fugiu, como Fuad e Carlos Viana, fez cálculo de danos, avaliando que a presença traria desgaste maior. Fuad apanhou muito; Viana ficou esquecido como quem desistiu da disputa e não avisou.

(*) Publicado no Jornal Estado de Minas

Orion Teixeira

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