O partido de Romeu Zema, o Novo, entrou em parafuso depois que o próprio governador reeleito revelou que estavam buscando a fusão com outra legenda. Por quê? Como se sabe, o Novo foi um dos seis partidos que não conseguiram atingir a cláusula de barreira, que impõe a cada de eleição uma votação mínima em todo o país para se manter vivo. Apesar da reeleição de Zema em primeiro turno, o partido dele colheu fracasso eleitoral no país, especialmente nas eleições para deputado federal e estadual.
A cláusula de acesso (barreira) está prevista na emenda à Constituição 97/17, que restringe a atuação e o funcionamento de partidos que não obtiverem votação mínima para o Congresso. Em 2017, com a Reforma Política, a chamada cláusula de barreira foi aprovada pelo Senado, e começou a valer para as eleições de 2018.
Em 2022, essa barreira passou a 2% dos votos para deputado federal em todo o Brasil em, no mínimo, 1/3 das unidades federativas – ou 11 deputados distribuídos em 9 unidades. Diferente de 2018, o Novo viu sua votação minguar e eleger apenas três deputados federais – não atingindo a cláusula de barreira. Com isso, fica sem direito ao fundo partidário, ao tempo de propaganda de TV, além de poder ficar de fora dos debates nas próximas eleições. Em Minas, foram apenas dois deputados estaduais eleitos e nenhum federal.
O Novo alega que não usa fundo público partidário ou eleitoral, o que não é uma verdade, porque o partido usa, sim, o horário gratuito eleitoral, que não tem nada de gratuito. É financiado por dinheiro público. Se não mudar, se fundir ou ser incorporado, não poderá participar das futuras propagandas gratuitas eleitorais.
Zema está pensando no próprio futuro. Afinal, nas próximas eleições poderá ser candidato presidencial competitivo, especialmente depois de ser governador de Minas por dois mandatos. Vai precisar de estar filiado a um partido igualmente competitivo.
O presidente do Novo em Minas Gerais, Ronnye Antunes, afirmou que o diretório estadual é contra a fusão da legenda com outra sigla. “O que está havendo são conversas sobre o resultado da eleição, mas essa ideia (de fusão) não passou por aqui. Se a gente for consultado, a gente é extremamente contra. É preciso ter outras alternativas, até porque não há nenhum outro partido até o momento que se aproxima daquilo que o Novo representa”, afirmou.
Para Zema, a ação seria uma forma de “atravessar esses próximos quatro anos, que sabemos que será um período difícil, já que o partido não alcançou a cláusula de barreira”.
O presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, afirmou que uma fusão não está nos planos da legenda. Ribeiro ressaltou que o Novo conversa para talvez formar blocos na Câmara Federal.
Essa também não é a primeira vez que Zema e a direção partidária se desentendem. O Novo já acionou o STF contra aumento de Zema a policiais militares; Zema ameaçou deixar o partido; seu vice saiu; Zema queria fazer aliança para governador; o Novo vetou alianças para o Executivo. Agora, ele irá governar o segundo mandato, mais experiente que o seu próprio partido. Sua lógica vai trombar com os inexperientes da legenda.
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