Em artigo escrito para o Além do Fato, o publicitário Paulo Vasconcelos, um dos principais profissionais de marketing político do país, recomenda que os candidatos que sonham em conquistar o cargo de prefeito nas eleições de 2020 devem começar logo o trabalho para se tornarem mais conhecidos junto ao eleitorado. “Quem não começou o trabalho de pré-campanha está atrasado e recomendo que tire logo o pé do chão”, afirma Vasconcelos.
Aviso aos navegantes. Aqueles que sonham em ser prefeito de suas cidades, cargo que estará em disputa nas eleições municipais de 2020 e que, porventura, ainda não tenham iniciado a preparação para o embate (ao que parece, é o caso da grande maioria), estão atrasados. Mas como, se a eleição só vai ocorrer em outubro do próximo ano?
Explico. Assim como aconteceu na eleição de 2018, terão as maiores chances aqueles candidatos que são muito conhecidos, seja por sua atuação na política ou em outras áreas de grande exposição (como artistas, jornalistas, influenciadores digitais), que tenham muito dinheiro para gastar ou um partido com boa estrutura e recursos do fundo partidário para financiar suas campanhas.
Para quem não se lembra, o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, que venceu a disputa em 2018, começou a ampliar a sua presença nas redes sociais anos atrás, para se tornar conhecido e defender suas causas. Deputado federal pelo Rio de Janeiro por sete vezes, integrava o chamado baixo clero, tinha pouca expressão no Congresso Nacional, pouco espaço na mídia tradicional e sua atuação estava restrita a poucos nichos do eleitorado fluminense (especialmente segurança).
Mas Bolsonaro percebeu o desejo do eleitor por teses mais conservadoras (que quase elegeram Aécio Neves presidente da República em 2014, tendo perdido por uma margem de votos muito pequena para a candidata petista Dilma Rousseff) e passou a empunhar essas bandeiras com mais vigor nas redes sociais.
Com a iniciativa, conseguiu, quatro anos antes das eleições presidenciais de 2018, angariar mais seguidores do que o ex-presidente Lula. Essa estratégia executada com muita antecedência foi vital (embora não seja o único motivo, evidentemente) para sua vitória.
Portanto, os pré-candidatos que ainda não o fizeram, devem começar já, como primeiro passo e com urgência urgentíssima, a ampliar sua presença nas redes sociais, expondo ideias, fazendo propostas, tornando-se mais conhecidos nas suas bases eleitorais. Sem esse trabalho prévio, que já deveria ter começado, as chances de êxito na eleição municipal são próximas de zero.
É preciso também lembrar que os atuais prefeitos que pretendem disputar a reeleição, e que estão bem avaliados pelo eleitorado, têm maiores chances de ganhar a eleição. E, claro, o contrário também é verdadeiro: prefeito mal avaliado tem chances menores de ser reeleito. Parece óbvio, mas nas duas situações, pelo que percebemos, não há nenhuma ação estruturada, planejada, pensada e sendo executada por pré-candidatos para se oferecerem como alternativas para o eleitorado.
Veja o caso de Belo Horizonte. Na capital mineira, o atual prefeito, Alexandre Kalil, tem sua administração bem avaliada pelo eleitorado. Significa dizer que sua chance de vitória é grande (embora não esteja garantida, por óbvio, pois ninguém ganha eleição de véspera). Portanto, nesse cenário, os oposicionistas que desejam governar BH deveriam, de alguma forma, estar com ações sendo executadas para enfrentar o favoritismo de Kalil. Não estão.
No outro extremo, temos Bruno Covas, prefeito de São Paulo, cuja gestão, apontam os institutos de pesquisas, não é bem avaliada pela população. Evidente que não dá para cravar que o atual prefeito da capital paulista, se for candidato à reeleição, entra na disputa derrotado. Mas dá para dizer que há uma janela de oportunidades para os adversários do prefeito que, pelo que estamos assistindo, não está sendo aproveitada.
Na verdade, não vemos em BH, São Paulo e em boa parte do país, uma oposição estruturada, organizada, se apresentando, ainda que neste momento por meio das redes sociais, como um diferencial para o eleitorado. Mas quem não começou a pré-campanha perdeu a eleição? Claro que não. Mas está atrasado e recomendo tirar logo o pé do chão.
*Paulo Vasconcelos é publicitário, especialista em marketing político, e empresário
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