Coronavírus

UFMG desenvolve sete vacinas contra a Covid-19

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está desenvolvendo sete vacinas contra a Covid-19, doença que já matou mais de 250 mil brasileiros. Uma delas vai iniciar neste mês de março os testes em humanos. As outras seis estão ainda na fase dos estudos pré-clínicos, que são feitos em animais.

A professora Ana Paula Fernandes, coordenadora do Centro de Tecnologia em Vacinas (CT-Vacinas) da universidade, explica a importância do desenvolvimento desses imunizantes. Primeiro, eles vão ajudar a conter a pandemia do novo coronavírus. Mas vão também, assinala, auxiliar na produção de vacinas para outras doenças no futuro.

“Todo o conhecimento adquirido nos estudos para a vacina contra a covid-19 será útil para que possamos criar vacinas contra outras doenças. Isso porque alguns processos se repetem em todo o percurso de desenvolvimento de um imunizante”, diz a professora.

Por outro lado, Ana Paula ressalta que desenvolver os passos de uma vacina no Brasil é fundamental para a soberania nacional. “Nos garante certa independência no combate às doenças”, assinala a professora.

Saiba um pouco mais sobre as sete vacinas contra a Covid-19 que estão sendo desenvolvidas pela UFMG:

1 – DNA – a mais adiantada

Esse é o estudo de desenvolvimento de uma vacina contra a Covid mais adiantado, como contamos aqui no Boas Novas. Agora em março o CTVacinas vai iniciar o teste em humanos num grupo de 40 voluntários.

Nesse imunizante, os antígenos do Sars-Cov-2 são incluídos em um plasmídeo, o que promove sua expressão nas células do organismo e apresentação ao sistema imune, induzindo à resposta celular de defesa.

O DNA, conforme os pesquisadores, viabiliza que essa vacina seja mais facilmente trabalhada, uma vez que ela pode ser armazenada em freezers comuns. Isso facilita o armazenamento e a logística de distribuição.

A expectativa é que essa vacina esteja pronta para ser aplicada na população num prazo de 12 a 14 meses. Na fase 3 de testes, que é feita num grande número de pessoas para confirmar sua eficácia, o imunizante será aplicado em 20 mil pessoas.

2 – Vírus MVA – o mesmo da varíola

Utiliza, como plataforma, o vírus MVA, que já é empregado como vetor na vacina contra a varíola. O vírus MVA recebe genes do Sars-CoV-2 e passa a produzir as proteínas S (Spike) e N (do nucleocapsídeo viral) do novo coronavírus. Essas proteínas é que são utilizadas pelo vírus para infectar as células humanas.

Em contato com as células do paciente, o vírus induziria o organismo à resposta imune contra a covid-19. Essa vacina prevê a imunidade por meio de duas doses, aplicadas em via intramuscular.

3 – Vírus Influenza – o mesmo da gripe

Nesse estudo, foram feitas alterações genéticas no vírus H1N1, que causa a gripe. Depois dessas alterações, o vírus da gripe tornou-se capaz de transportar parte da proteína S do Sars-CoV-2 (que o vírus usa para infectar as células humanas).

Os pesquisadores esperam que, depois de inserido no organismo, o vírus dotado de parte dessa proteína estimule o corpo humano a produzir os anticorpos para a covid-19. Essa vacina tem como diferencial o fato de ser ambivalente: protegeria tanto contra a Covid como contra a gripe influenza.

Essa vacina também prevê a aplicação de duas doses por via intranasal.

4 – Adenovírus (Ad5) – usado na vacina de Oxford

Essa vacina consiste na modificação genética do Adenovírus 5, que provoca infecções respiratórias. Os cientistas inserem partes do genoma do Sars-CoV-2 no adenovírus. Assim, ele se torna capaz de produzir as proteínas S e N do coronavírus (as utilizadas pelo vírus para infectar as células humanas).

O produto será então introduzido no organismo humano e espera-se que ele estimule a produção de anticorpos contra a covid-19. O mecanismo é o mesmo empregado no desenvolvimento da vacina Oxford/AstraZeneca. Esse imunizante também prevê a aplicação de duas doses em via intramuscular.

5 – Proteína recombinante – “quimera”

Essa vacina é considerada a mais fácil de ser produzida. A pesquisa que deu origem ao desenvolvimento desse imunizante baseou-se na modificação genética da bactéria E.coli.

A bactéria recebeu pedaços do genoma do Sars-Cov-2 para que fosse possível produzir as duas proteínas que o coronavírus utiliza para infectar as células humanas (as proteínas S e N).

O composto, chamado de “quimera”, é então injetado no corpo humano e induz à resposta imune. Por ter um método de produção mais simples, essa vacina poderia ser produzida na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais. A administração é intramuscular, também em duas doses

6 – RNA mensageiro

Essa tecnologia, que é considerada revolucionária, foi usada pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna para desenvolver suas vacinas contra a Covid-19. As duas demonstraram altas taxas de eficácia: 95% e 94%, respectivamente.

O mRNA (ou RNA mensageiro sintético) é encapsulado por um elemento transportador de proteínas, o lipossomo. Tal estrutura tem fácil acesso às células do corpo humano depois de inoculada porque é reconhecida como um elemento do organismo.

Uma vez que esteja dentro da célula, o composto imita a proteína S do vírus Sars-Cov-2, incentivando a resposta imune do organismo. Essa vacina, que pode ser facilmente adaptada para eventuais mutações do coronavírus, tem aplicação intramuscular, em duas doses.

7 – Bacilos de Calmette-Guérin (BCG)

Essa vacina baseia-se na inserção de sequências do genoma do Sars-Cov-2 em bacilos de Calmette-Guérin (BCG), os causadores da tuberculose. O objetivo é que a modificação genética induza os bacilos a produzir as proteínas S e N do Sars-Cov-2.

Esse imunizante também seria ambivalente: depois de inserido no organismo, o composto estimula a produção de anticorpos contra covid-19 e a própria tuberculose. Esse imunizante é considerado muito seguro porque parte de uma vacina já bem conhecida, a BCG.

Uma vez que parte da vacina já é bem conhecida, há expectativa de que os testes em humanos sejam feitos mais rapidamente.

Com informações da UFMG

Matéria publicada originalmente no site Boas Novas MG

da Redação

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