Coronavírus

Uma ‘Regina Duarte’ da Saúde. Quem aceitou?

A saída do ministro da Saúde, médico (ortopedista) Luiz Henrique Mandetta, é página virada. Mas não será um derrotado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), infecção respiratória surgida na cidade de Wuhan, na China. Mais grave é que o sucessor, de fato, de Mandetta estará sentado na principal mesa do Planalto: o presidente da República, Jair Bolsonaro. Este é ex-capitão do Exército, ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro, foi eleito presidente pelo PSL e está sem filiação partidária.

Bolsonaro não quis mais Mandetta e discordava da sua principal medida preventiva implementada de contenção da Covid-19: isolamento social. Mas, essa é também a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS/ONU). É, além disso, seguida por muitos dos países com resultados positivos.

O futuro ministro da Saúde terá, portanto, mesmos poderes de uma secretaria de Cultura, atriz Regina Duarte. Alguém, por acaso, saberia citar uma medida concreta relevante 100% criada pela secretaria?

Albert Einsten na Esplanada

Bolsonaro já teria feito sua escolha. Entre os cotados para assumir a cadeira de Mandetta, com citações públicas, figuram:

  • ANTÔNIO BARRA TORRES – médico; ex-diretor do Centro de Perícias Médicas da Marinha, do Rio; cursou gestão em saúde no Instituto Coppead de Pós-Graduação da UFRJ; atual presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); militar da reserva (contra-almirante) da Marinha; questiona o isolamento social;
  • CLÁUDIO LUIZ LOTTENBERG – oftalmologista, empresário e presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein; filiado ao DEM, mas ligado ao governador João Dória (PSDB), como preside o Lide Saúde (do Grupo Lide, de Dória);
  • JOÃO GABBARDO DOS REIS – pediatra, funcionário público (concursado aos 18 anos) de carreira; médico nas redes públicas municipal, estadual e federal, maratonista ativo; atual secretário-executivo do Ministério da Saúde (o Nº 2), indicado pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS); em 2006, sucedeu Terra como secretário da Saúde do Rio Grande Sul; quando ministro da Cidadania, Terra nomeou a mulher de Gabbardo, Sabine Breton Baisch, Gerente de Projetos no Ministério da Cidadania (foi exonerada (janeiro/2020, após denúncias de nepotismo); na coletiva de ontem (15/04), ao lado de Mandetta, Gabbardo declarou que não aceitaria substituí-lo;
  • LUDHMILA ABRAHÃO HAJJAR – cardiologista; diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia; apoiada pelo cirurgião geral Antonio Luiz Macedo, que trata de Bolsonaro desde o atentado durante o comício político, em 7 de setembro, em Juiz de Fora (MG), na campanha de 2018;
  • Marcelo Queiroga – cardiologista; consultor do Bolsonaro durante a campanha de 2018. Amigo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente e constantemente citado de ser ligado às milícias do Rio (organizações criminosas de policiais PMs e Civil e do Corpo de Bombeiros);
  • MARIA INEZ GADELLA – oncologista da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde;
  • NELSON TEICH – oncologista e empresário (Clínicas Oncológicas Integradas – COI); ligado aos empresários da saúde; foi consultor de Bolsonaro na campanha de 2018;
  • NISE YAMAGUCHI – médica, imunologista (pioneira na humanização e integração médico-paciente); do Hospital Albert Einstein, onde Bolsonaro foi internado após o atentado de 2018; defensora da medicação com a hidroxicloroquina (cloroquina) para tratamento da Covid-19, mesmo em pacientes com início da infecção, não apenas em terminais;
  • OSMAR TERRA – deputado MDB-RS e oncologista; ex-secretário da Saúde do RS; negacionista da pandemia do novo coronavírus (Covid-19); ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro;
  • OTÁVIO BERWANGER – cardiologista e do quadro de relacionados ao Albert Einstein; foi chamado por Bolsonaro para reuniões sobre a pandemia;
  • ROBERTO KALIL FILHO – cardiologista; médico dos então presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer; fundador do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio Libanês; e, adepto da medicação da hidroxicloroquina.

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Nairo Alméri

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