Haddad, fiel a Lula, debitou na carteira dos "boatos" as reações contrárias dos investidores - Valter Campanato/Agência Brasil
A quinta-feira (22) não foi a lua de mel desejada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Pelo script do Planalto, Lula distrairia os jornalistas palacianos. Ficaria dourando a foto do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP). O deputado desfila de eventual futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Enquanto isso, na outra esquina, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), na moita, aplicaria nova versão das facadas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O argumento do Governo é o da necessidade de cobrir rombos orçamentários. Então, precisa sangrar em operações de crédito, contratos de seguro e remessas de capital para o exterior. Cortar gastos, porém, não aparece nunca na pauta do PT.
Os confeiteiros dos impostos Lula e Haddad imaginaram um bolo extra acima dos R$ 60 bilhões. Maior fatia, de 60% (R$ 41bilhões), para o caixa de 2026, ou seja, em plena campanha eleitoral.
Mas o Governo teve de recuar de parte do sonho (ver abaixo).
O Partido dos Trabalhadores (PT) busca caixa para projetos políticos em seus currais, acalmar aliados. Lula, por sua vez, tenta apaziguar alas do PT (e base aliada) contrárias ao seu projeto de disputa da reeleição ano que vem.
O petista precisa, ainda, fazer mimos pontuais contra a impopularidade crescente.
Puxada pelo IOF, as novas medidas fiscais da dupla Lula-Haddad seriam de aplicação imediata, ou seja, a partir da madrugada desta sexta (23/05).
O tiro (a bomba), entretanto, saiu pela culatra. A resposta veio também de bate-pronto, em setores econômico e financeiro de peso. Investidores, exportadores e instituições de crédito puxaram a toalha da mesa do jantar de Lula, Haddad, PT e toda a “base aliada”.
Entre outros nacos, a facada fiscal previa IOF de 5% (todo mês) sobre seguros de vida com carregamentos acima de R$ 50 mil; créditos cooperativos superiores a R$ 100 mil; 3,5% sobre remessas ao exterior nas chamadas “operações não detalhadas”.
Na manhã de hoje, em edição extra do “Diário Oficial da União (DOU)”, o Governo revogou parte das medidas. Além disso, o PT empurrou Haddad para os holofotes antes da abertura das operações na Bolsa de Valores (B3). “O Ministério da Fazenda informa que, após diálogo e avaliação técnica, será restaurada a redação do inciso III do art. 15-B do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007, que previa a alíquota zero de IOF sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior”. Trecho da nota do Governo. Em notícia da Agência Brasil (oficial), Governo Lula tentou amaciar a atropelada levada.
Em São Paulo, numa coletiva de imprensa meia-sola, da Secretaria de Comunicação do Governo, Haddad falou sem convencer. Contra os fatos, pela enésima vez (em mais uma trapalhada), tentou vender um governo de boas intenções.
Haddad, todavia, teve o desplante de afirmar que a coletiva era para apagar “boatos” (na verdade, fatos) da véspera, e evitar “especulações”. E mais: que o Governo do PT sempre teve “melhor diálogo com o mercado”.
Antes, ESTAVA ASSIM. Depois do recuo, FICOU ASSIM:
Não é de se acreditar, todavia, que Lula e o PT tenham se dado por derrotados. É certo que tentarão outras fontes e reforçar o caixa (via máquina pública) da campanha de 2026.
Lula precisa inundar o país com anúncios de obras, principalmente em currais eleitorais do PT no Nordeste que se tornaram infiéis. O desgaste da paixão petista em áreas da região, turbina a impopularidade do petista-chefe do Planalto nas pesquisas.
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