A política do toma lá dá cá, de deputados e senadores dos partidos que formam o bloco Centrão, fez mais uma vítima. O presidente Bolsonaro exonerou o superintendente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Isso, a despeito do ex-superintendente, coronel da reserva Alfredo Alexandre de Menezes Júnior, ser amigo da família.
Para seu lugar, é cogitado o general de brigada (da reserva) Algacir Antônio Polsini. Foi comandante do Centro de Operações do Comando Militar da Amazônia. A “exoneração, a pedido”, foi publicada nesta segunda (08/05), no Diário Oficial da União. Mas é assinado pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Neto, não por Bolsonaro.
O Centrão, grupo parlamentar que, historicamente, faz chantagens contra o Planalto (troca apoio por cargos), é comandado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM). Ex-governador do Amazonas, Omar não teria conquistado “alinhamento” do militar. E Suframa é cargo federal mais cobiçado no Amazonas, portanto, objeto de cobiça.
Todavia, se, por algum aspecto, não agradou de todo ao político, criou simpatia no grupo empresarial do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam). O senador tem influência no centro, braço político da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Feiam)..
“Para o presidente do Cieam (Wilson Périco), o novo titular da Suframa deve manter o alinhamento com o governo federal, além de que a ida de Menezes para área ambiental vai favorecer o desenvolvimento de novas matrizes econômicas na região”, publicou o portal na entidade no dia 03/06.
Citado no texto da página do Cieam, Polsini é, a exemplo de Bolsonaro, ex-paraquedista e irmão do atual comandante da 4ª Região Militar, general de divisão Altair José Polsini.
Aliado de primeira hora de Bolsonaro (sem partido) e filiado ao PSL, o coronel Alexandre de Menezes é cotado para cargo no Ministério do Meio Ambiente, chefiado pelo polêmico Ricardo Salles. O oficial chefiaria área mais conflituosa da pasta: Secretaria Nacional da Amazônia.
Na prática, então, seria um ministro do B para Ambiental da Amazônia. E que estabeleceu elos com o empresariado da indústria do Amazonas.
O coronel assumiu a Suframa em fevereiro de 2019. No último dia 3, ele divulgou um relatório de gestão (“válido até 3 de junho de 2020”) e tornou pública que sairia “a pedido”. A nota, todavia, revela apego do militar pela região. “Quero me dirigir à sociedade amazonense informando que na data de hoje finalizo, a pedido, mais uma honrosa missão de proteção à Amazônia brasileira“.
Dessa forma, com os dois oficiais da reserva, Bolsonaro consolida uma linha de operações para a Amazônia. Mas, claro, se confirmadas as nomeações desses oficiais da reserva do Comando do Exército.
A exemplo o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, o ex-superintendente da Suframa também serviu em missões de paz da ONU e da OEA. Heleno comandou tropas no Haiti.
Polsini é outro ex-oficial da ONU. Este em missões na Guatemala e no Haiti.
Em contrapartida, as mudanças de Bolsonaro nos ministério e autarquias revelam rede “amigos”. Estaria aí, talvez, parte da “inteligência particular” a que se referiu na reunião ministerial de 22 de abril?
Na ocasião, o chefe do Planalto reclamou, ao então ministro da Justiça e Segurança Nacional, ex-juiz federal Sérgio Moro, da Polícia Federal. A PF não lhe entregava dossiês diários sobre as operações. O desejo de intervenção de Bolsonaro na PF, portanto, resultou na saída de Moro.
Então, livre de Moro, Bolsonaro faz alterações constantes na instituição, do diretor-geral, em cargos burocráticos de controle e nas superintendências.
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