Economia

Zema é acusado de fazer terror com as contas para impor privatizações

Mais uma vez, o governo Zema é acusado de usar a piora das contas públicas para pressionar a Assembleia Legislativa a aprovar seus projetos de aperto fiscal e de privatizações. Desde o início da gestão, o governador Romeu Zema (Novo) adverte que não há saída para o Estado caso não aceite o Regime de Recuperação Fiscal e a venda de suas estatais.

Para isso, justifica-se ante o déficit herdado da gestão de Fernando Pimentel (PT) de, em números oficiais, cerca de R$ 35 bilhões. Com a explosão da pandemia do coronavírus, e consequente fechamento do comércio, acusou o agravamento da crise fiscal. Diante disso, a Secretaria da Fazenda estimou queda na arrecadação, nos meses de abril e de maio, por conta da quarentena, mas o resultado consolidado não teria sido grave.

Segundo o presidente do Sindifisco-MG, Marco Couto, o governo cria clima de “terror” na população para pressionar a Assembleia Legislativa a aprovar reformas como a da Previdência e venda de estatais. De acordo com o dirigente sindical, ao contrário, o governo terá recursos para pagar o salário do servidor de forma integral. E mais, haverá dinheiro também para fazer os repasses aos outros Poderes.

Receita própria estaria subestimada

“A receita que o estado está arrecadando mais o auxílio (ajuda emergencial) da União, de R$ 750 milhões, é suficiente para honrar os compromissos até com alguma folga”, disse o presidente do Sindifisco, Marco Couto. Neste mês, deve chegar até amanhã a 1ª das 4 parcelas nesse valor a título de compensar as perdas com a arrecadação, conforme aprovação feita pelo Congresso Nacional.

Segundo ele, a arrecadação tributária superou, no mês de maio, em mais de R$ 1,4 bilhão a previsão oficial. O resultado contradisse o secretário da Fazenda, Gustavo Barbosa, que, em audiência pública na Assembleia, em abril, apontava queda de 2,2 bilhões para o mês seguinte. O desempenho foi alcançado por receitas próprias, que, em seguida, foram aumentadas, naquele mês, por receitas extras da mineradora Vale, no valor de R$ 1 bilhão.

Desempenho de 2020 é melhor

A estratégia oficial foi repetida no dia 1º de junho, em nova audiência, quando secretários apresentaram dificuldades de caixa para o pagamento dos servidores neste mês e repasse aos poderes. Fazendo um relatório, a partir dos números oficiais, o Sindifisco-MG fez um comparado das receitas do 1º semestre deste ano com o de 2019.

“A verdade veio à tona na segunda-feira, dia 1º de junho, com a divulgação da arrecadação tributária do mês de maio, que superou a estimativa do secretário em mais de R$ 676 milhões. O dado confirmou a avalição do Sindifisco-MG”, afirmou o presidente do Sindicato.

Estudo comparado das contas de 2019 e 2020

Presidente do PT acusa campanha do medo

Na mesma linha, o deputado estadual e presidente do PT mineiro, Cristiano Silveira, denunciou que Zema e equipe “vêm gerando terror no funcionalismo público”. A estratégia, segundo o petista, é feita por campanha de desinformação e medo que teria começado bem antes da pandemia. Sob o mesmo argumento do Sindifisco-MG, Silveira apontou maquiagem nas contas públicas.

“Exatamente um mês depois (da pandemia), o governador afirmou que previa queda de mais de R$ 2 bilhões em arrecadação no mês de maio. Isso não se comprovou: a diminuição na arrecadação do ICMS no período foi de R$ 639 milhões. Queda que será compensada pela ajuda (emergencial) de R$ 750 milhões do Governo federal agora em junho.

“Não é papel de governante aterrorizar servidores e lhes negar seus direitos mínimos, mas sim buscar ativamente soluções para o povo mineiro. Principalmente pressionando o Governo federal para que os recursos cheguem até Minas com rapidez e na quantidade necessária”, cobrou o deputado.

Privatização e aperto fiscal são metas

O presidente do Sindifisco apontou duas razões para explicar a intenção do governo. “Jogar os servidores do Executivo contra os demais poderes, de um lado. De outro, criar um ambiente de caos, para aprovar as propostas do governo, a toque de caixa, que impõe privatização e adesão ao regime de recuperação fiscal federal.

“A intenção é fazer com os parlamentares sintam-se compelidos a aprovar, a toque de caixa, sem debate e em meio à pandemia, as propostas do governo que imporão sacrifícios. E perdas gigantescas aos servidores e ao povo mineiro, as quais ainda não prosperaram na Assembleia”. O dirigente sindical referia-se à falta de apoio político do governo em aprovar a venda do patrimônio público.

Se aderir ao regime fiscal federal, Minas terá que desfazer-se de todas as suas estatais, entregando o monopólio da água e da energia elétrica à iniciativa privada. “Um acordo leonino e totalmente lesivo aos interesses de Minas”, apontou Marco Couto.

Fazenda rebate acusações

Por meio de nota, a Secretaria da Fazenda de Minas rebateu os argumentos do Sindicato. Disse que avaliação feita pelo Sindifisco é “irresponsável” e desconsidera que o estado tem vários outros compromissos a honrar. Apontou que, de janeiro a maio deste ano, foram destinados R$ 1,67 bilhão para finalizar o pagamento do 13º salário de 2019. Outro R$ 1,4 bilhão ao pagamento das primeiras parcelas dos repasses atrasados para os municípios. Mais R$110 milhões para o auxílio fardamento e que R$ 440 milhões foram reservados para uso exclusivo da Secretaria de Saúde.

Citou também, na nota, passivo de R$ 34,5 bilhões deixado pela gestão anterior. “Portanto, é no mínimo irresponsável – além de falsa – a alegação de que o Governo de Minas Gerais tenha recursos em caixa e que, por motivos escusos, não estaria disposto a utilizá-lo de forma adequada.”

LEIA MAIS: Zema retoma linha de confronto ao tentar parcelar repasse aos poderes

Orion Teixeira

Ver Comentários

  • Juntou políticos do PT + dirigentes sindicais para falar mal do governo que vem tentando arrumar a casa - um circo!!!!
    Minas Gerais é um País - Estado e deveria ser tratado e gerido como tal, temos o tamanho da França e bagagem cultural igualmente importante, se fosse bem geridos seriamos uma potencial mundial!

  • O Pimentel faz um estrago sabido por todos no Estado de MG, passa mais dois anos atrasando salários, o Zema passa um ano e meio tentando consertar. Aí vem a pandemia causando um desastre somente parecido com um cenário de guerra e o Sr. do Sindifisco tem coragem de afirmar que é possível pagar os salários em dia. Quase 4 anos sem ser possível, agora com a pandemia é. Vive em que mundo, meu amigo? Só pode ser um mal intencionado mesmo, que papinho mais furado...

  • Terror onde? Na campanha ele já pregava a privatização, alertava para o buraco sem fundo deixado pelas administrações passadas, pegou o Estado inchado com o funcionalismo do executivo na sua maioria com salários atrasados, aviltados e por fim refém dessas gangues do judiciário e legislativo que vivem nos privilégios, penduricalhos e mordomias bem longe da realidade dos demais cidadãos. Terror onde?

  • Pera, sério que vocês preferem pegar a opinião da turma que destruiu o estado? Se é tão fácil pagar salário, por que o Pimentel não pagava?
    A economia agora está a pleno vapor pra conseguir pagar, né?
    Depois acham ruim quando falam que a imprensa é militante

  • Este presidente do sindifisco é um safado sem tamanho, esta classe que ele representa ganham em torno de 28 mil por mês e na verdade não valem nem 1/6 disto, é uma das maiores turmas da mamata nas tetas de quem trabalha.

  • Contorcionismo danado para falar que está tudo OK só para terem aumento. Não basta 25, 30, 40 mil/mês???

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