Economia

Crise nas hidrelétricas estica Angra I até 2044

Os baixos níveis dos principais reservatórios das hidrelétricas (UHEs) no Sudeste e Centro-Oeste (pior situação em 91 anos) obrigaram o Governo a retomar a geração nas usinas termoelétricas – óleo e carvão. Nas duas regiões, estariam com capacidade média para um terço de potência de geração. Abre-se, então, nova janela para outras fontes. Isso, portanto, reacende também a prioridade na geração termonuclear. Mas, neste momento, principalmente o programa de extensão da vida útil (LTO, sigla em inglês) da Usina Nuclear Angra I, em Angra dos Reis (RJ).

O Governo precisou, entretanto, adotar outras medidas, além de acionar termoelétricas. Entre elas, por exemplo, regular vazão em usinas na Bacia do Rio Paraná. Na foto, UHE Porto Primavera – Divulgação/ Agência Nacional da Água (ANA)

O projeto para Angra I é de alongamento de operação de 40 anos, a completar em 2024, para 60 anos. A usina, em operação desde 1985, tem potência instalada para 600 megawatts (MW). E ganha importância, com Angra II e o projeto de Angra III, na matriz energética do país. As usinas pertencem ao Grupo Eletrobras, que está em processo de cisão para privatização. Todavia, as usinas nucleares continuarão com o Governo.

Angra I custara mais US$ 225 milhões

A Eletrobras Nuclear (Eletronuclear/Sistema Furnas Centrais Elétricas – Furnas), operadora das usinas termonucleares, apresentou formalmente o pedido à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em novembro de 2019. O Governo não revelou qual o custo do programa. Mas admitiu que envolveria financiamento da agência de fomento US Eximbank, dos Estados Unidos. Em áreas afins do setor elétrico, todavia, cogitou-se, custo de R$ 1 bilhão (US$ 225,7 milhões, na cotação da época).

No Relatório Mensal do LTO Angra I, de março, (LTO-Rel-03/2021), a Eletronuclear registra que o Banco Santander participa das negociações.

Estudo para expandir capacidade

“A Alvarez e Marsal está preparando um estudo custo x benefício do projeto para aumento de potência de Angra 1” (sic), menciona o relatório. O reator da usina gera eletricidade suficiente para abastecer uma população de 1 milhão de habitantes. A Alvarez & Marsal (A&M) é uma empresa global de consultoria. Criada em 1983, a A&M presta consultoria em todas as áreas da economia – indústria e serviços. A sede está Nova York (EUA) e possui escritórios em 25 países da América do Norte, América Latina, Europa, Oriente Médio e Ásia. O slogan da A&M é: “…ajudar as empresas a transformar áreas de estagnação em crescimento para alcançar resultados sustentáveis”.

EUA querem operar por 80 anos

O pedido de alongamento de Angra I, em 2019, era compromisso da Eletronuclear, de requerer até cinco antes do término do licenciamento de operação. Esse é o “padrão” aplicado nos Estados Unidos e seguido pelo Brasil. Por isso, então, é que as usinas Angra I e II foram licenciadas por 40 anos. A explicação foi apresentada pelo diretor da unidade da CNEN em Angra dos Reis, engenheiro Jefferson Borges Araújo.

Nos EUA, eram mais 70 usinas de geração nuclear com vida útil dilatada, com maioria de 40 para 60 anos. Mas, conforme Jefferson Araújo, havia estudos iniciais para operar até 80 anos.

Gestão de envelhecimento em Agra I

Entretanto, a Eletronuclear terá de cumprir uma série de etapas rigorosas. Nota da assessoria da CNEN, de 2019, destacou o “Programa de Gestão de Envelhecimento (PGE) e também procedimentos relacionados à gestão do conhecimento e à obsolescência”. A empresa terá, então, de entregar à CNEN, em dezembro de 2023, a “documentação para o planejamento da 3ª RPS (Revisão Periódica de Segurança) de Angra I”, conforme cronograma do LTO-Rel-03/2021.

No final de 2024, encerra o atual prazo de licença de operação de Angra I. Mas, se aprovado o alongamento solicitado, vai 2044.

Atrasos no projeto

Todavia, conforme o LTO-Rel-03/2021, havia atrasos e previsões de outros prazos descumpridos no cronograma. Na parte “Projeto / PEP Orçamento de Investimento (SAP IU)”, do Controle Orçamentário (gerenciamento de envelhecimento, programa de qualificação ambiental, estudo de viabilidade técnica e acordo de cooperação científica e técnica) os investimentos previstos eram de R$ 27,075 milhões. O relatório informava, porém, a realização de R$ 3,525 milhões. Ou seja, somente 13%.

Título original do post: Crise nas UHEs fortalece operar Angra I até 2044

Nairo Alméri

Posts Relacionados

Cimed faz reforço de caixa de R$ 500 mi

A farmacêutica Cimed & Co. S.A. segue com política de “reforço de capital de giro”,…

1 dia atrás

CWI menor no capital da Equatorial

A Capital World Investors (CWI), administradora norte-americana de ativos, encolheu a participação na Equatorial S.A,…

2 dias atrás

Janja, a mosca na sopa (2026) do Lula

A socióloga Rosângela Lula da Silva (PT-PR), mais uma vez, desfila de fogo amigo contra…

5 dias atrás

A foto do G20 é o de menos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Democrata), nos 60 dias que lhe restam de…

5 dias atrás

Generais do GSI novamente não sabiam…

O GSI é, digamos assim, um nano quartel de generais de “elite” cravado no coração…

1 semana atrás

Banqueiro dono do Galo demorou

Dono do Grupo MRV (construtora), do Banco Inter e de empresas de comunicação, o empreiteiro…

2 semanas atrás

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!