Economia

Eleitores (doadores) que decidem no agronegócio

Nesta semana, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), rodou a sacolinha junto ao empresariado do agronegócio do Centro-Oeste. Mas, de acordo com o noticiário, amealhou pouca coisa. De lá, então, traçou planos para o pessoal da indústria de Santa Catarina, informou o Estadão. Em SC, Bolsonaro tem o mais fiel aliado, Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

Na reeleição de 2006, o atual principal adversário de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi derrotado, no 1º turno, pelo pessoal do agronegócio do Centro-Oeste e cercanias. É público, desde então, que Lula se aliou ao governador (2003-2010) do MT, Blairo Maggi (PPS e PR). Ainda era o maior plantador de soja do mundo.

Reeleito em 1º turno, o governador, então, virou o 2º turno para Lula. Mas por um preço muitíssimo caro: R$ 2 bilhões (valor histórico) em obras no Centro-Oeste.

Lula vitorioso, de cara, delega ao Maggi a indicação do diretor-geral do DNIT (Ministério dos Transportes). Assim, o governador assegurava fiscalização própria nos investimentos pelas melhorias das rodovias do Centro-Oeste.

Maggi foi eleito senador em 2010. Apoiou o PT até o início do segundo Governo de Dilma Rousseff (211-2016). Mas, também, atuou pelo impeachment da petista. Saiu, então do PR e foi para PP, da base aliada de Temer. Virou ministro da Agricultura (2016-2019).

Mudou comando nas verbas do agronegócio

Mas, há fatores novos no campo político do agro. Os donos da grana são praticamente os mesmos. Entretanto, nem todos decidem isolados para onde destinar dinheiro político.

Pintou no pedaço uma nova geração, consolidada em negócios virtuais, globalizados. Muito diferente daquela dos fazendeiros vistos com botas sujas de bosta de curral, que eram domados com os créditos casuísticos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal (CEF).

A nova geração pode ainda seguir as mentes das políticas conservadoras dos pais e avós. Entretanto, não come mais tanto milho na rampa do Planalto. Os novos senhores do campo, portanto, nem de longe lembram os liderados por Maggi (ex-rei da soja do mundo, ex-governador e ex-senador de Mato Grosso).

No agribusiness, chefe da Aprosoja Brasil é o Hang

Mas permanece algo: pessoal do agribusiness não gosta de perder grana (vejam a escalada dos preços da carne). E ainda tem um elo antigo (e caro para o Tesouro Nacional) com Lula. Para furar essa fidelidade retribuída de forma franciscana (“é dando que se recebe”) pelo ex-presidente, Bolsonaro, então, terá de fazer uma regra de três de bondades. E, portanto, se for tentar virar aquelas cabeças, sangrará fundo no pouco que restou nos cofres da Viúva.

No campo, de aliado tipo o dono da Havan, Bolsonaro conta com o esvaziado presidente da poderosa Associação dos Produtores de Soja e Milho do Brasil (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan. Ainda lê cegamente a bula bolsonarista.

Nairo Alméri

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