Minas Gerais tem os minérios, siderúrgicas, faculdades e CTs afins. Mas, sempre leva rabeira de São Paulo nos avanços da metalurgia. Nova comprovação foi a divulgação (22/12) do resultado do Edital “Ciência para o Desenvolvimento”. Os 12 projetos aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) receberão R$ 88 milhões. Entre os quais o “NPOP – Desenvolvimento da cadeia produtiva de componentes metálicos para manufatura aditiva”.
Esse projeto em metalurgia, portanto, terá de apresentar soluções práticas “relacionadas a novas ligas de alumínio e aço”. Será desenvolvido dentro CT do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) com dez parceiros de academia e empresas. Nesse pool estão, por exemplo: Escola Politécnica da USP, Instituto Fraunhofer (IPK), da Alemanha, Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Gerdau (mineração, siderurgia e metalurgia), Iochpe-Maxion (indústria de bens de capital), Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM – mineração e metalurgia do nióbio; pesquisas em terras raras).
A chamada do Edital “Ciência para o Desenvolvimento” foi orientada às demandas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SDE). Ou seja, para projetos de solução aplicada à indústria, não para engrossar estatísticas de papers. E a Fapesp se vangloria de ter feito essa chamada “antes da pandemia da Covid-19”.
No Edital, a Fapesp fez, então, um up grade em cima das chamadas em P,D&I. Estabeleceu que as propostas fossem submetidas na forma de consórcios: “Núcleos de Pesquisa Orientados a Problemas de São Paulo (NPOPs)”. Portanto, os consórcios devem apresentar na ponta das cadeias soluções em saúde, segurança pública, alimentação e agricultura, desenvolvimento econômico e outras áreas englobadas.
A formatação desse edital, muito da visão do diretor Científico da Fapesp, o neurocirurgião Luiz Eugênio Mello (médico, doutor em biologia molecular e pós-doutorado em neurofisiologia). Entre tantos Conselhos dos quais participa estão o CNPEM (Conselho Nacional de Pesquisa em Energia de Materiais) e o FGVIn (Conselho Consultivo do Centro de Inovação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas). Mas, antes de assumir a atual função, Luiz Mello foi diretor de Tecnologia e Inovação da Vale S.A. Ele implantou o Instituto Tecnológico Vale (ITV).
Enquanto isso, Minas não inova agregando elevado grau de valor aos insumos básicos e/bens intermediários na ponta da cadeia do desenvolvimento. É assim a despeito de um conjunto razoável de suporte: faculdades de referências, centros de P,D&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica) e da fundação de apoio.
Minas possui dois clusters: Vale da Eletrônica (Santa Rita do Sapucaí) e calçadista (Nova Serrana). Mesmo assim, não abriram cabeças de governadores, deputados e senadores mineiros para a pesquisa.
P,D&I surgiu em Minas, sem essa nomenclatura, há mais 50 anos. Isso se comprova pesquisando por José Israel Vargas (professor e cientista nuclear), Cetec (atual CIT/Senai), Biobrás, CDTN/Cnen, Inatel, BH-Tec e Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (Fapemig). Mas, a história registra que sempre faltou a Minas políticas de continuidade das políticas criadas.
Portanto, nas decisões do Estado, a Fapemig passou longo período de desamparo. Depois, no entanto, veio uma fase de alta. Mas, no governo Fernando Pimentel retornou ao quase descaso. E continua com Romeu Zema. Ou seja, P,D&I não dá votos.
A fundação sempre teve, no entanto, renomados pesquisadores à sua frente. O atual presidente da Fapemig é o pesquisador Paulo Sérgio Lacerda Beirão. É graduado em Medicina. Ele tem mestrado em biofísica e doutorado pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas/UFRJ. Paulo Beirão fez pós-doutorado na University of Lancaster, do Reino Unido. Ocupou, antes, funções relevantes no desenvolvimento da ciência no país: presidiu a Sociedade Brasileira de Biofísica (1994-96) e a Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molelucar (2006-2008). Em áreas públicas, chefiou, por exemplo, a Diretoria de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde (2011-2013) no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e, na Fapemig, de diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação (2015/2020).
“O Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações) não criou, até hoje, no Vale da Eletrônica, uma Embraer”. Assim Stefan Bogdan Salej resume a ausência de CTs de Minas no cenário nacional. Empresário da indústria, Salej presidiu Sebrae-Minas e Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
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