Economia

Forluz e o seu elefantão: sede da Cemig

Os fundos de pensão, por vezes, fazem ginásticas para manter relações de privilégios com as companhias patrocinadoras. Um caso que se arrasta, há algum tempo, por exemplo, é a redução da ocupação pelo Grupo Cemig no atual edifício-sede, pertencente à Fundação Forluminas de Seguridade Social (Forluz).

A Forluz é o fundo de pensão dos empregados da Cemig. O prédio, de 21 andares, fica na Zona Sul de Belo Horizonte. A companhia, patrocinadora do fundo e único inquilino até o presente, passou a ocupar o imóvel em 1985.

Diante das mudanças políticas e gestão mais enxuta, ao longo das décadas, o espaço ficou além das necessidades para holding estatal Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e controladas. A Cemig e controladas integrais como a Cemig GT (geração e transmissão) e Cemig D (distribuição), reduziram de forma significativa o quadro funcional em todas as áreas, de 7.922, em 2014, para 4.918 empregados, em 31 de dezembro de 2023.

O enxugamento se deu de forma orgânica (aposentadoria) e via seguidos planos de demissão voluntária (PDVs). Engrossaram esse movimento as devoluções das concessões de várias hidrelétricas e vendas. Por fora, houve a dança (ida e volta) de parte do pessoal para outro prédio, de 24 andares. Este também construído, em 2015, Forluz.

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Forluz fracassou na venda

Prevendo que a patrocinadora caminhava redução de pessoal em escritório, a Fundação tentou a venda do edifício-sede da Cemig. Em julho de 2020, no auge da pandemia do novo coronavírus (Covid-19, anunciou, porém, o fracasso das negociações com um potencial comprador.

O motivo da frustração da venda teria sido a falta de grana do candidato. A Fundação, todavia, não revelou o nome do potencial investidor nem o valor pedido.

Mas, na verdade, havia muita oferta de imóveis vazios de primeira locação e mais baratos. O mercado permanece aquecido nas ofertas.

Então, restou à Forluz partiu para locação dos espaços que o Grupo Cemig devolveria.

Em 27 de março de 2024 a Companhia firmou termo aditivo para devolução de 5 andares do Edifício Júlio Soares, alteração de valores de locação e retirada da Gasmig e Cemig Sim do contrato. A nova data-base do contrato teve início em 1 de abril de 2024, com vigência até março de 2029, sendo reajustado anualmente pelo IPCA e tendo seus preços revisados a cada 60 meses” (sic – Relatório de Resultados da Cemig 3T24).

Aluguel de R$ 123 mil por pavimento

Para os cinco andares liberados (subsequentes), de 997,40 m2 cada, Fundação abriu oferta de locação. Pelo contrato atual, porém, em 2027, a Cemig entregará as áreas de 1º subsolo e intermediário do prédio.

No site da imobiliária Sempre Soluções apresenta um pavimento ao preço de R$ 89.766,00. Há, entretanto, em separado, as despesas de taxa de Condomínio (R$ 28.196,50) e IPTU (4.937,13). Valor total para o inquilino de R$ 122.899,63. Portanto, para negócio para universo restrito de empresas.

Os eventuais novos futuros inquilinos terão acesso às áreas comuns como, por exemplo, vagas de garagem e auditório para eventos. Além disso, um terminal eletrônico Banco 24 Horas.

Valor de mercado da Cemig

Valor de mercado da Cemig encerrou 2023 em R$ 27,948 bilhões, ou seja, ligeiramente abaixo (0,89%) do observado ao final de 2022, de R$ 28,200 bilhões.

Patrimônio da Forluz; entre os 10 maiores fundos

A Forluz figura no ranking do “Consolidado Estatístico” da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp), de abril passado, como 9º Fundo de pensão do país em investimentos. O saldo na carteira era de R$ 20,622 bilhões.

No final de 2023, tinha cadastrados 6.344 participantes ativos (conta de empresas agregadas) e 25.461 dependentes.

Nairo Alméri

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