A Líder Táxi Aéreo S/A – Air Brasil foi absoluta nos contratos para táxi aéreo offshore em helicópteros no país. Isso, porém, nos anos das décadas de 1990 e 2000. Mais de 90% das aeronaves nesse nicho atendiam à estatal Petrobras. Em 2009, por exemplo, a empresa fundada em Belo Horizonte (MG) detinha 40% do mercado.
Em 2008, de uma só tacada, a Líder adquiriu 10 helicópteros novos para a carteira de contratos em plataformas no mar. A carteira da empresa mineira era tão promissora que despertou interesse da norte-americana Bristow Group Inc. Esta injetou US$ 227 milhões no seu capital e assumiu 42,5% das ações.
Todos os planos estratégicos direcionavam para a expectativa do boom da exploração dos campos do pré-sal, a 7 km de profundidade no mar. Com esse petróleo (e gás agregado), então, a produção saltaria dos 2 milhões de barris de petróleo equivalentes (bpe) para 3,9 milhões, em 2020.
Mas, no meio do caminho vieram recessão e crises políticas nos governos Dilma Rousseff (PT-RS), com os escândalos de corrupção na Petrobras, levantadas pela Operação Lava Jato. Dilma foi cassada e, portanto, não cumpriu a metade do segundo mandato.
Petrobras, também por razões estratégicas, esfriou o pré-sal. A produção, portanto, chegou perto da projeção: 3 milhões bpe, em setembro.
Em 2012, a Líder faturou R$ 816 milhões. Planejou, no ano seguinte investimentos acima de R$ 200 milhões. Assim, portanto, colocava na prancheta superar R$ 1 bilhão em receitas gerais: compra e venda de aeronaves, fretamento de helicópteros offshore, treinamento de pilotos, gerenciamento de frotas, manutenção, seguros venda de aeronáuticos, atendimento aeroportuário, UTI aérea etc. Todavia, em 2017, as receitas despencaram para R$ 698 milhões, e, em 2019, R$ 500 milhões.
A Líder, fundada há 62 anos pelo comandante José Afonso Assumpção, porém, perdeu o posto nos contratos da Petrobras. Enquanto liderou, seus principais concorrentes eram BHS, Omni, Senior, Aeróleo e Helivia. Hoje, a Omni Táxi Aéreo lidera.
Na última semana de maio, foi noticiado que a Omni fechou mais 12 contratos com a Petrobras, destinados aos transportes de pessoas e cargas pequenas. A Omni tem frota de aproximadamente 50 de helicópteros médios e supermédio portes.
Outra mudança no tabuleiro de táxi aéreo offshore ocorreu em setembro do ano passado. A Bristow saiu do capital da Líder e renomeou a Aeróleo Táxi Aéreo. A Aeróleo era a própria divisão da Bristow. A multinacional é a maior do mundo na logística de aeronave de asa móvel e está na indústria petrolífera do Brasil há 40 anos.
Com o deslocamento no ofsfhore da Petrobras na carteira, a Líder acelerou seu portfólio de serviços em outras áreas. A crise de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), trouxe para o setor uma experiência nova. Em 2020, foi, portanto, crescente o transporte de pacientes para tratamentos contra Covid-19.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou, em agosto, a venda de poltronas em jatos executivos. Ou seja, as companhias não precisam operar para atender exclusivamente a um contrato. Mesmo com passagens ao redor de R$ 1.500,00, o mercado sobrevive a esta recessão.
Mas a Líder quer colocar outros mercados no radar da frota. Na segunda (05/07), por exemplo, os acionistas farão Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para alteração no objeto do Estatuto Social. A ordem do dia contempla, portanto, inclusão “da realização de serviço aéreo de combate a incêndio”.
Pelo menos no Governo Bolsonaro, tem tudo para ser uma carteira firme. Isto porque este governo se empenha pelos incêndios nos biomas da Amazônica e o Pantanal. Além disso, ignora outros crimes, principalmente na Amazônia: extração ilegal e contrabando de madeira, abertura de pastagens e lavouras de soja e garimpos clandestinos.
Ate semana passada, houve determinação expressa do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, contra a fiscalização ambiental. Mas foi demitido, semana passada, diante das investigações da Polícia Federal, que apresentou denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF). Até então, o presidente Bolsonaro o manteve Salles blindado.
Tudo indica um filão para Líder, pois, nada indica que o Governo Bolsonaro mudará de postura. A política ambiental é ditada por ele, não pelo presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), o vice Hamilton Mourão.
Em sua página oficial, a Líder informa que tem frota de 55 aeronaves, 19 de bases espalhadas pelo país e emprega 1 mil pessoas. Entre os clientes da empresa figurou o governo de Minas.
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