O anúncio de criação do Conselho Nacional sobre Mudança Climática, foi bem além do oportunismo eleitoreiro. É previsível que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) dará à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), status administrativo que tinha Elizabeth II, a rainha da Inglaterra.
O próprio petista presidirá o Conselho. Este, certamente, dará palavra final sempre que os interesses políticos do Planalto aflorarem. Principalmente nas matérias defendidas pelo empresariado da agricultura e pecuária, do agribusiness.
Em mesma Medida Provisória, que enviará ao Congresso, Lula incluirá a Autoridade Climática. Esta será, portanto, mero mimo para Marina, pois, o chefe do Planalto terá o Conselho no colo.
O pacote climático do Governo foi anunciado na terça (10/09), na visita de Lula a Manaus (AM).
Lula desembarca a Autoridade Climática 21 meses após o anúncio, no início deste seu terceiro governo.
O presidente, que viajou com o envelope do seu pacote climático, não foi apenas por pressão da opinião pública. Pela agenda oficial, iria mergulhar os olhos na seca das bacias no bioma Amazônia.
Sob a tutela vigilante do Partido dos Trabalhadores (PT), porém, armou palanque das eleições municipais.
“Outras medidas anunciadas em Manaus incluem a antecipação do pagamento do Bolsa Família para o dia 17 de setembro, primeiro dia de calendário, para 656 mil famílias do Amazonas. Houve também o anúncio de editais para quatro obras de dragagens de manutenção nos rios Amazonas e Solimões. Em cinco anos, serão investidos R$ 500 milhões para garantir a navegabilidade e o escoamento de insumos”. (sic – último parágrafo do release distribuído pela assessoria do MMA).
Em 2024, desde janeiro, todas as viagens do presidente tiveram inconfundível caráter eleitoreiro. O petista se antecipou, sem receio algum, ao calendário eleitoral. E teve exemplar conivência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O TSE é um puxadinho do Supremo Tribunal Federal (STF), onde a bancada do Planalto tem maioria folgada. Pode tudo.
Os discursos eleitoreiros invadiram até as salas de velórios das vítimas das tragédias. Foi assim nas cheias no Rio Grande do Sul, em maio – acima de 170 mortes e mais de 30 desaparecidos.
Criou o constrangimento para o Governo do RS. Instalou em Porto Alegre um interventor, saído de seu gabinete, para policiar o dinheiro federal. Designou um gaúcho. Agiu, portanto, pensando nas eleições de 2026, para governador local e no seu projeto de reeleição.
A seca e as queimadas aceleradas de setembro fizeram Lula voar para Manaus. Mesmo assim, só deixou Brasília por conta da avalanche de reportagens, até em veículos internacionais, sobre o caos hídrico na Amazônia.
Mas viagem ao Amazonas não favorece Marina. O Conselho para o clima a coloca em cima do telhado, pela segunda vez, nesta gestão do Lula.
Sob mando do petista, o Conselho sugere três aspectos principais. Primeiro, mais nova arena para ambientalistas e degradadores de sempre. Segundo, a ministra ainda tem feridas da fritura de 2023. E, terceiro, hipótese de Lula retornar Marina à fila do braseiro político.
No segundo governo consecutivo (2007-2010) de Lula, Marina foi demitida (2008) da mesma pasta. Foi após o longo desgaste das licenças ambientais. Encarou sozinha a truculência e o poder econômico do setor do agribusiness.
Na época, a ministra insistia em enquadrar empresários da agropecuária (fazendas de gado e agricultura, principalmente de soja), madeireiros e mineração.
A reação mais forte foi do time do agribusiness, que destruía e ainda destrói sem dó nos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Apresentou ao PT a fatura do apoio à reeleição de 2006. Lula não pensou duas vezes: mostrou a porta da rua para ministra.
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Governos adoram levar ministros para passear nos locais das tragédias. Como se isso resolvesse o caos, e de forma definitiva. É improdutivo e gera mais custos que respostas aproveitáveis.
Foi assim no Rio Grade do Sul. Só faltou o tomador de conta da vaga, na garagem do Planalto, reservada ao carro usado por Lula.
Ontem, na lista da comitiva a Manaus, caberia, por analogia, até o assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim. A região divide com a Venezuela, do ditador Nicolás Maduro. Amorim, assim como Lula, é amigo e adora se encontrar com o tirano chavista-bolivariano.
Viajantes levados por Lula: ministros Rui Costa (Casa Civil), Marina Silva (MMA), José Múcio Monteiro (Defesa), Nisia Trindade (Saúde), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos.). Esse pessoal poderia ter ficado em Brasília e colocado os servidores das delegacias regionais na Amazônia para trabalhar. Ficaria, no mínimo, mais barato para o país.
Mas não é assim que funciona na cabeça de Lula, preocupado 24 horas com as ordens impostas pelo PT. O partido só tem planos para eleições.
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