Economia

Master incomoda no Planalto

O Banco Master é um vespeiro. E representa riscos que extrapolam ambiente dos negócios do mercado financeiro com ou sem garantias legais. O Master leva, portanto, esse sentimento também a setores produtivos tanto extrativistas (minério de ferro) quanto de base tecnológica de elevado grau.

A instituição deixa rastros de pólvora pela Esplanada dos Ministérios e estaciona na Praça dos Três Poderes. Além disso, exibe braços de partes relacionadas e controladas no radar do crime dentro da Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). Operação revelada na semana passada.

O Banco BRB, estatal (53,71%) do Governo do Distrito Federal, quer levar o Master. E faz pouco caso para os fatos negativos. Por exemplo, controlado pelo mineiro Daniel Vorcaro, o banco virou lixa grossa de metal sobre vidraças importantes. Indiretamente, poderá marcar ranhuras à imagem do Palácio do Planalto (veja adiante).

BTG deu o clima: queria só parte do Master

A transação BRB-Master rola há um ano. Todos os lances, todavia, sempre lembraram a advertência do samba “Laranja Madura” (Ataulfo Alves). Os riscos dos acidentes são tanto para investidores diretos quanto via Bolsa de Valores B3. Bancos especializados em negócios acenderam luz amarela.

O Banco BTG, instituição expert em assumir ativos (carteiras financeiras e participação como investidos em empresas) ofertou R$ 1,00 (depois negou). É um valor simbólico que, no mercado, traduz negócio de alto risco. Mas, engajado em meta política (ainda não esclarecida), o governador do DF, Ibaneis Rocha (P/MDB), mandou o BRB fazer oferta irrecusável: R$ 2 bilhões.

BC rejeitou, mas BRB persistirá

A novela BRB-Master ocupou por 150 dias do Banco Central em análises técnicas (custo/benefício e riscos generalizados no mercado de bancos). Ao final, a autoridade monetária desaprovou a transação: muito risco. O próprio banco do DF, em Fato Relevante à Bolsa de Valores B3, informou ontem (03/09), após às 22h.

Em mesma nota, entretanto, o banco do Governo do DF antecipa insistirá na operação. O BRB avalia que a transação (49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais – 58% do capital total – Fonte: B3, 29/08) “representa uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor”.

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Receita Federal lista Master em negócios do PCC

Fato, até mais relevante que o comunicado à B3, é que, mesmo indiretamente, o Master virou uma das peças de peso no tabuleiro da Operação Carbono Oculto. Com ela, a PF, Receita e o MPSP concluíram parte das investigações de meganegócio do mundo do crime. O bureau central seria o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Negócios do PCC envolveriam vasto leque de transações de fintechs, gestoras e fundos de investimentos, negócios no comércio, logística etc. Alguns nomes (pessoas e empresas) citados têm braços de polvo em outras frentes.

A Carbono Oculto desvendou gestoras e fundos também com elos no Master. Por exemplo, o Borneo FIP Multiestratégia é ligado à Reag Investimentos, Está, por sua vez, relacionada ao banco. Borneo é acionista no BRB (3,87% do capital total – Fonte: B3, 29/08). Veja adiante outra ligação política: fundo Cartago, do Master.

O Relatório de Gerenciamento de Riscos Pilar III, do Conglomerado Prudencial Master, do 3T24, relaciona a Reag e o Cartago e todas as empresas.

Veja detalhes na malha apurada na Carbono Oculto. Em matéria do Portal G1, infográfico, da TV Globo-DF mostra interesses do Master que chegam no BRB.

Empresa de amigo de Lula

O BC não esgotou, pois, metade do prazo para se manifestar contrário à compra pelo BRB. E ovimentação no Congresso, de projeto que interferirá na gestão da autoridade monetária, apressou opção pela brevidade na resposta.

O Master representa preocupação no Planalto. Mesmo que de forma indireta e sendo para eventuais águas passadas, poderá servir de munição na oposição, com risco de molhar a sala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Esse ponto é o Cartago Fundo De Investimento Financeiro em Ações.

Cartago é o maior acionista na Biomm S.A., holding operativa e fabricante de insulina de Nova Lima (MG). O fundo controla 25,86% das ações ordinárias da fábrica (Fonte: B3, 29/08/2025). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pertencente à União, também é acionista (5,12%). O BTG também (9,62%).

O fundo Cartago aparece Relatório de Gerenciamento de Risco Pilar III citado acima.

Em 29 de abril de 2024, Lula esteve em Nova Lima, para inaugurar um dos laboratórios da farmacêutica. A Biomm foi fundada pelo empresário Walfrido Silvino Mares Guia Neto. O petista rasgou elogios ao ex-político, empresário e amigo. O discurso teve transmissão foi ao vivo pela TV Brasil (volta 1:33:45)

Walfrido foi ministro dos Governos Lula 1 e 2. Chefiou os Ministérios do Turismo (janeiro 2003 a março de 2007) e Secretaria de Relações Institucionais (de março a novembro de 2007). Mas largou o governo quando foi citado no “mensalão mineiro“. Veja mais no link abaixo.

Na Itaminas

Controlador do Master é, desde o final de 2024, acionista na Itaminas Mineração – exploração de minério de ferro, em Sarzedo (MG).

Nairo Alméri

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