Economia

Notícia de fraude no INSS tira holofotes da crise ministerial

O poder de manobra do Governo Federal sobre a opinião pública é elástico. Nem sempre, porém, ele demonstra competência em tentativas de reversão de situações desfavoráveis. Além disso, as vezes, surge a sensação de que o Planalto usa esse poder para manobrar com as próprias notícias negativas. Ou seja, vazar um escândalo para minimizar uma crise. Esse poderia ser o caso da fraude no INSS (ver abaixo), revelada nesta quarta (23/04).

A principal arma do Governo é a Comunicação Social. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) usa e abusa das assessorias de imprensa e contratos com agências de publicidade

Toda administração direta (Ministérios, autarquias, fundações, institutos, agências reguladoras de mercados) repete o ritual do Planalto. Em cascata, isso se multiplica pelas estatais públicas (100% da União) e sociedades de economia mista (participação pública e privada) e subsidiárias (públicas e economia mista).

A União controla 44 estatais federais da administração direta (sendo 17 dependentes do Tesouro) e 78 subsidiárias de estatais de economia mista (compartilhadas com capital privado) – Fonte: “Diálogo Diap – Edição 2025 – O Estado, as estatais e os servidores públicos”, março 2025.

Pode manipular mídia em todo território

Assessorias turbinadas nas redes sociais (internet).

No pacote dominado pelo Governo, estão, portanto, centenas de áreas de Imprensa. Empregam milhares de jornalistas e profissionais de publicidade (concursados e nomeados). 

Essa estrutura digitalizada gera uma malha de “inteligência” e “banco de dados” que cobre todo território nacional. Se estende do Amapá, passando pelo Distrito Federal, São Paulo ao Rio Grande do Sul, e do Acre a Pernambuco. 

Todos os guichês públicos (físicos e on-line) alimentam, segundo após segundo, não apenas as redes do Instituto Nacional de Previdência Social (INSS/Ministério da Previdência Social), o patinho feio desta quarta (23). Estão em mesma conexão desde a Polícia Federal, seis bancos federais (BC, BB, Caixa, BNDES, BNB e BASA), Forças Armadas, Ministérios etc. Chega, claro, no gabinete da Presidência da República

Esse “big brother” é usado sem parcimônia pelo Chefe do Planalto. Se desejar e souber, então, ele tem como provocar manchetes verdadeiras e de peso a cada hora. As fontes são inesgotáveis. Servem também para entregas dosadas de escândalos, no naipe dos apurados pela Lava Jato

INSS desvia holofotes do bastidor político

De acordo com o inferno astral da ocasião, o Governo, por vezes, lança mão até de informações desfavoráveis. Faz isso, então, para desviar holofote de sarnas políticas mais ardidas.

O escândalo de hoje , com o INSS na berlinda, não causa tanto espanto. A eventual participação e/ou conivência da cúpula da autarquia em esquema fraudulento é, lamentável, da administração pública. Está no cotidiano das esferas Federal, Estadual e Municipal – está no histórico da política brasileira.

O paredão montado para o INSS aponta uma fraude de R$ 6,3 bilhões. Dinheiro desviado dos contracheques dos velhinhos aposentados e pensionistas para associações conveniadas. Trata-se de desconto não autorizado apontado em investigação do Departamento da Polícia Federal (PF) e da Controladoria Geral da União (CGU). Contudo, outras irregularidades surfam nos benefícios de aposentados e pensionistas. Caso antigo é dos empréstimos bancários consignados.

De momento, caiu a cúpula da autarquia federal da Previdência Social. O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT-RJ), entretanto, está mantido (e prestigiado por Lula). Em países sérios da União Europeia, o ministro seria o primeiro posto para fora. E o presidente da República não ficaria de boa.

Fazer sombra ao estilo do marqueteiro

A notícia da investigação (“Operação Sem Desconto“) da PF e da CGU, liberada pelo próprio Governo (Agência Brasil) parece, sim, sob medida. Saiu da gaveta da PF coincidindo com dias de mais tropeços políticos do Governo Lula. 

No momento, Lula respira constrangimentos dos desdobramentos da pós-demissão (escândalo) do ministro das Comunicações. O partido União Brasil, o “dono” da pasta, mandou o novo escolhido recuar. Sem pressa, o pessoal do União age para fragilizar o Planalto um pouco mais.

Até o final da tarde, as manchetes contra o INSS seguiam, então, no formato desejado por Lula e seu ex-marqueteiro baiano, Sidônio Palmeira. Sidônio fez a campanha (2018) do petista e foi chamado para a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Assumiu a missão de tentar reverter a desaprovação pública de Lula.

Todavia, é preciso considerar que o noticiário, no momento, se ocupa apenas com informações pontuais do próprio Governo, pega o período 2019-2024. Ou seja, todo o Governo Bolsonaro e apenas 50% da gestão de Lula 3.

O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, ligado ao PDT e demitido no começo da noite, recebeu formalmente, em outubro, as denúncias de desvios nos contracheques. Apontados pela Auditoria da autarquia, abrangiam o período de janeiro de 2023 a maio passado. Na PF e CGU resultaram na operação presente.

Governo Lula criou a fake dos R$ 480 bilhões contra RVT

A opinião pública, porém, está escolada contra governos: sabe que eles nunca mostram notícia podre por inteiro ou a mais verdadeira.

Em outro episódio contra aposentados e pensionistas, o Planalto criou sua fake news dos R$ 480 bilhões. Com a mentira, então, em março de 2024, derrotou, no STF, a revisão da vida toda (RVT) nos benefícios dos velhinhos.

Nairo Alméri

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