Os procedimentos hospitalares emergenciais, concluídos na madrugada desta terça (10/12), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), 79 anos, colocam contra parede os médicos dos presidentes. Lula sentiu-se mal, o retorno das dores na cabeça, e foi levado às pressas para hospital Sírio-Libanês, de Brasília. Após a constatação de hemorragia intracraniana (cerebral), a junta médica optou pelo voo emergencial para São Paulo.
A cirurgia e as primeiras avaliações surgiram pela madrugada, na unidade paulistana do Sírio-Libanês, em São Paulo, um dos melhores hospitais do país.
Apesar da gravidade, os médicos, em entrevista coletiva, pela manhã, em São Paulo, afirmaram que darão alta para Lula retornar às atividades na próxima semana. Senadores e deputados torcem por isso, de olho nas liberações das emendas parlamentares – R$ 8 bilhões. Aliás, os parlamentares pressionaram o chefe do Executivo até o final do expediente de ontem (09/12).
Há 45 dias, em (19/10) o chefe do Planalto sofreu acidente doméstico (informação oficial), no Palácio do Alvorada. Teria sido uma queda no banheiro. Levado até o Sírio-Libanês, saiu com cinco pontos na nuca, local da pancada. Teve alta e recebeu recomendação para não realizar viagens longas.
Eram os dias finais da campanha pelo segundo turno das eleições municipais. Lula não pode, portanto, desfilar com o candidato apoiado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura de São Paulo, o deputado Guilherme Bolos (PSOL-SP). Este, entretanto, não aparecia com chances nas pesquisas, o que se confirmou nas urnas.
Neurocirurgião comenta retorno sangramento de Lula e os riscos de sequelas
No retorno às atividades, todavia, o petista danou a viajar pelo país, retomou discursos raivosos de costume, comandou negociatas na base política (verbas públicas) de senadores e deputados. Enfrentou focos de fogo amigo, de dentro do partido e seguiu com ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. E fez reavaliação médica.
Lula fechou novembro sob as brisas da cúpula G20 (Rio). Além dos ataques odiosos às economias ricas do mundo, passou reprimenda, em público, na mulher (Janja). Abriu dezembro com ida à cúpula de seus pares do Mercosul, em Montevidéu (Uruguai) e fez nova reza com evangélicos.
Não deu outra: o cérebro do petista, literalmente, ferveu!
Janja, a mosca na sopa (2026) do Lula
Mas Lula não é o primeiro presidente da República a passar por contratempos em diagnósticos médicos – presidenciais e pessoais.
O mineiro Tancredo Neves (PMDB-MG), aos 75 anos, sentiu-se mal na véspera da posse (18 horas antes). Era 14 de março de 1985. Internado às pressas, foi submetido à cirurgia de emergência (de madrugada), no Hospital de Base. Os primeiros diagnósticos, todavia, não conferiam com aquele que culminou na cirurgia comunicada: divertículo do abdômen. Não foi empossado.
Os médicos tentaram passar tranquilidade ao país. Entretanto, atolaram em rosário de boletins diários. Alguns até sinalizavam “melhoras”. Por fim, diante das dúvidas do país sobre a competência dos médicos, veio a transferência do presidente eleito para o Hospital do Coração, em São Paulo. O dia do anúncio da morte provocou questionamentos posteriores: 21 de abril, dia das comemorações da Inconfidência Mineira.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) tem seu capítulo. Sofreu atentado, facada no abdômen, em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG). Ele e correligionários realizavam carreata, parte da campanha presidencial, ainda no 1º turno. O autor do crime, Adélio Bispo, foi relacionado ao PSOL, partido de alianças do PT.
Bolsonaro passou por cirurgias em Juiz de Fora, mesmo. Mas foi transferido, de imediato, para Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Outra grife top de saúde do país. O candidato venceu o pleito (derrotou o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, PT-SP) e foi empossado. No cargo, passou por vários procedimentos, reavaliações e upgrades no equipamento intestinal que carrega até hoje.
Resumo da ópera: se com os presidentes da República, mesmo passando por salas top de linha da saúde no país, dá nisso, pense, então, nos diagnósticos que o pobre do cidadão anônimo leva para casa ao sair dos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).
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