Economia

Pacote do Pacheco é inconsistente; calote

A alternativa do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para aliviar a dívida pública de Minas Gerais com a União precisa ser auditada de forma séria. Além disso, é inconsistente e carregada de fundo eleitoreiro. É uma tentativa caipira de imitação da engenharia bilionário Jorge Paulo Lemann, no caso da negociação da dívida financeira bruta, de R$ 37 bilhões, do Grupo Americanas.

O resultado dos cruzamentos de derivativos, opções e outros direitos no mercado financeiro, reduziam a dívida da Americanas para R$ 1,87 bilhão. Mas Lemann e os dois parceiros do controle assumiam uma capitalização de R$ 12 bilhões. Tudo negociado dentro da recuperação judicial.

Pacheco de olho no palanque de 2026

O senador tomou do inoperante do governador de MG, Romeu Zema (Novo), o papel de articulador. E quando chega à mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer, entretanto, é antecipar os holofotes de 2026. Está na segunda metade do mandato e sonha em governar o Estado.

Pacheco, portanto, virou, de forma consciente, patrono de proposta que é uma maracutaia contra o Tesouro Nacional. Ela desce quadrada para as relações de uma economia um pouco mais séria. Isso, todavia, pouco importa, pois o que o senador quer é o aval de Lula num calote disfarçado.

Os ativos oferecidos não valem no mercado o desconto de 75% proposto. Ou seja, o Estado político de Pacheco deixaria de dever R$ 160 bilhões, passando para R$ 40 bilhões.

A operacionalização dos ativos da cesta montada por Pacheco não asseguraria à União a realização de R$ 120 bilhões no prazo existente para a liquidação da dívida. E mais: a proposta não apresenta mecanismo contra nova recaída de MG, um retorno à ciranda do endividamento. O Estado não se compromete, por exemplo, com a redução de custos da máquina estadual.

Assim como o Estado executa seus devedores, nada mais justo que a União fazer o mesmo, ou confiscar bens de MG e vender, mesmo que na bacia das almas.

Avaliação não é o mesmo que valor de mercado

Em 28 de março, o valor de mercado (*) da Cemig na Bolsa de Valores B3 era de R$ 29,847 bilhões. Da Copasa, R$ 8,171 bilhões.

A avaliação da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), em R$ 59 bilhões (basicamente direitos de lavras) apareceu em pinga pinga de palpites, relatado no jornal O Tempo. Primeiro, o Governo de MG anunciou uma avaliação de R$ 20 bilhões. No ato seguinte, um ex-presidente da estatal disse R$ 40 bilhões não refletiriam o valor. Por fim, o Conselho Regional de Economia (Corecon) entrou na aposta e cravou R$ 60 bilhões. Pacheco levou para Lula em R$ 59 bilhões. Investidor não é tolo.

Pacheco encurrala Lula no beco franciscano

Pacheco está último ano da segunda gestão de presidente do Senado e do Congresso. Ou seja, tem pressa nessa canetada indecorosa. E joga com a “bobice” de Zema e a fragilidade de Lula no Congresso aprovar propostas. O petista só avança no modo franciscano: “é dando que se recebe”. Na segunda (22/04), o chefe do Executivo liberou mais R$ 2,7 bilhões em emendas parlamentares.

Veja no post de Orion Teixeira as linhas básicas do pacote do Pacheco.

(*) Como regra geral, o valor de mercado das empresas listadas é obtido a partir do valor da última cotação disponível da ação, multiplicado pela quantidade de ações existentes, observando eventual disposição estatutária que estabeleça vantagens econômicas diferenciadas entre as espécies e as classes de ações que compõem o capital social da empresa. (Fonte: B3)

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Nairo Alméri

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