Economia

Preço do diesel pressiona diretamente no caos social

O Congresso têm diversos elementos, inclusive estatísticos, para fundamentar freios contra usura da Petrobras (que paga dividendos ao Governo) nos preços dos combustíveis, principalmente no diesel. Na matriz energética do país, como demonstram gráficos da aplicados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), diesel tem caráter de segurança nacional. Mas, o Governo permite seu uso pelo setor de revenda como ferramenta de especulação e encarecimento da vida socioeconômica nacional. E não vale jogar a conta só para o ICMS dos Estados.

Mas, se estiver afim, com determinação, de assumir uma postura pelo social, o Congresso tem a opção de algo como aquilo que é feito contra (contra, mesmo) o salário mínimo. Em 2011, a Lei 12.382/2011, definiu que para o SM seria considerada uma conjugação de variáveis. Portanto, entrariam a proposta da reposição da “inflação do ano anterior, medida pelo INPC, mais o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes”.

A política, se é que pode se vista assim, para o SM está muito distante uma brastemp. Mas, num primeiro passo, ofereceria, no campo dos combustíveis, um fôlego para economia, olhando do meio para baixo na pirâmide social. E, até certo ponto, uma indexação justa, pois, a porteira aberta para reajustes da Petrobras traz consequências nefastas. E, de quebra, a descarada farra dos bois nas bombas dos combustíveis.

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Blend inflação e PIB foi atropelado

A Lei 12.382/2011 teve fôlego até o SM de 2015. Do Governo Temer para cá, emperrou. Na prática, vale agora a regra da cabeça dos mandantes do Planalto. O valor atual, de R$ 1.212,00 mensais (R$ 110 a mais que em 2021), foi reajustado em 10,18%. Ou seja, andou de lado na relação com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo/IBGE). Essa inflação, que é a oficial do Governo, foi de 10,06%, em 2021.

O PIB, ainda não foi fechado, de 2021. É estimado em 4,50% pelo IBC-Br – Índice de Atividade do Banco Central. Deve-se considerar, entretanto, que a base de comparação, 2020, foi de recessão profunda por conta da pandemia Covid-19: queda de 4,1% (IBGE).

“Informações Gerais – O Setor Ferroviário de Carga Brasileiro” (2020) – Crédito: Reprodução

Dono do posto reajusta o diesel depois do almoço

Mas, na contramão desse cenário de política miserável, os preços dos combustíveis, o peso-pesado da inflação, nadaram de braçada. Em 2021, acumularam nas refinarias da Petrobras (onde as distribuidoras do varejo carregam caminhões e vagões dos trens) altas astronômicas. Na conta do diesel, 68,63%, e, na gasolina, 64,70%.

O álcool carburante (etanol), no varejo, é vendido sem lei nem regra. Alguém disse, um dia, que seria competitivo custando até 70% do valor da gasolina. E isso, portanto, de forma malandra, virou portaria na bomba. E fica, portanto, a sensação de que o dono do posto pratica usa o etanol para, entre aspas, legalizar a exploração no litro da gasolina, ou seja, cobrar aquilo que desejar depois do almoço.

Combustível aprofunda o caos para mais pobres

“Informações Gerais – O Setor Ferroviário de Carga Brasileiro” (2020) – Crédito: Reprodução

O diesel é, sim, o carro-chefe encarecedor nas pautas de todos os produtos transportados no país. Pois, o modal rodoviário concentra 67% das cargas das commodities agrícolas. E é bem mais que isso na distribuição de manufaturados pelas indústrias de alimentos, medicamentos e bens de toda natureza. A camada mais pobre do país, a do subsolo na base da pirâmide da sociedade, não leva combustível para mesa. Mas, nos pratos vazios, estão as consequências do retrato das políticas (e/ou falta) que do Governo no setor.

Alguém, em defesa da estatal, Petrobras dirá que ela é de capital misto, ou seja, está na Bolsa de Valores. E, portanto, precisa remunerar acionistas, incluindo o Governo federal. Mas, isso não pode funcionar como aval de promoção do caos economicosocial do país.

Daqui a pouco, com ou sem o Governo, a Petrobras sairá pesado da matriz dos hidrocarburetos. Para sobreviver no novo mercado energético, vai acelerar a migração para fontes alternativas de energias sustentáveis. E deixará, então um cemitério a céu aberto.

Informações Gerais – O Setor Ferroviário de Carga Brasileiro” – 2020 (ANTF) – Crédito: Reprodução

Mundo louco das estatísticas no transporte de carga

Encontrar dados seguros (ou fontes) em logística de cargas no país é um desafio. Governo não funciona como referência confiável. Impera um festival de citações de mesmas fontes, mas com índices desencontrados para mesma informação.

A Confederação Nacional de Transportes (CNT) não trata isso como relevante. Não está na abertura da página web da confederação. Nesse ambiente da desinformação, portanto, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros se estabelece e apresenta sua estatística (2019) para os modais: rodovias (61%), ferrovias (21%); cabotagem (12%); dutos (4%), hidrovias (2%) e aéreo (menos de 1%). Ou seja, pouco importa se a soma ultrapassar 100%.

A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), por sua vez, resume assim (2020): ferrovias (21,5%), rodovias (67,6%) e, aquaviário e outros (10,6%). A empresa Baroli Seguros (14/02), publica estatística, nominado a CNT como fonte: rodovias (61%), ferrovias (24%) e aquaviário (15%). Portanto, a Baroli engoliu cobotagem, aéreo e dutoviário.

Petrobras absoluta nos dutoviários

Em estudo da Fundação Dom Cabral (FDC), em parceria com a Abdib (Associação Brasileira de Infraestrutura de Base), lançado em março de 2020: rodovias (61,4% – desconsiderando minérios e petróleo), ferrovias (23,7%), aquaviário (13,2%) e dutoviário (1,7%). Para FDC, sobrou o aéreo.

Mas, dentro dessa babel completa, deve-se considerar aspecto particular na cobotagem. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Petrobras ocupa 84% do modal com seus produtos.

Nairo Alméri

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